As três adolescentes estavam desaparecidas e foram encontradas na casa de Sara Cristina Reis
Denúncias anônimas levaram investigadores da 16ª Seccional da Polícia Civil em parceria com a Polícia Militar, a localizar na tarde de quarta-feira, 15, em uma residência na Rua Tancredo Neves, no bairro do Jutaí, na periferia de Santarém, Oeste do Pará, três adolescentes de 15 anos, que estavam desaparecidas desde sexta-feira, dia 10 e foram encontrados sob poder de uma mulher.
Durante a ação conjunta das policiais Civil e Militar na residência, a proprietária do imóvel Sara Cristina Ribeiro dos Reis, foi presa e encaminhada para Seccional. Ela foi autuada pelo crime de subtração de incapaz e encaminhada diretamente para a ala feminina do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM).
De acordo com o diretor da 16ª Seccional da Polícia Civil, delegado Nelson Nascimento, será instaurado um inquérito para apurar outros crimes de corrupção de menores. “A senhora, que estava com elas em sua residência, segundo informações que temos, estava ajudando as adolescentes. Agora no momento, ela vai ser autuada por subtração de incapaz e também vamos instaurar um procedimento com as informações que colhemos das testemunhas, em relação à prostituição e também ao tráfico de pessoas”, explicou a autoridade policial.
A Polícia Militar também desconfia de que esteja havendo casos de tráfico humano em Santarém. Policiais informaram que as meninas seriam levadas para a cidade de Altamira, para em seguida, serem encaminhadas a Manaus (Amazonas), onde possivelmente iriam trabalhar em rede de prostituição. “Através da denúncia anônima de uma pessoa que viu a notícia na imprensa e reconheceu as três, fomos até o local e foi constatada a veracidade. Estavam só as três adolescentes nesse lugar e pegamos a informação de onde elas estavam esses dias todos e elas nos levaram até a residência”, relatou o sargento PM, Carlson Roberto.
ENTENDA O CASO: Ana Flávia Ferreira da Silva, 15 anos e Viviane Sousa, 15 anos, haviam desaparecido na última sexta-feira, 10, no bairro do Santíssimo. Já a adolescente Viviane Tavares, também de 15 anos, havia desaparecido no dia 08 deste mês, no bairro do Jutaí.
Segundo a vendedora Nita Ferreira, mãe de Ana Flávia, sua filha desapareceu em frente de sua residência, localizada na Travessa Rosa Passos, nº 1239, após entrar em um carro branco. Ela foi vista pela última vez na sexta-feira, entre 22h e 23h, antes de dormir. “Nós dormimos e sentimos a falta dela já na manhã do outro dia. Um vizinho disse que viu um carro branco parado e pegou minha filha, juntamente com uma amiga que veio buscá-la”, descreve Nita.
Segundo ela, sua filha tem poucas amizades e, que por esse motivo, não desconfiava de quem possivelmente teria levado a garota. “Pelo que eu saiba, minha filha tem poucas amizades e somente com colegas de escola. Era eu quem levava a Flávia todos os dias à escola. Ela ia a alguma festinha se eu, o pai ou o irmão fossem juntos, porque ela nunca saia só. É a minha única filha mulher. Ela estuda na Escola Madre Imaculada, mas está de férias”, informou Ferreira.
Familiares das três adolescentes desaparecidas estiveram na tarde de terça-feira, 14, na 16ª Seccional da Polícia Civil acompanhando as investigações. Os pais informaram que as três meninas eram colegas de classe e estudavam na Escola Madre Imaculada, localizada na grande área da Prainha.
Em declaração na Seccional, o pai de uma das meninas revelou que sua filha havia realizado algumas ligações para sua residência durante sua ausência, mas que não falava o local onde se encontrava.
INVESTIGAÇÃO: O diretor da 16ª Seccional, delegado Nelson Silva, disse que o órgão de segurança soube do desaparecimento das meninas e, que recebeu algumas informações sobre o caso. Ele destaca que a Polícia Civil, através do procedimento de investigação, em relação a essa fuga das três adolescentes de 15 anos, que são amigas, intensificou a investigação, no sentido de descobrir a identidade do motorista do carro branco, o qual é acusado de ter levado as meninas para um local desconhecido. Por meio de investigação, a Polícia Civil chegou à identidade de dois suspeitos, os ex-presidiários “Gabriel” e “Rubinho”, que continuam foragidos.
“Provavelmente, elas saíram de casa fugindo de seus pais. Então, elas poderiam estar sendo tratadas como reféns desses indivíduos”, suspeita Dr. Nelson.
Segundo ele, a Polícia acredita que as meninas estavam em situação de risco e, que por isso intensificou as investigações para tentar chegar ao indivíduo que pegou as adolescentes em seu carro, para que ele vá a Delegacia, dizer o que aconteceu e pra onde iria levá-las.
“Acreditamos que possa ser um caso de tráfico de pessoa, mas ainda é muito cedo e todas as informações que a Polícia recebe estão sendo investigadas. Algumas informações importantes nos foram repassada e vamos continuar a investigação para chegar a prender os acusados”, avisou o diretor da Seccional de Polícia Civil.
DENÚNCIA: O delegado Nelson Silva confirmou a possibilidade de que as três meninas poderiam estar sendo ameaçadas e poderiam ser levadas para outras cidades. Ele informou que uma das adolescentes está contribuindo com a investigação. “Elas estavam com o plano de ir para Altamira e de lá para Manaus. Elas são adolescentes e não sabem o que fazem ou não tem a consciência do que estão fazendo; e estavam sendo ajudadas por adultos que têm uma vida pregressa ruim e com passagens pela Polícia, haja vista que mexem com tráfico de drogas e assaltos em nossa cidade. Um procedimento será instaurado para apurar as informações passadas pelas adolescentes”, avisa.
Depois de prestar depoimento na Seccional, as adolescentes foram encaminhadas para exame de corpo de delito no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPC), onde na quinta-feira, 16, passaram por atendimento psicológico. “A gente está documentando com laudo, vamos pegar laudos no CPC, o exame de sexologia, que verificará se elas tiveram relação sexual recente. Elas também serão atendidas por um psicólogo. Co o resultado do laudo vamos poder indiciar não só Sara Cristina dos Reis, mas todos os que foram citados e pedir a prisão preventiva dos três acusados que estão foragidos”, ressaltou Dr. Nelson Silva.
ESCLARECIMENTO: O Conselho Tutelar foi acionado pela Polícia Civil para acompanhar o caso. De acordo com o conselheiro Francisco Ednaldo, as menores foram ouvidas e as informações vão ajudar no esclarecimento do caso. “Temos que trabalhar no sentido de reintegrar essas adolescentes às famílias. Ouvimos vários relatos sobre onde elas estavam, com quem elas estavam e quem as estavam aliciando. Muitas vezes as adolescentes são obrigadas a ficar caladas, enquanto os pais ficam sofrendo. Mas já pegamos alguns dados de algumas adolescentes que já passaram algumas informações e que vão enriquecer o processo”, explicou.
Fonte: RG 15/O Impacto
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