João Batista é o santo mais retratado na arte
cristã. E não é sem razão. Ele é o último profeta do Antigo Testamento e o
primeiro do Novo. A Igreja o festeja duas vezes no ano litúrgico: no dia de sua
morte (29 de agosto), e no dia em que nasceu (24 de junho), para assinalar os
seis meses que antecedem o nascimento de Jesus, segundo as palavras do arcanjo
Gabriel a Maria.
Deus o escolheu desde o ventre de Santa
Isabel para ser o precursor o Senhor. No décimo quinto ano de Tibério (28-29
d.C.), iniciou sua missão no rio Jordão: pregar e batizar; daqui vem o nome
“Batista”.
Quando batizou Jesus, João revela a
identidade de Deus: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do
mundo!” (Jo 1,29).
A sua Paixão era Jesus. Naquele momento João
confia: “Assim, pois, já este meu gozo está cumprido. É necessário que ele
cresça e que eu diminua.” (Jo 3,29-30). Morre decapitado, sua cabeça foi pedida
por capricho de Salomé, filha de Herodíades, mulher ilegítima do rei de Israel.
João é o “arauto do grande Rei”; “a trombeta
do imperador”, como dizia São Francisco. Ele denuncia todo tipo de pecado
porque veio para anunciar Aquele que tira o pecado do mundo. E derrama seu
sangue para denunciar o pecado do rei.
Ele foi santificado ainda no ventre de sua
mãe diante da Virgem Maria. O profeta
Isaías já tinha profetizado que Deus o
“preparou desde o nascimento para ser seu Servo – que eu recupere Jacó para ele
e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória”. (Is
49,4-6)
Sua Paixão era Jesus: “Eu não sou aquele que
pensais que eu seja! Mas vede: depois de mim vem Aquele, do qual nem mereço
desamarrar as sandálias” (cf. At 13,24-26). E o povo se curvava diante da
pregação de João: “Ouvindo-o todo o povo, e mesmo os publicanos, deram razão a Deus,
fazendo-se batizar com o batismo de João”. (Lc 7, 29)
Ele disse que era apenas “uma voz clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Is 40,3).
“Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de
mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele
vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Tem na mão a pá, limpará sua eira e
recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo
inextinguível”. (Mt 3,1-17)
Jesus fez elogios eloquentes a João: “Em
verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João
Batista. No entanto, o menor no Reino dos céus é maior do que ele. ( Mt 11,
11). “Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é
arrebatado à força e são os violentos que o conquistam”. (Mt 11, 12)
“Vós enviastes mensageiros a João, e ele deu
testemunho da verdade. João era uma lâmpada que arde e ilumina; vós, porém, só
por uma hora quisestes alegrar-vos com a sua luz”. (Jo 5, 35)
Quando João Batista mandou seus discípulos perguntarem
a Jesus: “És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro?”, Jesus
respondeu-lhes: “Ide anunciar a João o que tendes visto e ouvido: os cegos
veem, os coxos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho. Depois que se retiraram os
mensageiros de João, ele começou a falar de João ao povo: Que fostes ver no
deserto? Um caniço agitado pelo vento? Pois vos digo: entre os nascidos de
mulher não há maior que João. Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do
que ele”. (Lc 7, 22-28)
Jesus sempre se referia a João: “Pois veio
João Batista, que nem comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Ele está possuído do
demônio”. (Lucas 7, 33)
Ao ver Jesus, João Batista o apresentou a seu
discípulos de maneira certeira: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo” (João 1,29). Assim, João dava a “identidade e a missão” de Jesus. Ele é
aquele cordeiro que será imolado pela redenção da humanidade, cuja figura
estava naqueles dois cordeirinhos que os judeus sacrificavam todos os dias no
Templo, as seis horas da manhã e as seis horas da tarde (o holocausto
perpétuo), para que Deus perdoasse os pecados do mundo. João mostrava assim a
missão de Jesus, “arrancar com sua morte o pecado do mundo”, porque “o salário
do pecado é a morte” (Rom 6,23). Mostrava-nos assim, que Jesus não veio para
outra atividade, senão tirar o pecado dos homens e instaurar o reino de Deus,
da Graça.
Quando Jesus se apresentou para ser batizado
por ele, João rejeitou: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim! Mas Jesus
lhe respondeu: Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa. Então
João cedeu. Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus
se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus. E do
céu baixou uma voz: Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição. (Mt
3,1ss)
Como todo profeta, João pagou com sangue sua
pregação. Conhecemos bem essa história. A grande lição que João nos deixa é que
“Ele cresça e eu desapareça!”
Categoria: Artigos
Publicado em 29 de agosto de 2014
Prof. Felipe Aquino
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