De sábado até ontem, quatro bebês já morrerem de causas até agora desconhecidas Santa Casa está sendo investigada Quatro bebês morreram de sábado até a madrugada de ontem, na Santa Casa de Misericórdia, em Belém. As causas não foram reveladas. A filha de uma adolescente de 17 anos foi uma delas, mas, ao invés de morte por causa desconhecida, ela diz que a médica (cujo nome não soube informar) falou de infecção. Ela garante que, quando foi ao necrotério buscar o corpo do bebê, outros 18 estavam lá. O mesmo cenário foi visto por outras pessoas que, assustadas e com medo de se identificar, confirmaram. Geovana disse que foi contatada pela Santa Casa às 6h de ontem. Por telefone, foi informada apenas que deveria comparecer à instituição onde a filha, Emily Vitória, nascida prematuramente, estava internada na UTI desde o dia 21 de março. Quando chegou, outras mães estavam aguardando para buscar os filhos. “Ela nasceu de sete meses e não tinha força para mamar. Mas já ganhava peso e estava com 1,8 quilo. Eu a vi no sábado e ela estava bem. De repente me dizem que ela morreu. Deve ter ocorrido erro médico nisso. Outras mães também vieram pegar bebês mortos. Tinha uns 18 ou mais lá”, relatou. A garota aparentava ter chorado, mas estava tranquila até mesmo ao mostrar uma foto da filha no celular. As outras mães não foram encontradas. Emily será enterrada hoje. A mesma falta de informação ocorreu com o vendedor de lanches Eraldo de Oliveira, de 38 anos. Na semana passada, a prima recém-nascida dele, Elisângela de Souza Amaral, foi internada na UTI neonatal por ter nascido prematuramente. A menina morreu na quinta-feira. A causa da morte não foi revelada. “Um médico disse que foi uma infecção, mas não explicou direito. Mas isso de infecção não é novo. Minha tia está tomando as providências. Esse lugar é terrível. Cadê o governador e as autoridades para resolver isso?”, questionou muito triste e revoltado. A presidente da Santa Casa, Maria do Carmo Lobato, desmentiu a história e disse ficar “muito triste com as coisas que a mente humana era capaz”. Ela confirmou a morte de quatro bebês. Dois no sábado, um no domingo e um na madrugada de ontem. A quantidade de óbitos foi considerada “dentro da normalidade” para os pacientes da UTI neonatal, que são bebês muito frágeis e com a saúde em risco. Também foi descartada qualquer infecção na UTI. A ala foi inclusive aberta para visitação e estava funcionando. O acesso ao necrotério para esclarecer se havia ou não 18 bebês foi negado. “Eu respondo legalmente e administrativamente pela Santa Casa e afirmo que não há bebês mortos com qualquer infecção e nem há 18 corpos no necrotério. O que pode ter sido vistos foram corpos não reclamados pelas famílias. Temos uma comissão de controle de infecções no hospital, assim como há em qualquer outro. E se houver qualquer suspeita, tomamos as providências imediatamente. Nada de anormal ocorreu estes dias”, afirmou Maria do Carmo. Caixões vazios podem ter confundido e assustado, diz direção A assessoria de imprensa da Santa Casa de Misericórdia informou, na tarde de ontem, que havia apenas quatro bebês nas freezers do necrotério. Contudo, havia 18 caixões infantis vazios que são adquiridos pelo hospital e estavam em local visível. Os objetos poderiam ter assustado outras mães, que em estado de choque pela perda de um filho, pensaram ser outros bebês mortos. O fato de um funcionário ter dito se tratar de uma infecção também não foi confirmado. Maria do Carmo ressaltou que um dos problemas da Santa Casa é o excesso de atendimentos não agendados vindos de municípios do interior. Muitas unidades e hospitais de outras cidades transferem bebês ou gestantes em trabalho de parto sem consultar no sistema de regulação se há leitos para receber estes pacientes. Muitas vezes em estado grave e transportados de forma inadequada. Alguns bebês são enviados em estado muito grave e geralmente morrem na Santa Casa. “Temos tido também picos de demandas no final de semana, de sexta-feira a domingo, o que para uma maternidade não é normal. Esta demanda cresceu mais de 50% desde janeiro. Isso ocorre por causa de escalas de serviço mal montadas e mandam para Belém dar jeito. As mães chegam aqui com pré-natal mal conduzido ou nem mesmo realizado. Muitas adolescentes. Acho que também é preciso fazer um trabalho com estas mães”, concluiu a presidente da Santa Casa. Fonte: No Amazônia
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