sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Produtores contestam zoneamento da cana

Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br
DATA:18/09/2009


Zoneamento anunciado ontem pelo ministério do Meio Ambiente impede a produção de cana-de-açúcar no Pantanal e na Amazônia. Para a Federação dos Produtores do Mato Grosso, proposta não tem respaldo técnico

Bruno Calixto

Os produtores do Mato Grosso contestaram a proposta de zoneamento da cana-de-açúcar apresentada pelo governo federal ontem (17). Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a proibição da expansão do plantio nos biomas Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai praticamente inviabilizam o setor no Estado.

"O Mato Grosso tem 115 municípios que se encontram nos biomas Amazônia e na bacia do Alto Paraguai. O zoneamento significa uma morte súbita para o setor nesses municípios", explica o vice-presidente da Famato Normando Corral.

Segundo Corral, a decisão é política, e não ambiental. "Tecnicamente, não tem por que proibir. Nós já temos usinas funcionando nesse ambiente de produção há décadas, sem nenhum prejuízo ao meio ambiente", diz.

A proposta do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar foi lançada ontem pelo governo federal. Pela nova proposta, fica proibida a construção de novas usinas e expansão do plantio em qualquer área da Amazônia, Pantanal, Bacia do Alto Paraguai ou em vegetação nativa em áreas de florestas.

O zoneamento também impede o plantio em áreas que necessitem de irrigação ou queimada, ou em áreas que seja inviável a mecanização da produção.

Com os novos critérios, a expansão da cana-de-açúcar poderá ocorrer em 7,5% do território nacional. Atualmente, o cultivo da cana-de-açúcar ocupa menos de 1% do país (cerca de 8,8 milhões de hectares).

O objetivo do governo é "esverdear" a produção de etanol para evitar entraves na exportação do produto para a Europa. Obter um combustível mais sustentável é considerado como mais um trunfo brasileiro nas negociações do novo acordo do clima, que será realizado em dezembro em Copenhague. "Lá fora tem essa discussão sobre alimentos e devastação. Agora vamos poder dizer que nosso etanol é 100% verde", disse o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc ao jornal Valor Econômico.

A proposta será apresentada como projeto de lei e dependerá do voto de deputados e senadores para ser aprovada. Segundo Corral, os produtores do Mato Grosso vão tentar reverter a lei no Congresso. "Nós vamos movimentar toda a instância política do Mato Grosso, principalmente nossa bancada federal de deputados e senadores, e tentar sensibilizar os outros", diz.

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