sábado, 14 de junho de 2014

Lucineide Pinheiro lança Manifesto contra aliança PT/DEM/PMDB


Professora Lucineide revelou que não vai apoiar aliança montada para eleger Helder Barbalho.
    
Professora Lucineide

Inconformada com o fechamento das conversações entre os principais partidos de oposição ao governador Simão Jatene (PSDB), a professora Lucineide Pinheiro, que concorreu nas últimas eleições à Prefeitura de Santarém, declarou em carta aberta endereçada à nossa redação, que a política não é como teatro. Lucineide mostrou insatisfação com relação à aliança política montada pelo PMDB, o DEM e o PT.

Tradicionais adversários políticos, o DEM e o PT travaram inúmeras ‘batalhas’ nos últimos pleitos tanto a nível local, quanto regional e nacional. Após a confirmação da aliança política, vários filiados do PT tradicional mostraram insatisfação com a decisão da cúpula do partido, no Pará.

Em Santarém, a professora Lucineide Pinheiro, entre outros membros do PT, revelou que não vão apoiar a aliança montada para eleger Helder Barbalho (PMDB) e Joaquim de Lira Maia (DEM), nas eleições do dia 05 de outubro deste ano, a Governador do Pará. Veja a carta aberta da professora Lucineide Pinheiro na íntegra:

“A política não é como o teatro. Nela, somos exatamente o que representamos. Somos frutos de nossas ações, ou omissões, se considerarmos o que diz o velho Sartre: ‘não optar já é uma opção’. É caminhando que se constrói caminhos, por isso os passos dados devem ter coerência com o objetivo que queremos alcançar.
A resolução do 4º congresso do PT traz uma clara orientação aos petistas: O que estará em jogo são dois projetos distintos e opostos para o Brasil. De um lado, os neoliberais representados pela aliança PSDB/DEM/PPS, derrotados em 2002 e em 2006 [e em 2010]. Eles representam a política que quebrou o Brasil três vezes, que privatizou, desempregou e desencantou o povo brasileiro.

O DEM é um partido de direita, portanto adversário histórico, não pelas pessoas que nele militam, mas por uma questão ideológica de incompatibilidade de visão de mundo e de sociedade.

O PT de Santarém tem uma história  de resistência, nascida e fortalecida nos movimentos sociais, na luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que enfrentaram a repressão, o preconceito e consolidaram uma história de enfrentamento ao projeto da direita que o DEM tão bem representa.

Um povo que construiu sua história na luta não pode perder sua capacidade de indignação. E por isso considero justa e me solidarizo com a indignação dos petistas históricos que, coerentes com a resolução do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores, não aceitam aliar-se à direita por entender que isso em nada nos acrescenta. ‘A luta pela construção de hegemonia política para sustentação de nosso projeto é um dos desafios históricos do PT como um partido que tem como horizonte o socialismo democrático’ (Resolução sobre Tática e Política de Alianças aprovada no 4º Congresso do PT, item 1).

A Democracia Socialista, tendência da qual faço parte no PT, defendeu  candidatura própria no Pará por entender que o PT tem condições técnica, ética  e política para o Governo do Estado e, com o apoio da Presidenta Dilma, pode retomar o projeto democrático popular interrompido com a vitória dos tucanos em 2010. Fomos voto vencido e, em nome da democracia e do respeito às decisões das instâncias partidárias, acatamos a posição das Tendências do PT que compõem o campo majoritário AS, UL, CNP, que optaram pelo Apoio ao PMDB para governo do Estado.
Diante disso, o PMDB está livre para fazer aliança com quem quiser sem precisar da permissão do PT que ao aceitar a coligação, em troca apenas do apoio ao Paulo Rocha para o senado, passa ao PMDB um talonário de cheques assinados e em branco. A junção com o DEM é apenas o primeiro dos cheques preenchidos.

Muitos militantes históricos, que sempre estiveram na base de sustentação e de fortalecimento das lutas petistas não concordam com a pragmática aliança e devem ser respeitados em seu pensamento. A possibilidade de apoio ao DEM vem causando constrangimento e desconforto, com raras exceções, aos petistas de Santarém que se recusam  a beber esta taça de veneno.

O DEM é inimigo histórico e não levantará uma palha para fortalecer o seu arqui-inimigo vermelho. Aqueles que construíram com sangue e suor a história de resistência do PT no Pará e, de modo especial em Santarém, continuam sem compreender o idioma falado neste momento político, por algumas lideranças. E, sem horizonte, ameaçam descansar suas armas no solo empoeirado do pragmatismo político. Creio que é hora de fortalecermos nossa luta, não nos deixando abater pelo anúncio de tempestade.

Este partido é dos trabalhadores e trabalhadoras e defende um projeto democrático-popular, não o projeto das oligarquias e ruralistas. Em respeito à minha história e a de tantos companheiros que têm a minha admiração, vou continuar no PT fortalecendo a luta daqueles que ousam sonhar com uma sociedade mais justa e equânime. Vamos à luta! Já vencemos batalhas mais duras!’.

Fonte: RG 15/O Impacto

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