quinta-feira, 27 de junho de 2013

Governo quer royalties do petróleo só para educação

O governo indicou ontem que vai trabalhar para que o dinheiro dos royalties do petróleo seja destinado integralmente à educação, e não dividido com a saúde como determina projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados na madrugada de ontem.

O projeto original enviado pela presidente Dilma Rousseff ao Congresso em maio previa que todo o dinheiro arrecadado em novos campos de petróleo e repassado ao governo federal, aos Estados e aos municípios passaria a ser aplicado em educação.

Uma emenda aprovada na Câmara estabeleceu que a educação ficará com 75% dos recursos e a saúde com 25%. O projeto agora será analisado pelo Senado, onde o governo pode tentar alterá-lo.

"Vamos aguardar [para ver] como o Senado vai se posicionar", disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. "O governo é favorável a 100% dos royalties [para a educação], mas respeitaremos a decisão do Congresso."

A proposta que muda o destino dos royalties, que hoje podem ser gastos como cada esfera de governo achar melhor, foi aprovada em meio ao esforço feito pelo Congresso para votar iniciativas de apelo popular, capazes de aplacar a insatisfação expressada pelos protestos nas ruas.

No ano passado, o governo federal distribuiu cerca de R$ 31 bilhões em royalties e participações especiais, outro tributo cobrado da exploração de campos de petróleo.

As novas regras, no entanto, seriam aplicadas apenas a campos que ainda não começaram a produzir petróleo, e que, portanto, ainda não arrecadam tributos. Por isso, a estimativa é que, se aprovada, a proposta renda em 2013 apenas R$ 290 milhões a mais para educação e saúde. O grosso do dinheiro começaria a entrar a partir de 2018.

A assessoria do deputado André Figueiredo (PDT-CE), relator da proposta, estima que a iniciativa poderá destinar para educação e saúde R$ 295 bilhões nos próximos dez anos, mas especialistas consultados pela Folha acham que a projeção é irreal.

"A estimativa é superestimada", afirma o consultor Adriano Pires. Para ele, as projeções feitas pela assessoria do deputado incluem previsões otimistas demais sobre o desempenho do campo de Libra, uma das áreas mais promissoras do pré-sal, e que ainda não está produzindo.

Juntos, governo federal, Estados e municípios deverão gastar neste ano cerca de R$ 250 bilhões com educação e R$ 200 bilhões com saúde, de acordo com o economista José Roberto Afonso, consultor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio.

Isso significa que, no médio prazo, os benefícios da proposta em debate no Congresso serão "irrisórios", segundo o economista. "O projeto é bem intencionado, mas certamente não será a panaceia do setor e, na verdade, provocará mudanças irrisórias no médio prazo", diz.




DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

Fonte: folha.oul.com


Senado aprova projeto que torna corrupção crime hediondo

Em resposta às manifestações que se espalham pelo país, o Senado aprovou nesta quarta-feira (26) projeto que transforma a corrupção em crime hediondo.



Com a mudança, os condenados por corrupção perdem direito a anistia, indulto e pagamento de fiança para deixarem a prisão --e também terão mais dificuldades para conquistarem liberdade condicional e progressão da pena.


Manifestantes acompanham votação sobre corrupção como crime hediondo no Senado


Durante jogo do Brasil, Senado vota projeto que transforma corrupção em crime hediondo


O projeto tramita no Senado desde 2011, mas entrou na pauta do Senado depois dos protestos que mobilizam milhares de brasileiros em diversas cidades. A proposta segue para análise da Câmara.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), admitiu que sua votação ocorreu como "consequência" das "vozes das ruas".


"Temos que aproveitar esse momento para andar com algumas matérias que não tivemos condições de andar em circunstâncias normais", disse.


Sérgio Lima/Folhapress   


Sessão do Senado que votou pela transformação da corrupção em crime hediondo nesta quarta-feira (26)


O projeto torna hediondos os crimes de corrupção ativa, passiva, concussão (extorsão praticada por servidor público mesmo que fora de sua função), peculato (corrupção cometida por servidores públicos) e excesso de exação (cobrança de tributos indevidamente para fins de corrupção).


Os homicídios comuns também passam a ser crimes hediondos, segundo o projeto. Os qualificados já são enquadrados pela legislação em vigor como hediondos. A inclusão do crime ocorreu a pedido do senador José Sarney (PMDB-AP), que apresentou emenda ao texto original.

 
Parte dos senadores foi contra a emenda porque ela não tem relação com a corrupção, mas Sarney pressionou os colegas e viabilizou sua aprovação.


O projeto também amplia as penas previstas no Código Penal para os cinco crimes de corrupção fixados no projeto. Quem for condenado por corrupção ativa, passiva e peculato terá que cumprir pena de 4 a 12 anos de reclusão, além de pagamento de multa. Para os crimes de concussão e excesso de exação, a pena fixada é de 4 a 8 anos de reclusão e multa.


O Código Penal em vigor estabelece pena de 2 a 12 anos para crimes de corrupção, que podem ser ampliadas nos casos de crimes qualificados. Também determina que os réus têm que cumprir pelo menos dois quintos da pena em reclusão, enquanto o tempo fixado para os demais crimes é de um sexto.


Além de perder benefícios como o direito a pagamento de fiança para deixar a prisão, os crimes hediondos são considerados gravíssimos pela legislação penal --que classifica os seus agentes como insensíveis ao sofrimento físico ou moral da vítima.


Autor do projeto, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que a proposta por si só não é suficiente para reduzir a corrupção, especialmente na administração pública, porque o Judiciário precisa dar agilidade nas condenações para crimes de corrupção.


"No crime de corrupção, você não pode identificar quem são as vítimas. A ideia é protegê-las por meios jurídicos. Mas para isso precisamos que os processos caminhem mais rapidamente até para a absolvição de quem não tem nada a ver com isso", afirmou Taques.


O senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que relatou o projeto, disse que o projeto é uma resposta à principal reivindicação dos protestos no país. "Sem dúvida, a palavra "corrupção" tem sido a mais pronunciada nas ruas pelos jovens brasileiros, e o Senado Federal dá agora, neste momento, uma resposta, ainda insuficiente, mas um passo adiante, um avanço na direção das aspirações do povo brasileiro."


A votação do projeto durou mais de duas horas. No começo da sessão, o plenário do Senado estava cheio, com 66 senadores presentes. Depois do início do jogo do Brasil pela Copa das Confederações, cerca de 20 congressistas continuaram presentes --mas a maioria retornou após o fim da partida para aprovar o projeto de forma simbólica (sem o registro de votos no painel do Senado).


Editoria de arte/Folhapress     
GABRIELA GUERREIRO

DE BRASÍLIA

O que pensam?

Aqui está uma cópia da carta entregue ao Senado Federal e Câmara Federal.


Fonte: Facebook.com

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Talento, fibra e coragem não se compra nem se empresta!

Com 4.360 compartilhamentos (no momento) do meu cartaz do protesto de ontem, dia 20/06, aqui em Passo Fundo-RS, fiquei impressionada com o relato de uma pessoa, que compartilhou minha imagem insinuando de que eu não sabia do que falava, pois os valores não estavam exatos.

Vamos falar de valores então meu povo, vamos falar dos impostos mais caros do mundo! Você sabe o VALOR EXATO que o governo acumulou em impostos, apenas em 5 MESES? Já foram acumulados mais de R$ 720 BILHÕES, só nesse ano de 2013! E você meu caro, sabe onde estão estes R$ 720 BILHÕES de impostos?

Dando ênfase na matemática...e os R$ 1.5 TRILHÃO acumulados em impostos apenas do ano de 2012, você sabe onde estão?

Enquanto você estava em casa, com a bunda sentada na cadeira, comendo, navegando pelo Facebook e assistindo a novela da globo, eu e MILHARES de pessoas estávamos na rua, embaixo de chuva, dando a cara a tapa, para fazer jus ao que é meu, ao que é SEU, ao que é nosso por direito. Estávamos nas ruas lutando contra um GOVERNO CORRUPTO que mais se preocupa em enriquecer Empreiteiras do que ajudar sua população a evoluir! É aí que entra o drama da BOLSA-AUXÍLIO! Você acha justo com a população que trabalha todo o dia, as vezes até a noite para ganhar um salário de R$ 678,00, enquanto o AUXÍLIO-RECLUSÃO é de R$ 971,78? Sim, no meu cartaz coloquei o valor do ano passado, de R$ 915,00, erro da qual eu não poderia ter me enganado, pois em 1 ANO a "BOLSA-BANDIDO" teve um acréscimo de 9% para SUSTENTAR VAGABUNDO, porcentagem IGUAL A DO SALÁRIO MÍNIMO! VAGABUNDO SIM, porque não se vai preso por nada!!! Este AUXÍLIO-RECLUSÃO, de acordo com lei 8.213, apenas os detentos que pagam INSS possuem o direito de receber esta tal BOLSA de R$ 971,78, que é designado à sua família! E você aí que paga INSS, IPVA, IPTU, ÁGUA, LUZ, TELEFONE, COMIDA, ESCOLA, FACULDADE, ALUGUEL, ENTRE OUTROS TANTOS IMPOSTOS, e possui como BASE um SALÁRIO MÍNIMO DE R$ 678,00, acha justo? E quanto ao AUXÍLIO para DEPENDENTES QUÍMICOS? Me desculpem mas DEPENDÊNCIA DE DROGAS só vira DOENÇA quando a pessoa se deixa levar POR CAMINHOS ERRADOS e entra na onda de experimentar o que NÃO DEVE, apenas por diversão e se esquece da consciência, da sociedade e principalmente da FAMÍLIA, e eu chamo isso de SEM-VERGONHICE, a doença é apenas consequência da IRRESPONSABILIDADE! Enquanto o governo dá R$ 1.350,00 a estes dependentes, a fila do SUS está cada dia MAIOR, pois temos um sistema de saúde PATÉTICO!

POR QUÊ NÃO INVESTIR NA SAÚDE COMO UM TODO? POR QUÊ FAZER ESTA SEPARAÇÃO, DAR TANTO DE AUXÍLIO PARA DROGADOS? JÁ OUVIU FALAR EM AUXÍLIO PARA PESSOAS QUE LUTAM CONTRA O CÂNCER? Pois de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que, no ano 2030, pode esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer! TEM QUE INVESTIR NOS ÓTIMOS MÉDICOS DO BRASIL, assim não se faz necessário a RIDÍCULA IDEIA da PRESIDENTA de trazer de imediato milhares de médicos do exterior para ampliar o atendimento do SUS.

BOLSA-PROSTITUIÇÃO? Boato? PODE SER, mas em meio a tanto desvio e CORRUPÇÃO, não me espantaria se existisse mais um AUXÍLIO À VIDA FÁCIL. O governo achou SENSATO gastar mais de R$ 1,5 BILHÃO na construção de um estádio de Futebol, imagina o que não acontece pelas costas do POVO!

Meu erro no cartaz foi grande? Comparado aos aproximados 30 BILHÕES DE DÓLARES gastos na COPA DO MUNDO NO BRASIL, sendo esta a maior quantia já gasta em uma COPA....As 3 COPAS PASSADAS JUNTAS SOMARAM 25 BILHÕES DE DÓLARES!!!

Eu não abro mão das minhas palavras naquele cartaz! O povo acordou e eu estou nessa luta junto com todos que querem ver o BRASIL MUDAR PARA MELHOR. Estamos indo às ruas levando tapa na cara e aguentando de tudo, principalmente COMENTÁRIOS de pessoas que ainda NÃO ACORDARAM!

Não estamos lutando apenas pelos 20 CENTAVOS....ESTAMOS LUTANDO PELO SISTEMA DE SAÚDE PATÉTICO, PELA EDUCAÇÃO PRATICAMENTE NULA ONDE OS PAIS TEM QUE TIRAR DO BOLSO UMA FORTUNA PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA DOS SEUS FILHOS SENDO QUE O SALÁRIO MÍNIMO PARA ESTES PAIS TRABALHADORES NÃO PASSA DE MÍSEROS R$ 678,00! É TAMBÉM PELO TRANSPORTE PRIVATIZADO QUE CUSTA UMA FORTUNA E TEM UMA QUALIDADE DE BOSTA E PRINCIPALMENTE CONTRA OS MAUS GASTOS DO DINHEIRO DO POVO!!!

Estou relatando aqui o País que possui os impostos mais caros do mundo e a MAIOR DESVALORIZAÇÃO do seu povo trabalhador!

Estou falando de REAJUSTES DE VALORES que o BRASIL PRECISA FAZER!

Criem quantos AUXÍLIOS quiserem, mas VALORIZEM ACIMA DE TUDO O TRABALHADOR HONESTO!

Não basta dar o peixe se não ensinar a pescar!

EU ESTOU LUTANDO AO LADO DE MILHARES DE PESSOAS E JUNTAS ACREDITAMOS NA MUDANÇA...ESTAMOS ESCREVENDO HISTÓRIA!!

Em matemática eu me garanto, mas sou muito melhor defendendo meus ideais!


OSTENTO E DEFENDO MINHAS PALAVRAS NO CARTAZ!

E a última coisa que tenho para dizer: SEUS FILHOS AINDA VÃO NOS AGRADECER!!!


PASSO FUNDO PAROU!


#vemprarua


Vereadores registraram na tribuna denuncia contra blitz de Policia Militar sem a presença do DETRAM

A denúncia foi feita noite desta terça-feira, pelo vereador Juarez (PSDB) que registrou na tribuna da Câmara , a denuncia foi contra policiais militares que estão se aproveitando do momento em que se encontra o DETRAM na cidade, e estão fazendo blitz e alguns pontos do município segundo acusação estariam parando os motoristas exigindo documentação e estriam segundo acusação extorquindo os motoristas que trafegam nas estradas do município.


O vereador disse ter sido informado que nos interiores principalmente no km 1000 os policiais daquela guarnição estariam parando os motoristas, prendendo motocicletas e automóveis e cobrando propina para liberar veículos dos proprietários.


O vereador Chico Souza comentou a denuncia e falou o policial pode fazer  blitz se tem alguma suspeita e verificação se o motorista tem arma mais parte de documentação é somente o DETRAM.


O vereador fez um alerta para a Polícia Militar que falou da importância do órgão no município para policiamento ostensivo e proteção da população mais cobrar propina isso é inaceitável e propôs esta semana uma visita ao comando da policia militar para parar com esta atitude.


Os vereadores deverão visitar o comando ainda esta semana porque principalmente no km 1000 as blitz estão sendo feita sem a presença do DETRAM que estariam fazendo cobrança de valores dos motoristas lembrando que a denuncia foi lançado na tribuna da câmara municipal que foi transmitido pela radio cultura FM



Por: Edson Santos

PEC 37

G1 - O Portal de Notícias da Globo
O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a PEC 37, que pretendia retirar do Ministério Público o poder de realizar investigações criminais. A proposta de emenda à Constituição teve 430 votos contrários, 9 favoráveis e duas abstenções 




segunda-feira, 24 de junho de 2013

Le Monde: PT perdeu o apoio da "nova classe

Manifestantes saem às ruas em protestos pelo Brasil109 fotos 1 / 109
O internauta Carlos Sodré registrou imagens do protesto em Belém (PA), onde houve enfrentamento entre policiais e manifestantes Você manda/Carlos Sodré
De repente, seu rosto se fechou em um sorriso tenso. Em seu olhar, projetado nos telões, era possível ver uma lágrima de raiva antes que ele se fixasse no vazio, para frente, como se a presidente Dilma Rousseff houvesse perdido a partida antes mesmo de começar. Durante mais de vinte longos segundos, no sábado (15), durante a abertura da Copa das Confederações, o público do estádio de Brasília, novinho em folha, vaiou seu nome em um rugido ensurdecedor.

Do lado de fora, cerca de 1.500 manifestantes, alguns muito jovens, que foram fazer uma mixórdia de protestos contra o custo de vida, a corrupção e o escândalo dos gastos abissais ligados aos grandes eventos esportivos, eram rigidamente mantidos à distância pelas forças policiais. Dentro e fora a imagem é impressionante e mostra até que ponto o abismo entre o governo e o povo se aprofundou. Uma cena brutal que ficará como uma das mais fortes desse movimento de protestos, que é o maior dos últimos vinte anos.

Os gastos para a Copa de 2014 despertaram a frustração dos brasileiros e colocaram em evidência o estado lamentável dos serviços públicos (saúde, educação, transporte...). Acima de tudo, eles acentuaram um sentimento de incompreensão quanto aos dirigentes dessa chamada "nova classe média". Essa que viu seu poder de compra aumentar ligeiramente ao longo dos dez últimos anos de governo do Partido dos Trabalhadores (PT), mas que de repente se sentiu despossuída, excluída de um crescimento do qual ela achava fazer parte.

As raízes do desencanto são profundas. Durante meses, houve os repetidos ataques pelo caso de corrupção do chamado "mensalão", que, no decorrer das audiências perante os juízes, desgastou a imagem do ex-presidente "petista" Luiz Inácio Lula da Silva, mentor e figura tutelar da atual dirigente. E a corrupção se tornou "uma mancha num partido que se construiu em cima de um discurso ético", escreveu uma jovem e célebre blogueira que adota o apelido de Socialista Morena, no site da revista "Carta Capital".

O PT decepcionou seu eleitorado tradicional de esquerda ao dar seguimento a uma tradição de alianças oportunistas com partidos de todas as vertentes. A imagem de um partido "normalizado", que se adaptou aos métodos de clientelismo e de trapaça  política tradicional, não caiu bem.

O fato de que ele tenha aberto mão de começar os trabalhos para a reforma agrária, do sistema eleitoral ou da saúde, outrora bandeiras do PT, alimentou um certo cinismo. Ele também foi decepcionante em questões de direitos humanos ao aceitar recentemente um pastor racista e homofóbico, Marco Feliciano, para encabeçar uma comissão parlamentar. Seu nome é vaiado em cada uma das manifestações que têm ocorrido. E ele decepciona também na forma como vem lidando com as reivindicações dos sem-terra e dos movimentos indígenas.

A esses sentimentos difusos se soma uma sucessão de gafes. No dia 18 de maio, Dilma Rousseff criticou os "pessimistas de plantão" durante a inauguração do estádio da capital. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo --enquanto as manifestações ainda não haviam assumido a dimensão que se viu-- elevou o tom e afirmou que "o governo não toleraria que manifestações perturbassem a Copa das Confederações".

A atitude soberba do protegido de Lula, Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, fazendo pouco de "um movimento sem liderança", ao lado de Geraldo Alckmin, o governador do Estado (oposição), que havia chamado os manifestantes de "vândalos", causou a ruptura.

Dentro do PT, algumas vozes se levantaram para alertar os dirigentes. O secretário municipal da Juventude em São Paulo, Erik Bouzan, tentou conter o mal-estar afirmando que o movimento de protestos não critica o "governo" diretamente e que é preciso "uma nova política de transportes públicos". O mesmo pensa Duda Mendonça, estrategista político e ex-conselheiro de Lula.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu que o governo "ainda não havia conseguido entender as razões do movimento". Na terça-feira, a presidente Dilma Rousseff se mostrou mais conciliadora, afirmando que "é próprio da juventude se manifestar". Ela prometeu que ouviria atentamente os manifestantes. Tarde demais, evidentemente. Militantes do PT foram recebidos por agressões, na quinta-feira à noite, na manifestação em São Paulo. Uma bandeira do partido foi queimada.

Alguns meses atrás, Gilberto Carvalho havia afirmado: "Não conseguimos produzir um movimento que permitisse o nascimento de uma mobilização, novos valores e uma nova cultura". Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, fez um apelo por "uma transformação política do PT" para reconsiderar o sistema de alianças adotado pelo partido, algo que o partido "criticava quando estava na oposição".

Alguns dias mais tarde, a festa que celebrava os dez anos do PT no poder ocorreu em São Paulo, seu feudo histórico, em um clima pouco empolgante. "O país mudou", dizia o cartaz comemorativo. Mas talvez não no sentido que os dirigentes pretendiam.


médiaNicolas Bourcier
No Rio de Janeiro 22/06/201306h00

Tradutor: UOL

Manifestação na Cônego Domênico já provoca lentidão na Anchieta

DE SÃO PAULO


Cerca de cem manifestantes continuam na rodovia Cônego Domênico Rangoni interditando totalmente a via no sentido Guarujá. De acordo com a Ecovias, concessionária que administra a via, o bloqueio já causa reflexos na via Anchieta e na Padre Manoel da Nóbrega.

Segundo informações da Ecovias, o protesto começou por volta das 7h30 no km 268, em Cubatão. A lentidão na Cônego Domênico Rangoni está entre os km 270 ao 268 e prejudica o acesso ao porto de Santos.

Já na Padre Manoel da Nóbrega a lentidão vai do km 273 ao 270. Por conta do reflexo da manifestação, o trânsito segue congestionado na via Anchieta, no sentido São Paulo, entre o km 60 e km 55, e no sentido litoral, entre o km 39 e km 55.


O sistema Anchieta-Imigrantes opera em esquema normal (5x5). A descida da serra é feita pela pistas sul da Anchieta e da Imigrantes. A subida acontece pela pistas norte da Imigrantes e da Anchieta.


'Partido deixou de ser instrumento de mobilização', diz Lindbergh Farias

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Partido político "virou coisa de eleição" e "deixou de ser instrumento de mobilização das ruas", constata Lindbergh Farias, ex-líder dos caras-pintadas que em 1992 ajudou a pressionar pelo impeachment do então presidente Fernando Collor.

Há dez anos no poder, o PT e outras siglas de esquerda experimentam "um afastamento" das demandas da sociedade, "principalmente desse contato com a juventude", afirma Farias em entrevista ao "Poder e Política", programa da Folha e do UOL. "Acho que houve um descolamento da vida das pessoas".

Aos 43 anos, hoje senador da República pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh acumula vasta experiência no currículo sobre protestos de rua. Foi do PC do B, do trotskista PSTU e virou petista em 2001.

Para ele, o PT ficou ao largo dos atuais protestos. "A lógica de estar nos governos acaba distanciando de uma pauta mais real". E falar de conquistas passadas "não basta mais", diz ele. "Se nós do PT ficarmos na agenda antiga dos [últimos] dez anos, nós vamos ser superados".

O petista compara as manifestações de hoje com as de duas décadas atrás e lembra que, no impeachment, demorava até 15 dias para marcar uma passeata. Hoje o movimento é instantâneo por meio das redes sociais.

A composição demográfica também se alterou. "Na minha época era mais juventude de classe média. Agora tem classe média e periferia, que é essa nova classe média." A seguir, trechos da entrevista:

Trechos da entrevista com Lindbergh Farias - 13 vídeos  


Quem é Lindbergh Farias (1:53)

PT se descolou das massas, diz Lindbergh (0:54)

Para Lindbergh, protestos beneficiam Marina (1:23)

Caras-pintadas eram classe média; hoje periferia (0:59)

Lindbergh: Antes, organizar ato demorava 15 dias (0:36)

Atos não precisam mais de comando, diz Lindbergh (0:49)

Lindbergh: Protestos vão até o fim da Copa (0:57)

'Brasil do cartão postal' irrita, diz Lindbergh (1:48)

UNE perdeu o bonde, diz Lindbergh (1:08)

Para Lindbergh, pauta de 2014 será a vida urbana (1:18)

Sou candidato no Rio e PMDB blefa, diz Lindbergh (2:35)

Não há provas, diz Lindbergh sobre investigações (2:36)

Íntegra da entrevista com Lindbergh Farias (53 min.)
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A seguir, trechos da entrevista, gravada no último dia 20:

*
Folha/UOL - Qual é a diferença entre as manifestações de rua atuais e as que o Brasil presenciou em 92, durante o movimento Fora Collor?
Lindbergh Farias - São muitas. Vamos começar pela forma de convocar. Naquela época, a gente gastava 15 dias para organizar uma passeata. A UNE [União Nacional dos Estudantes] tinha que chamar uma reunião dos DCEs [Diretórios Centrais de Estudantes] e grêmios. Organizava visitas a escolas, passagem em sala de aula... Agora, não. Há as redes sociais. Eu acho que essa é uma diferença muito importante para entender esse processo.

Há outra diferença fundamental com 92: o fato de não existirem líderes. Isso é melhor ou pior?
Antigamente, para ter uma passeata, você precisava de uma direção. Uma UNE, um partido, um sindicato. Agora, esse movimento começou pelas redes sociais. Marcaram e a coisa foi crescendo. Isso é como se o movimento dissesse o seguinte: 'Eu não preciso de direção para marcar, para convocar'. É uma coisa mais horizontal. Acho que isso também é positivo.

As redes sociais, nos últimos anos, convocaram várias manifestações, mas sem sucesso. Por que desta vez funcionou?
Porque tinha um sentimento. Primeiro, a bandeira muito popular: transporte público nas regiões metropolitanas. Estamos falando de um caos. As pessoas estão ficando, no Rio de Janeiro e em São Paulo, três, quatro horas por dia presas no transporte público de má qualidade, com passagem cara. Acertaram na bandeira. E também há um certo clima com esses eventos, como Copa das Confederações...
No Rio de Janeiro, as pessoas dizem: 'Gastam R$ 1 bilhão no Maracanã, mas a minha a vida aqui...' Há um sentimento de que o dinheiro é gasto para os turistas e não para as pessoas. Houve uma percepção do povo de que é um desperdício.

Os partidos políticos foram negligentes?
Acho que sim. Nos últimos dez anos, houve muitos avanços no Brasil. Temos o menor desemprego da nossa história. Quarenta milhões ascenderam à classe média. Houve melhora na renda. Uma parte da juventude que não entrava nas universidades, filhos de trabalhadores, passou a entrar.
Mas a vida nas grandes metrópoles está um inferno. Os serviços são muito ruins. Saúde hoje é um 'problemaço'. Aquele jovem de 17 ou 18 anos, que está entrando em uma universidade, está irritado com as instituições, com os governos, com as prioridades tomadas. Quando vê uma Copa das Confederações, essa grande festa, esse 'Brasil do cartão postal', ele chama para o 'Brasil real'.
Esse movimento está com base popular. Tem uma coisa diferente da minha época.

O quê?
Na minha época, da juventude do movimento impeachment [do ex-presidente Fernando Collor], era um movimento mais de juventude de classe média. Eu queria que não tivesse sido. Queria que tivesse lá a juventude da periferia. Mas foi muito da classe média. Agora acho que tem duas cores: juventude classe média e juventude de periferia -que é essa nova classe média.
Aí se parece mais com aquelas rebeliões do subúrbio de Paris [protestos que eclodiram na periferia da capital francesa em 2005]. Eles vêm mais irritados porque a polícia é agressiva com eles.

Esse movimento sobrevive sem direção ou interlocutores principais?
Acho que sobrevive. E tem mais: quem acha que a redução do preço de passagem de ônibus vai resolver o problema está muito enganado. Eles ganharam força. O movimento sobrevive de vitória. Eles tiveram uma grande vitória.
Quem é que baixa a passagem de transporte coletivo? Ninguém. Eles conseguiram. O povo, a partir de segunda-feira [24.jun], que pegar o seu ônibus -povo trabalhador, mais pobre- criou um laço com esse movimento também.

Qual é o passo seguinte?
Se eu pudesse dar um conselho para esse pessoal, eu diria o seguinte: depois dessa primeira vitória -baixar o preço da passagem-, eles tinham que pegar uma bandeira tipo salário de professor. Imagina se esse movimento agora continua com essa força, mas dizendo o seguinte: 'Tem que melhorar o salário do professor'? Ia emparedar todo e qualquer prefeito, todo e qualquer governador.

Governadores e prefeitos que cederam ao baixar as tarifas foram a reboque do movimento, empurrados?
Claro. Completamente [risos]. Completamente.

Ao invés de ficarem mais fortes, ficaram mais fracos?
É claro. O resultado é o seguinte: vamos continuar nas ruas e vamos atrás de mais vitórias. A leitura é clara. Acho que talvez os governantes tivessem que ter se reunido, construído uma saída. Do jeito que foi, na verdade, eles foram empurrados a aceitar aquilo.

O que poderiam ter feito?
É difícil negociar sem uma direção.

Mas o que eles poderiam ter feito?
O primeiro fato é o seguinte: a condenação à repressão que houve no primeiro dia é uma coisa que todos tinham que ter feito. Aquilo que houve em São Paulo e no Rio de Janeiro foi uma violência muito grande. Acabou dando um grande combustível ao movimento.
Mas acho que tinham que ter tentado alguma mediação. Essa redução do preço da passagem tinha que ser fruto de um acordo, de uma vitória.

Alguma contrapartida para os dois lados?
Para os dois lados. Meu filho [Luiz Farias, 17 anos] está participando das passeatas lá do Rio. Eu falei com ele ontem à noite e ele disse: 'Para mim, não foi vitória nenhuma. Diminuir R$ 0,20 do preço da passagem?'. Entendeu? Acho que é um fortalecimento desse movimento. Agora, eles terão de achar a segunda bandeira.

Do jeito que o sr. fala, com a fragilização dos governadores e dos prefeitos, a impressão que dá é que é ladeira abaixo a credibilidade dos governantes...
Eu acho o seguinte: até o final da Copa das Confederações, esse movimento vai crescer. Depois, pode dar uma refluída. Mas, até lá, esse movimento vai crescer. E há a possibilidade até a Copa do Mundo, não com essa intensidade, de continuar tendo, até o ano de 2014, muitas manifestações.

Que é um ano eleitoral, inclusive...
Vai ter um ascenso do movimento de massas. Essa vitória que os manifestantes construíram vai dar muita força a eles. As respostas dos governos teriam que ser entrar na pauta da vida das grandes cidades: mobilidade, segurança pública, saúde e educação.

Os partidos deveriam entrar nessa pauta?
Têm que entrar nessa pauta. Tem que ter investimentos maciços em transporte público. Tem que ter uma coisa mais coordenada que responda a uma ânsia desse pessoal.

Parece que hoje não existe mais ninguém interessado em ingressar em um partido político. Por quê?
Partido virou coisa de eleição. Tem gente que tem as suas preferências no período eleitoral. Mas partido deixou de ser instrumento de mobilização das ruas. Até porque os nossos partidos de esquerda chegaram ao poder e estão aí há dez anos. Houve um afastamento, principalmente desse contato com a juventude.

O sr. já foi do PC do B, do PSTU. Está no PT desde 2001. Por que aconteceu isso, sobretudo com o PT?
Houve um descolamento nesse momento. O PT tem uma ligação grande com o povo brasileiro, principalmente o povo trabalhador. Há uma confiança desse povo, dos trabalhadores brasileiros, na figura em especial do presidente Lula e do PT também.

Mas a presidente Dilma parece que não desfruta desse mesmo prestígio...
Porque é outra característica. Agora, a presidente está muito bem avaliada: 55% de "ótimo e bom". Acho que essas passeatas não estão sendo passeatas contra a Dilma. Pelo menos lá no Rio de Janeiro eram muito mais em cima de problemas regionais. A cobrança era muito mais das autoridades estaduais do que do governo federal.

Esse movimento desembocará em alguma coisa mais orgânica?
O movimento é igual as redes sociais: várias pessoas falam sobre vários temas ao mesmo. Esse movimento tem essa cara nova. Nós temos que entender isso.
Nas redes sociais, como é que é se disputa? Você vai para dentro do movimento, levanta as suas posições. Um puxa para um lado, outro puxa para outro lado. Até se construir um consenso. O forte desse momento é que teve um consenso. Na verdade, dois consensos: transporte público e essa coisa dos eventos.
Acho que aqui houve um descolamento de todos os governos de uma realidade. E da vida das pessoas.

Por que o PT não percebeu isso?
Porque está distante. A lógica de estar nos governos acaba distanciando de uma pauta mais real da vida das pessoas. Eu estou sentindo essa pauta no dia a dia. Eu estou fazendo no Rio -até porque quero ser candidato a governador no próximo ano- caravanas da cidadania.
Estou rodando toda a Baixada Fluminense, São Gonçalo, os bairros da periferia, do subúrbio do Rio de Janeiro, e eu já sabia dessa pauta. Sabia do descontentamento com esses eventos. Que um certo consenso que estava se criando que isso é um absurdo, um erro se gastar bilhões nisso.
Eu sei do descontentamento que existe na metrópole do Rio de Janeiro, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Só que eu acho que isso é nacional. Essa classe média que conquistou muita coisa, essa nova classe média, agora quer melhorar a saúde, quer melhorar a sua vida. E essa é a pauta que a gente tinha que estar mais antenado.
O que houve de conquistas nos dez anos de governo Lula e Dilma não basta mais. Nós quase estamos encerrando a miséria absoluta no país. Muito bem. 40 milhões entraram na classe média. Muito bem. Qual é a pauta que estão impondo para a gente do PT também? É uma pauta da vida nos grandes centros urbanos, a luta contra a desigualdade, a luta para melhorar a saúde.
Essa é a nova agenda. Se nós do PT ficarmos na agenda antiga dos [últimos] dez anos, nós vamos ser superados.

Mas o governo e o PT dizem que estão atentos a tudo isso. Estão "míopes"?
Tem que sentir mais a realidade. Por exemplo, obras da Copa lá no Rio de Janeiro. Metrô de Ipanema para a Barra? Qual é o legado? BRT [Bus Rapid Transit] sai da onde? Sai do aeroporto Galeão e vai para a Barra da Tijuca. O que o povo acha? Estão fazendo obras para os turistas. Eu não consigo entender. Tem um descolamento dessa vida real das pessoas.

O governo Dilma deveria se preocupar mais em ter agentes que pudessem se conectar com esses anseios populares?
Acho que sim.

Por que não tem?
O PT tem uma grande liderança, que é o presidente Lula. Tem a liderança da presidente Dilma. Mas o PT não está enraizado nas cidades de forma mais intensa. Não é essa grande máquina. No Rio, estou sentindo isso...

No Rio, o PT nunca foi tão robusto...
O PT no Rio, no passado, tinha uma influência maior na classe média. Agora, não. Nós construímos influência nessa região metropolitana.
Não dá para pensar que o PT é aquele partido completamente enraizado. Houve um descolamento em relação a esse sentimento que está existindo.

A direção do PT precisa acordar para isso?
O presidente [do PT] Rui Falcão fez uma boa nota, defendendo essas manifestações, aconselhando os prefeitos a reduzirem o preço das passagens e chamando atenção da necessidade dessa próxima pauta, dessa nova frente de diálogo. Mostrando que, se ficarmos presos à pauta dos últimos dez anos, esse não é o caminho correto.
O PT tem essa ligação com o povo. Eu acho que a grande bandeira agora, depois do fim da miséria, tem que ser essa bandeira de luta contra a desigualdade e melhora dos serviços públicos.

Mas o presidente nacional do PT, Rui Falcão, sugeriu também que o partido vá para as ruas e se manifeste. Tem clima para isso?
Todo partido político tem que ter cuidado quando aparecer. Quem chegar a reboque nessas manifestações não vai ser bem recebido. Sejam entidades ou partidos políticos. É necessário muita prudência. O movimento surgiu sem apoio dos partidos e das entidades.
Acho que os partidos e entidades têm que ter cautela porque quem chegar agora, querendo surfar na onda, não tenha dúvida que será repreendido pelo movimento. Eles estão fortes.

Por que a UNE [União Nacional dos Estudantes] está tão sumida desse tipo de movimento?
A UNE está pagando o preço dos partidos de esquerda estarem no governo nesses dez anos. Perdeu um pouco o tom que tinha à frente da rebeldia. Ficou para trás na convocação desses movimentos. Não dá para agora querer assumir a frente disso.
É como se a UNE não fosse tão necessária. Antigamente, para ter uma passeata, a UNE tinha um papel, que era de coordenar, de ajudar a organizar. Agora, é como se não precisasse mais da União Nacional dos Estudantes para chamar esses protestos.

Mas a UNE se acomodou?
Acho que sim. Eu acho uma pena. Eu gosto muito da UNE até por ter sido presidente. Acho que a UNE tem bandeira, tem uma história bonita de luta contra a ditadura militar.

Mas está acomodada?
Acho que sim. Perdeu o bonde. Também não adianta agora querer assumir o controle, tomar a frente do protesto porque os estudantes não vão deixar.

Esse recado de contra tudo e contra todos pega um pouco a mídia, que foi hostilizada em vários locais. Qual é a sua avaliação sobre isso?
Acho que não dá para ter todas as conclusões. Mas essa coisa do 'Brasil cartão postal', dos eventos, a mídia expressa muito isso. Acho que tem essa contestação. Essas manifestações são muito progressistas e com a ligação com a realidade muito forte.
O protesto contra decisões dos governos em relação a esses eventos. A mídia expressa muito isso. Esse 'Brasil do cartão postal'. Esse Brasil que está eufórico com a realização desses eventos. E esse não é o sentimento das massas.
Eu não sei dar todas as respostas. A gente tem que ir aprendendo muito. O interessante para a gente que acompanha, e eu sou um torcedor dessas passeatas, é que é algo diferente do que acontecia tradicionalmente. A gente fica olhando cada dia para ver o que acontece. Não sei o que vão ser as passeatas [futuras] [a entrevista foi gravada na manhã de 20 de junho]. Sei que vão ser grandes. A gente tem que ir aprendendo também com essa nova dinâmica, que veio para ficar. Não é uma coisa só de agora.
As manifestações do futuro eu acho que tendem a ser dessa forma. É claro que não é só chamar pelas redes sociais. Tem que ter o clima. Tem que ter uma bandeira que unifique. Mas eu acho que, cada vez mais, as direções vão ter um papel menor na condução dos movimentos sociais. Essa é uma característica.

As direções dos movimentos?
Dos movimentos. Essa é uma característica não só do Brasil. Do mundo inteiro.

Quem vai mediar e tornar realidades os anseios de quem participa?
Isso é mais complexo. A gente tem que aprender no processo.

Qual que é o seu palpite?
Em movimentos como esse, você tem posições distintas. Para unificar todo mundo, tem que ser uma bandeira muito forte e consensual. Baixar o preço da tarifa foi. Salário do professor seria. Grupos que tenham determinadas posições mas que não sejam posições que construam esse caminho do consenso, não vão ter muito espaço. Vão levantar as bandeiras deles, mas não são bandeiras aceitas pelo coletivo de forma de se impor de forma consensual.
O grande desafio dessa turma agora é achar o segundo mote. Se achar um segundo mote forte...

O sr. é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, a CAE, do Senado. Começou a andar um projeto que concede benefícios fiscais para empresas do setor de transporte público. Por que isso aconteceu?
Esse é um projeto que tramita há três anos na Câmara, passou em todas as comissões. Depois em duas comissões no Senado e está em caráter terminativo na Comissão de Assuntos Econômicos. O relator na Câmara foi o deputado Zarattini [Carlos Zarattini do PT-SP], que fez um trabalho perfeito. É um projeto que estrutura muito o setor. Você cria uma desoneração federal, mas o Estado e os municípios teriam que aderir fazendo desoneração estadual e municipal. Se cria uma cadeia.
Mas o mais interessante é que você cria uma figura da abertura da planilha das empresas de ônibus. Porque aconteceram muitas desonerações. Infelizmente, o preço da passagem não abaixou. Aquilo virou lucro para os empresários. O projeto também faz outras condicionantes. Tem que ter licitação. 95% das linhas de ônibus não são licitadas. Isso afeta a qualidade. Então o projeto diz o seguinte: Para receber essa desoneração, tem que ser feita a licitação. Teria uma consequência muito interessante, que é colocar esses movimentos, inclusive, pressionando as prefeituras para que tenham licitação, para que abram as planilhas.
Mas esse é um projeto muito difícil de ser aprovado. Por quê? Porque tinha resistências. Ninguém quer abrir mão de receita. Estado, município, governo federal. É sempre muito tenso.

Por que os governos não podem simplesmente exigir planilhas abertas imediatamente e criar localmente regras de licitação? Por que tem de ser o Congresso que tem de fazer, por meio de lei?
Hoje isso não existe. Agora, essas desonerações... Muitas foram feitas sem ter essa exigência de olhar a planilha e fazer a redução do preço. Isso não aconteceu. Acho que é justo ter essas desonerações todas. Sabe por quê? Porque transporte público é o que o público mais precisa. São os trabalhadores. Isso afeta tudo.
Esse projeto era impossível de ser aprovado. Passou a ter condições de ser aprovado a partir das manifestações. Mas ontem [19.jun.2013] o ministro [Guido] Mantega [Fazenda] já disse que por parte do governo federal as desonerações já foram feitas. Houve a redução do preço das passagens.
Nós estávamos fazendo um esforço para votar na terça-feira [25.jun.2013], mas não conseguimos ainda construir esse acordo...

Então, possivelmente...
...com o governo federal e com os governos dos Estados. Então o dia de ontem... O desfecho do dia de ontem não foi um bom desfecho nesse sentido.

Possivelmente o projeto vai aguardar mais um pouco?
É... Está difícil de colocar em votação. Nós não conseguimos acordo nem com o governo federal nem com os governos dos estaduais.

O PT está no governo há dez anos e construiu uma aliança política e ideológica muito ampla. Essa geleia geral contribuiu para esse desalento nos manifestantes de rua contra os partidos?
Acho que não. O que contribuiu foi a distância do mundo real, e da pauta real da vida das pessoas. O que contribuiu, volto a dizer, foram essas novas exigências dessa classe média que está surgindo. Dessa juventude que está indo para a universidade...

As pessoas não prestam atenção se Maluf ou um pastor anti-gay está no governo?
Não é a questão determinante. É claro que é necessário fazer uma reforma política neste país. E o problema é o tempo de televisão, essa lógica que para ter tempo de televisão você tem de aglutinar o maior número de partidos. Eu quero ser candidato a governador do Rio. Estou enlouquecido e preocupado com a televisão. Com o tempo que eu vou ter para disputar a televisão. Enquanto não resolver isso, fazer uma reforma política estruturante, eu acho que nós vamos ter esse vale tudo de todos os candidatos atrás de somar o maior tempo de televisão para a disputa eleitoral.

Seria possível esse movimento de rua abraçar essa necessidade de reforma?
Em relação à reforma política?

Que não é uma bandeira muito simples...
Reforma política está fora dessa pauta aí. A pauta que esses caras podem ajudar, os manifestantes, é o seguinte: colocar a vida do povo no centro do debate político. Qual é pauta real? Qualquer pesquisa diz. Saúde. Transporte.

Mas sem um sistema político-partidário dentro do establishment não vai ter saúde melhor nem educação. Porque quem vota são os deputados e os senadores eleitos por esse sistema ultrapassado e obsoleto...
Acho que esse povo pode impor das ruas uma pauta, que vai ser uma pauta discutida nessas próximas eleições, que pode redirecionar o debate político. O debate político, em São Paulo e Rio, vai ser a vida na metrópole. Como é que está a situação do jovem? Acesso à cultura? Mobilidade? Saúde?
Saúde o povo vai impor goela abaixo em algum momento. Qualquer pesquisa que você faz em qualquer cidade do Brasil a saúde é o ponto mais grave. Vai chegar um momento que um candidato a presidente vai dizer: 'Olha, saúde vai ser a prioridade do meu mandato. Eu vou resolver isso dessa forma. Vou trazer tanto a mais de investimento'.
Acho então que a grande lição dessa coisa das manifestações é impor essa pauta da vida real para os governantes. Porque os governantes estão distantes.

O sr. deseja ser candidato a governador do Rio. Em 2010, o PT, seu partido, apoiou o atual governador, Sérgio Cabral. Por que agora o PT ficaria separado do PMDB?
Porque nós não vamos ficar eternamente a reboque do PMDB no Rio. Nós não nascemos para isso. E nós hoje temos uma candidatura muito mais bem posicionada do que a candidatura do PMDB. Eu diria o contrário. Nós já abrimos mão em 2010. Aquele era um caso de reeleição do governador Sérgio Cabral e aquele era um momento diferente. O governador estava bem avaliado, o presidente Lula entrou em campo nisso. Nós, naquele momento, recuamos. Mas nós não aceitamos virarmos reboque 'ad eternum' do PMDB no Rio de Janeiro.

Mas a aliança no Rio não se relaciona com a coalizão no plano federal? Não seria o caso de esperar até 2018?
Não, de jeito nenhum. O PMDB tem um projeto para o Rio super-hegemônico. Eles têm candidato em 2014. Em 2018 já é o Eduardo Paes. Eles têm o projeto deles. E qual é o Estado do Brasil que está havendo essa discussão da forma como estão colocando no Rio? Nenhum. O PMDB, onde quer, está lançando candidato. E o PT também. Em São Paulo o PMDB vai ter a candidatura do [Paulo] Skaf e o PT vai ter a candidatura dele. Na Bahia o PT é governo e o PMDB vai ter candidatura. Todo lugar que o PT é governo o PMDB tem candidato.

Mas já tinha antes. No Rio de Janeiro é diferente: só um tinha, agora os dois querem ter...
Nós vamos ter candidatura. É uma decisão nossa lá. Faz parte da democracia ter disputa de projetos.

A presidente Dilma teria dois palanques, nesse caso?
Já teve, o presidente Lula teve vários palanques...

Mas não no Rio.
No Rio também. Teve uma eleição que o Lula teve...

Com a Dilma em 2010?
2010 não teve. Foi só Sérgio Cabral. Na eleição anterior do Lula teve [Marcelo] Crivella, teve Vladmir Palmeira, o Lula ia num palanque uma hora, em outro palanque outra hora. Em Pernambuco teve Humberto Costa e Eduardo Campos.

Em 2014 no Rio, ao seu juízo, seriam dois palanques. O seu e o candidato do PMDB?
Talvez mais do que dois. Miro Teixeira está colocando a candidatura dele. Do PDT, da base. O Garotinho é candidato. Não sei se vai apoiar a Dilma. Então, ela pode ter um conjunto de palanques. O problema não é ter vários palanques, o problema é não ter palanque.
Do ponto de vista eleitoral, o melhor caminho para Dilma não é ter um palanque só com o Pezão [pré-candidato do PMDB ao governo fluminense]. É preciso dialogar com isso que está surgindo também. Ter candidaturas de perfis diferentes.

Dentro do seu partido, não há uma pacificação total sobre o fato de o sr. desejar ser candidato. No Rio de Janeiro, o PT tem 11 prefeitos. A maioria parece achar precipitado lançar sua candidatura...
Minha pré-candidatura foi aprovada por unanimidade no diretório regional do PT. Todos os deputados federais, Molon, Benedita da Silva, Luís Sergio, Edson Santos, Jorge Bittar, todos os deputados estaduais com a minha candidatura.
Agora, as prefeituras dependem muito do governo. Tem aquela pressão. Tenho ligado para os prefeitos e dito o seguinte: 'Olha, vá lá, faça a reunião, você tem que pensar primeiro na sua cidade'. Tem um prefeito, que é o de Niterói, que hoje é muito ligado ao governador Sérgio Cabral. Esse prefeito, de fato, deve apoiar o candidato do PMDB. O resto, não. Os outros estão preocupados com suas cidades. Quando o governador chama, eles vão lá. Não estou preocupado com isso.
Queria passar aqui, com muita clareza e convicção: essa é uma decisão nossa. Nós vamos ser candidatos. Vejo um chororô antidemocrático. Porque nós estamos na frente nas pesquisas. Querer tirar o candidato que está na frente, querer impor de cima a baixo? Acho que tem que disputar. Se eu puder dizer alguma coisa ao PMDB, é o seguinte: 'Nos deixem em paz. Construam a candidatura de vocês, falem do que vocês fizeram, e deixem a gente seguir o nosso caminho'. Nós não queremos fazer uma campanha, nem vou fazer, agressiva, contra o governador do Estado. Nós vamos ter uma relação respeitosa, eu quero discutir problemas, soluções. Já disse isso ao presidente Lula. Não vou ficar atacando o Sergio Cabral. Não é essa a minha linha. Mas a gente tem o direito de apresentar propostas.

O atual governador do Rio, Sérgio Cabral, do PMDB, tem sugerido que fica em risco a aliança nacional com o PT se o PT lançar candidato próprio a governador do Rio. É isso mesmo?
Falou isso, depois deu uma recuada. Na verdade, faço uma pergunta: quem é que precisa de quem nisso? É a Dilma que precisa do Pezão ou é o Pezão que precisa da Dilma? A avaliação do governo da Dilma no Rio de Janeiro é 57% de ótimo e bom. Do governo do Estado, é 32%. Na verdade, a candidatura do PMDB precisa da foto do Lula e da Dilma pra ir disputar votos na região metropolitana do Rio.

Quando o PMDB fala isso é um blefe?
Eu acho. Acho que o povo não entenderia, de forma nenhuma, o PMDB no Rio não se engajar na campanha da Dilma. Se eles fizessem isso, estariam cometendo um suicídio político. Volto a dizer: acho um chororô desnecessário, antidemocrático. Digo mais: eles estão nos ajudando, porque as pessoas não gostam disso. As pessoas querem ter alternativas. Estou andando nas ruas do Rio, as pessoas dizem o seguinte: não desista, vá em frente.

Por falar em alternativas, no plano federal o sr. acha bom Eduardo Campos que se lance ao Planalto?
Acho bom que tenha o máximo de debate na eleição presidencial. Gosto muito do Eduardo Campos. Acho uma perda para a base [governista] porque o Eduardo e o PSB têm boas contribuições. Se fosse apoiar a Dilma, seria muito bom, mas é uma candidatura que eu acho que contribui com o debate politico deste país.
Sou contra o PT colocar Eduardo Campos como inimigo. Temos que fazer uma disputa com cordialidade. Vamos apresentar os nossos projetos, mas deixando a porta muito aberta para o Eduardo Campos.

Dos pré-candidatos a presidente da República, quem vai se conectar mais com as atuais manifestações?
A resposta você sabe: Marina. É claro que é a Marina. A Marina e a própria ideia do partido, Rede, tem a ver com tudo isso. Essa juventude aí se identifica muito com ela. A Marina, no plano nacional, tem tendência de se aproximar muito dessa coisa, dos manifestantes.

O que isso significa? Ela tem chances de surpreender e ganhar?
Acho muito difícil enquanto nós tivemos essa aprovação. A minha tese é a seguinte: quem tiver acima de 45% de ótimo e bom, de avaliação presidencial não perde a eleição. A Dilma tem 55%, está bem avaliada. Nós vamos ganhar.
Mas quem mais pode crescer nisso tudo é a Marina. O discurso dela é meio já antipartido, de organização por redes. Tem muito a ver com isso que está acontecendo. Pelo menos no Rio, que eu acompanho, quem mais pode se conectar com esse momento é a Marina.

Os outros dois pré-candidatos do establishment, Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, menos?
Menos. Porque tem uma coisa de popular nesse processo. Não é um movimento anti-PT, anti-Lula.
Você faz a pesquisa e vai ver que tem muito cara dizendo: 'Ah, Lula, eu estudo no ProUni, eu entrei por política de cotas, foi o Lula'. Só que ele quer mais, quer melhorar a vida dele.

Com essa aprovação, a reeleição da presidente Dilma vai ser então "mamão com açúcar"?
O quadro é mais complexo. Por quê? Nós temos uma situação na economia na qual a Dilma tem que caminhar em uma linha entre inflação e crescimento. Nem pode jogar tudo para acelerar, pela preocupação com a inflação, nem pode dar uma grande pancada na inflação com preocupação no crescimento porque tem que crescer algo em torno de 3% [ao ano].
Eu diria que nem tanto inflação e crescimento. Inflação e desemprego. Mas acho que ela tem aqui um caminho bem colocado para se manter em 2014 com tranquilidade. Acho que a inflação não passa de 5,5% esse ano. O Banco Central está atuando. Acho que vamos crescer perto de 3%, mas, [quanto ao] desemprego, acho que vai ficar nesse patamar, que é o menor da história.
Mas tem essas manifestações. Tem que acompanhar. Tudo isso pode influenciar de alguma forma ao quadro eleitoral. Eu diria que a Dilma, hoje, é franca favorita. Está muito bem. Mas é um quadro muito instável que se criou daqui para frente. Seria diferente se não existissem passeatas, não existisse crise econômica...

E se abrir um vácuo? Quem está mais apetrechada para entrar nele é Marina [Silva]?
Acho que a Marina... Eu não vejo a Marina ganhando eleição presidencial. Acho que não tem estrutura partidária, mas...

Collor também não tinha...
É. Mas tem que ter tempo de televisão. Eu acho que é muito difícil a Marina ganhar uma eleição presidencial.

Collor também não tinha muito tempo de TV.
Collor tinha pouco tempo de TV ali [naquela época]?

Pouco tempo. No primeiro turno, pouco tempo. Quem tinha muito tempo foi o Ulysses Guimarães, que teve 3% dos votos.
Acho que a Marina pode crescer, mas eu, sinceramente, estou muito tranquilo e confiante na vitória da Dilma.
Agora, eu prevejo um cenário de muita instabilidade. Nós estávamos com a estrada completamente lisa, asfaltada. E, agora, nós vamos ter muita turbulência daqui para frente.

Há um caso no Supremo Tribunal Federal. O ministro Dias Toffoli autorizou a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal no período de 2005 a dezembro de 2010. A decisão faz parte de uma investigação contra o sr. por supostas fraudes no Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Nova Iguaçu [Previni] quando o sr. era prefeito da cidade. O que aconteceu?
Não tem problema nenhum quebrar sigilo. Eu vou disputar essa eleição mostrando sigilo bancário, fiscal.

O que aconteceu?
Isso é um inquérito. Eu era prefeito. Qualquer ação que existisse no Ministério Público para abrir uma investigação abre um inquérito. Como eu era prefeito, virei senador, vem tudo para o Supremo Tribunal Federal.
Não existe nenhum processo ainda porque, depois do inquérito, o juiz vai olhar, o ministro vai olhar e dizer assim: 'Ah, eu vejo aqui um indício'. Aí abre um processo. Ou seja, não existe nem processo.
Vou explicar. Era o Fundo de Previdência de Nova Iguaçu. O que eles falam de rombo era uma dívida da prefeitura com o Instituto de Previdência. Uma dívida de R$ 400 milhões. R$ 325 [milhões] foram porque o prefeito anterior, na verdade, não pagou a contribuição patronal para o Instituto de Previdência. R$ 75 [milhões] meus foi o seguinte: nós fizemos uma antecipação de royalties e colocamos para dentro do fundo de previdência.
O Ministério da Previdência [Social] disse OK. Só que, mais à frente, o Ministério da Previdência disse o seguinte: 'Não, prefeitura de Nova Iguaçu. Nós estamos achando que isso aí não é capitalização da previdência. Vocês estão trocando um recurso por outro recurso'. O que a prefeitura fez? Parcelou os débitos e está pagando. É essa a situação.
Queria também dizer que o Instituto de Previdência é autônomo. É independente. Eu não nomeio presidente nem diretor. É como se existisse uma crise na Petros [fundo de previdência dos funcionários da Petrobras] e você colocar, assim, junto da presidência da Petrobras ou da presidente da República.
Estou completamente tranquilo nesse caso. Não tenho preocupação nenhuma.
É uma dívida da prefeitura com o fundo e parece que há um rombo: R$ 400 milhões.

A propósito desse episódio, tem também a ex-chefe de gabinete da Secretaria de Finanças de Nova Iguaçu. O nome dela é Elza Araújo e ela disse em depoimento que o sr. teria montado um esquema de captação de propina entre empresas contratadas pelo município. A que se refere isso?
Essa moça trabalhou com o meu adversário na campanha. Nós já abrimos completamente todo o sigilo. Não existe nada disso. Nunca vai ter nada contra mim porque uma coisa eu não sou: patrimonialista. Eu comecei garoto na política. E comecei lutando por transformação neste país. Tenho um filho de 17 anos. Uma coisa que eu quero -e eu estou construindo minha história na política do país- é poder olhar para o meu filho e dizer: 'Seu pai aqui é um cara sério que está lutando para mudar as coisas'.

A história que ela relatou é mentira?
Sem pé nem cabeça. Não tem prova de nada. Desde 2007, entreguei o meu sigilo nesse caso. Vou entrar na campanha mostrando o meu sigilo. Vou enfrentar esse debate na campanha eleitoral porque não aceito que um bando de patrimonialistas que fazem política por outros interesses venham me acusar. Vou fazer uma campanha muito dura no Rio de Janeiro. Mostrando o meu lado, mostrando as minhas posições, abrindo o meu sigilo...
Digo aqui com pureza na alma. Eu não sou patrimonialista. Eu não estou na política para isso. Eu entrei com uma causa. Continuo acreditando nisso: acho que posso ser um governador do Estado do Rio de Janeiro para melhorar a vida desse povo trabalhador do Rio de Janeiro.

Acesse a transcrição completa da entrevista

A seguir, vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

1) Quem é Lindbergh Farias (1:53);

2) PT se descolou das massas, diz Lindbergh (0:54);

3) Para Lindbergh, protestos beneficiam Marina (1:23);

4) Caras-pintadas eram classe média; hoje periferia (0:59);

5) Lindbergh: Antes, organizar ato demorava 15 dias (0:36);

6) Atos não precisam mais de comando, diz Lindbergh (0:49);

7) Lindbergh: Protestos vão até o fim da Copa (0:57);

8) 'Brasil do cartão postal' irrita, diz Lindbergh (1:48);

9) UNE perdeu o bonde, diz Lindbergh (1:08);

10) Para Lindbergh, pauta de 2014 será a vida urbana (1:18);

11) Não há provas, diz Lindbergh sobre investigações (2:36);

12) Sou candidato no Rio e PMDB blefa, diz Lindbergh (2:35);

13) Íntegra da entrevista com Lindbergh Farias (53 min.);

Lindbergh Farias no "Poder e Política"

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Sérgio Lima/Folhapress
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O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) participa do "Poder e Politica". Entre outros assuntos, ele falou sobre os movimentos de rua pelo país e como interpretá-los sob a ótica de outra onda de protestos que liderou, em 1992, o "Fora Collor"