Cientistas observaram diretamente pela primeira vez uma energia escura misteriosa que intriga os astrônomos desde o século XIX por fazer companhia a um sistema estelar binário. Epsilon Aurigae, localizada na constelação de Auriga, a cerca de 2 mil anos-luz da Terra, é uma estrela binária eclipsante que, durante muito tempo, foi considerada um enigma para a comunidade científica. As informações são do site científico Science Daily.
Os pesquisadores utilizaram o Infra-Red Michigan Combiner (Mirc), um instrumento desenvolvido na Universidade de Michigan (UM), para captar fotos em close-up da Epsilon Aurigae durante o eclipse tradicional que ocorre em seu entorno. A cada 27 anos, o brilho do sistema - formado por uma estrela supergigante e o objeto quase invisível - cai de magnitude (período correspondente entre 640 e 730 dias terrestres), causando uma espécie de desaparecimento quando visto da Terra.
A resolução do zoom do equipamento alcançou profundidade suficiente para mostrar a forma da sombra do objeto escuro. Anteriormente, a visão infravermelha do telescópio espacial Spitzer havia registrado que um grande disco de poeira interior da Epsilon Aurigae a encobria devido ao objeto que a acompanha.
O novo estudo, divulgado esta semana na revista científica Nature, mostra que realmente existe na Epsilon Aurigae uma nuvem geometricamente fina, escura, densa e parcialmente translúcida, que pode ser vista passando na frente da estrela.
"É ver para crer", disse John Monnier, professor do Departamentio de Astronomia da UM. Segundo ele, "isto realmente mostra que o paradigma básico estava certo, apesar das pequenas probabilidades". "Não há outro sistema como este conhecido. Acima de tudo, parece estar em uma fase rara da vida estelar. E isso acontece tão perto de nós", afirmou.
De acordo com Monnier, o grande disco de poeira parece muito mais plano do que modelos recentes sugeridos pelo Spitzer. "É realmente plano como uma panqueca", acrescentou.
O MIRC utiliza um processo chamado "interferometria" para combinar os quatro telescópios de luz que enviam dados para a matriz, que fica na Georgia State University, e ampliá-los para que pareçam estar vindo de um dispositivo 100 vezes maior que o telescópio espacial Hubble. A tecnologia permitiu aos astrônomos ver o formato e as características da superfície das estrelas pela primeira vez. Anteriormente, as estrelas eram meros pontos de luz, mesmo com os grandes telescópios.
(Terra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário