quarta-feira, 21 de abril de 2010

Usina de Belo Monte começa a se tornar realidade depois de 30 anos

Depois de mais de 30 anos de discussões, a hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, finalmente começa a sair do papel de verdade, com o leilão realizado nesta terça-feira, dia 20, pelo governo. Depois de uma intensa batalha judicial, o leilão foi realizado, consagrando o Consórcio Norte Energia o vencedor da disputa e dando um passo importante e decisivo para a construção do empreendimento energético.

O dia foi recheado de decisões judiciais a favor ou contra a realização do leilão da usina. Pouco depois do meio-dia, a Advocacia-Geral da União confirmou a queda da liminar que impedia ao leilão da hidrelétrica. Com isso, o leilão começou às 13h20 e durou menos de dez minutos.

Uma nova liminar - a terceira em seis dias -, no entanto, foi concedida pela Justiça Federal no Pará, suspendendo o leilão. Segundo a assessoria do Ministério Público Federal no Pará, ainda que o leilão já tivesse sido realizado, estavam suspensos os efeitos da licitação. Para evitar uma afronta à Justiça, o governo decidiu não divulgar o nome do consórcio vencedor.

O resultado só foi divulgado oficialmente depois que o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Jirair Aram Meguerian, cassou a terceira liminar que impedia a realização do leilão da usina de Belo Monte, no Pará. O MPF promete recorrer das decisões do tribunal e pedir o cancelamento do leilão.

O Consórcio - A Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) é a maior empresa no consórcio, com 49,98% de participação. Fundada em 1945, durante o governo de Getúlio Vargas, é uma das maiores fornecedoras de energia do país, capaz de gerar 41.239 GWh (gigawatt-hora) nas dez hidrelétricas que opera. Seu lucro líquido em 2008 foi de R$ 4,826 trilhões.

Com 5.535 funcionários, a companhia tem atuação no Brasil e no exterior, concentrando sua maior parcela de serviços no Nordeste (40,48%) e Sudeste/Centro-Oeste (39,1%). A empresa tem mais de 18 mil km de linhas de transmissão e é uma das principais subsidiárias da Eletrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia.

Em segundo lugar na participação de Belo Monte, com 10,02% do bolo, aparecem a construtora Queiroz Galvão e a Gaia Energia e Participações, braço do grupo Bertin no setor de geração energética.

Fundada em 1953 em Pernambuco, a Queiroz Galvão começou como uma construtora e hoje atua também nos setores de concessões públicas, óleo e gás, siderurgia, alimentos e limpeza urbana.

A Gaia, por sua vez, foi criada em 2008 para reunir e desenvolver projetos do Grupo Bertin, que começou no segmento de agroindústria com um frigorífico nos anos 1970, no interior de São Paulo. Desde 2003, a empresa atua nos setores de infraestrutura e energia. A companhia tem 35 mil colaboradores em 40 unidades no Brasil e no exterior, além de negócios em mais de 100 países.

Faz parte do consórcio ainda a construtora paranaense J Malucelli, com participação de 9,98%. O grupo conta com mais de 40 empresas, que atuam em setores desde infraestrutura até finanças, comunicação, hotelaria e esportes (o grupo é o maior parceiro do Corinthians Paranaense, ex-JMalucelli).

A Cetenco Engenharia aparece em seguida, com 5% de participação. A empresa, fundada nos anos 1930 em São Paulo, foi uma das construtoras que participou das obras da rodovia dos Imigrantes e dos Bandeirantes (SP) e dos metrôs de SP, Rio de Janeiro e Caracas (Venezuela).

Com participação menor aparecem as empresas Galvão Engenharia, Mendes Junior Trading Engenharia, Serveng-Civilsan e Contern Construções e Comércio, com fatia de 3,75% do consórcio cada uma.

Mudanças - O representante do consórcio Norte Energia, José Ailton Lima, diretor de engenharia da Chesf, em entrevista coletiva ocorrida após a terceira liminar contra o leilão ter sido derrubada, adiantou que a Eletronorte, estatal que foi responsável pelos estudos de Belo Monte nas últimas décadas, será mesmo a sócia estratégica do empreendimento. Ele não quis adiantar quais serão os novos parceiros.

"Pode haver outros sócios estratégicos. Não há limite para esses sócios. Isso será discutido oportunamente"- disse Lima. Ele adiantou que estão negociando com os fundos de pensão e com outras empresas.

Ele não quis adiantar quando deverão começar as obras e salientou que ainda precisará passar por várias etapas. "Será um longo caminho para o começo das obras. É preciso a licença de instalação (LI) nas mãos. Vamos fazer um grande esforço, mas pretendemos mobilizar ainda este ano tudo isso", disse.


Fonte: Redacão Ecoamazônia

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