quinta-feira, 6 de março de 2014

Insatisfação do PMDB é discutida por Lula e Dilma


A insatisfação do PMDB com o PT e o Palácio do Planalto, até então restrita ao grupo de deputados federais, chegou aos senadores e foi um dos temas discutidos ontem, em Brasília, entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Maior aliado do PT na coalizão Dilmista, o PMDB tem ensaiado uma rebelião no Congresso e lidera a criação de um bloco "independente" de oito partidos na Câmara.

"Onde tem PT e PMDB, a presidente fica de um lado só [do PT]. Esse é um dos problemas. Os bombeiros terão que entrar em campo para apagar esse incêndio. O racha do partido é por causa do governo", disse o presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO).

Os principais focos de tensão estão nas montagens das candidaturas aos governos estaduais, especialmente no Rio e no Ceará. Segundo interlocutores de Lula, o ex-presidente avalia que Dilma não está sendo hábil na relação com o PMDB. Ela precisaria fazer acenos para evitar o risco de perder o tempo de TV dos peemedebistas no programa eleitoral.

A bancada do PMDB do Senado, que se mantinha fiel no apoio ao governo, se mostra irritada com a insistência de Dilma para que o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE), desista de disputar o governo do Ceará.

No Estado, Dilma prioriza a candidatura que será defendida pelo governador Cid Gomes (Pros), que abandonou o PSB de Eduardo Campos para ser um dos principais sustentáculos da campanha da petista no Nordeste.

Ricardo Stuckert/Instituto Lula       

Lula e Dilma em reunião com alguns dos principais nomes que irão trabalhar na campanha pela reeleição
Hoje Raupp se encontrará com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) para discutir saídas para o impasse. Os peemedebistas também reclamam da demora na indicação do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para o Ministério do Turismo e a escolha da pasta, que é da cota do PMDB da Câmara.

Parte da bancada do Senado considera que a posse de Vital no Turismo causará ainda mais atritos entre o PMDB da Câmara e o governo. Anteontem, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), atacou publicamente o presidente do PT, Rui Falcão, tendo como mote a divergência entre as duas legendas na montagem dos palanques estaduais.

Segundo alguns peemedebistas, Cunha teve o aval do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Além de buscar acertar com Dilma uma estratégia para acalmar o PMDB, o que, na visão de Lula, passa por atender deputados peemedebistas na reforma ministerial, ele e a presidente definiriam ontem detalhes da estrutura e equipe de campanha.

A reunião, realizada no Palácio da Alvorada, uma das residências oficiais de Dilma, começou às 17h30 e não constava da agenda presidencial. Às 19h37, o Instituto Lula postou no Twitter a informação do encontro, publicando foto da reunião em seu site.

Na imagem, Lula e Dilma, sorrindo, cumprimentam-se, num gesto que busca mostrar que não há problemas de relacionamento entre ambos. Nos últimos dias, interlocutores do ex-presidente narraram críticas do petista ao estilo de governar de Dilma.

Na reunião de ontem seria definido o futuro do chefe de Gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que deve ir para a campanha. Seu provável substituto deve ser Beto Vasconcelos, ex-secretário-executivo da Casa Civil.

A foto mostra, além de Lula e Dilma, o ministro Mercadante (encoberto pelo ex-presidente), o ex-ministro Franklin Martins, Rui Falcão (presidente do PT), Giles, Edinho Silva (presidente do PT paulista) e o marqueteiro João Santana.

GABRIELA GUERREIRO
RANIER BRAGON
VALDO CRUZ
AGUIRRE TALENTO
DE BRASÍLIA
06/03/2014  03h00




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