JOÃO CAPIBERIBE (C) ACOMPANHA
DEPOIMENTO DE CLAUDELICE SILVA (D): "ESTADO É OMISSO", DISSE ELA
depoimento de Claudelice Silva
“Crime organizado”, “máfia”, “guerra”,
”madeira lavada com sangue”, o cenário de violência por trás do desmatamento na
Amazônia desafia o Estado e foi descrito com esses termos pelos participantes
do debate promovido pela Comissão de Direitos Humanos e Participação
Legislativa (CDH), na 4ª feira (3).
Ativistas ameaçados de morte por denunciarem
os crimes ambientais foram ao Senado pedir socorro e uma solução para barrar a
ação de madeireiros, grileiros e mineradores, que seriam os mandantes dos
assassinatos na Região Norte.
Em depoimento emocionado, Claudelice Silva
dos Santos, irmã do extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva que foi
executado em 2011 no Pará, lembrou que ninguém foi preso, o assassino está
foragido e as famílias de pequenos agricultores e seringueiros foram expulsas
pela Polícia Militar da reserva florestal onde agora a madeira é explorada.
- O país dá carta branca para matar. O Estado
é omisso. O desmatamento não está diminuindo, estão contando pasto como se
fosse floresta. Só este ano 25 pessoas já foram mortas no Pará e é preciso uma
ação rápida para salvar as árvores a as vidas das pessoas – cobrou.
FAROESTE
O diretor de Proteção Ambiental do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luciano
de Menezes Evaristo, confirma que “estão enganando os satélites de
monitoramento brocando a floresta por baixo e pintando os tratores de verde
para camuflar”, além disso, os próprios agentes do órgão sofrem ameaças de
emboscadas e de incêndio das unidades na área da BR 163, principalmente no
Pará. – É uma terra sem lei, um faroeste – afirmou.
Mesmo assim, com a ajuda de denúncias dos
índios caiapós, o Ibama conseguiu destruir 11 acampamentos clandestinos na
região, apreendeu motosserras e aplicou multas bilionárias. Em novembro,
lançará o Sistema Nacional de Gestão Florestal gratuito para que a sociedade
possa acompanhar as atividades.
Trata-se de quadrilhas que praticam o crime
ambiental articulado com lavagem de dinheiro, documentação falsificada e
corrupção de agentes públicos, segundo o delegado da Polícia Federal, Adalto de
Almeida Martins.
Na Operação Castanheira realizada em agosto
foram presas seis pessoas de um bando suspeito de desmatar 10% da Amazônia,
indiciadas por invasão de terras públicas para grilagem, furto e sonegação
fiscal. – Há outras investigações em andamento, mas você desmantela uma
quadrilha hoje e dois dias depois tem gente operando na região – revelou.
Fonte: Agência Senado
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