Governador Simão Jatene acusado de atrasar
obra da Santa Casa com objetivo eleitoreiro
Governador Simão Jatene
A ex-governadora Ana Júlia Carepa disse ao
DIÁRIO, há algumas semanas, que caso a obra da Nova Santa Casa estivesse
pronta, as mortes não estariam ocorrendo. Em junho de 2008, durante seu mandato
como governadora, Ana Júlia enfrentou problema semelhante. Naquele mês 54
recém-nascidos foram a óbito (44 na UTI neonatal). Na época a notícia provocou
a queda de toda a diretoria da Santa Casa e virou manchete nacional.
Ao invés de apenas apresentar justificativas,
ela diz que seu governo desenvolveu um plano de ações para sanar os problemas
existentes na atenção básica, ações estas que hoje se encontram paralisadas,
como o reforço à Atenção Básica, ampliação do programa Saúde da Família,
aumento de leitos de UCI Neonatal, criação de uma nova UTI Pediátrica com 10
leitos para crianças recém-nascidas, entre outros.
Ela lembra que seu governo iniciou a
construção do prédio da Nova Santa Casa, em 2009, deixando pronta até a oitava
laje, com os recursos para sua conclusão e compra de equipamentos em caixa.
“Esta obra se arrastou por longos dois anos e meio, com objetivo meramente
eleitoreiro”.
Sindicato diz que governo foi
omisso
Santa Casa de Misericórdia vira um colapso
Não foi por falta de aviso. O Sindicato dos
Médicos do Pará (Sindimepa) já havia recebido denúncias sobre o caso de mortes
de bebês na Santa Casa de Misericórdia do Pará e denunciou imediatamente a
situação aos Ministérios Público do Estado e Federal, bem como para as
secretarias de Saúde do Estado e do município. Nenhuma resposta foi dada ou
medida foi tomada. O resultado foi a morte anunciada, até agora, de 44
nascituros na maior maternidade pública do Estado.
A denúncia da morte dos bebês foi feita por
um funcionário da Santa Casa que trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Neonatal. Ele denunciou ao Sindicato dos Médicos (Sindmepa) a morte de 25 bebês
nos 13 primeiro dias de junho no hospital. A Secretaria de Estado de Saúde
(Sespa) confirmou as mortes no dia 14 de junho. João Gouveia, presidente do
Sindmepa, diz que a principal causa das mortes é o alto índice de infecção
hospitalar no local que recebe grande demanda de grávidas, a maioria
adolescentes, oriundas do interior do Estado. Ele exibiu ao DIÁRIO ata de uma
assembleia geral dos médicos, realizada no dia 17 de abril passado, que contou
com a presença de pediatras e obstetras do hospital. Os obstetras denunciaram
que trabalham com alta demanda, material insuficiente para realização de
procedimentos, ambiente físico insalubre. Foi citado também que o número de
plantonistas é insuficiente.
Os pediatras que atuam na unidade neonatal
queixaram-se de que continuam as dificuldades de proporcionalidade de plantonistas
para o número de leitos nos plantões noturnos, finais de semana e feriados,
pois a escala de plantão nesses dias, na sua maioria, são plantões extras pela
insuficiência de pediatras.
Para Gouveia, o problema se agrava na Santa
Casa também pelo fato de outras maternidades não estarem funcionando como
deveriam, embora seja prerrogativa do governo estadual fazer com que elas
funcionem. “Todo mundo acaba indo para a Santa Casa nas piores condições
possíveis, mas se lá não houver os cuidados necessários, no controle das
infecções hospitalares, você pode ter um aumento no número de mortes”.
OMISSÃO
O Sindimepa acusa o Estado de ser omisso,
principalmente no que diz respeito à saúde básica. “No caso da Santa Casa, por
exemplo, o Estado sempre afirma que o problema é a falta do pré-natal, mas ele
é responsável por essa carência. O Estado é o gestor e tem que chamar os
municípios, levá-los a cumprir com suas obrigações”, diz João Gouveia.
Hélio Franco, atual titular da Sespa, que já
foi inclusive diretor do sindicato, ao invés de resolver a precária situação da
Santa Casa, partiu para o ataque, afirmando que os médicos sindicalistas “só
querem é ganhar dinheiro”, provocando a revolta da categoria. “O doutor Hélio
nos envergonha porque ele saiu do sindicato e quando estava aqui, lutava pelas
mesmas causas que nós e agora está se tornando inimigo público da classe”,
rebateu Gouveia.
O Sindempa estuda interpelar o secretário
para explicar as declarações. Franco acusa também a entidade de ser
comprometida com o setor privado de saúde e diz que há uma espécie de indústria
de plantões usados para inflar os salários dos profissionais.
Fonte: Diário do Pará
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