A
Justiça Eleitoral identificou indícios de fraude e irregularidades na coleta de
assinaturas em São Paulo para a criação da Rede Sustentabilidade, partido da
ex-senadora Marina Silva. O Ministério Público Eleitoral e a polícia foram
acionados em quatro municípios do Estado.
Os
procedimentos foram solicitados em casos em que as assinaturas apresentadas nas
fichas de apoiamento não correspondem ao registro dos eleitores nos cartórios.
Em
nota, o partido afirmou que tomou "todo o cuidado" no processo de
coleta e que os problemas podem ter sido provocados pela falta de parâmetros
dos cartórios na certificação dos apoios.
A
ex-senadora tem criticado publicamente a demora e o critério adotado pelos
cartórios para a certificação das assinaturas de apoio.
Em
Ourinhos, no oeste paulista, ao menos dois eleitores que aparecem na lista de
apoiadores da legenda foram procurados pelos cartórios eleitorais da cidade e
declararam não ter assinado nenhuma ficha do partido.
O
processo foi enviado pelo juiz Cristiano Canezin Barbosa ao Ministério Público
"para apuração de eventual ilícito eleitoral".
Segundo
o promotor responsável, Marcos da Silva Brandini, foi instaurado inquérito
policial para definir se as assinaturas são verdadeiras. "Terá de ser
feito o exame grafotécnico para confirmar se as assinaturas são ou não dos
eleitores", disse.
Na
cidade, segundo o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, a Rede apresentou
192 assinaturas, das quais 112 foram certificadas.
Em
Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, o juiz eleitoral foi informado por um
cartório da "existência de indícios de fraude" na ficha de um
eleitor. O caso foi enviado ao Ministério Público Eleitoral e à delegacia de
polícia.
Os
outros dois casos aconteceram em São Bernardo do Campo e em São José do Rio
Preto. Nessas cidades, os juízes remeteram os processos de certificação à
Polícia Federal para apuração. Os despachos determinando a investigação não
especificam o motivo do envio.
Pedro
Ladeira/Folhapress
A
ex-senadora Marina Silva dá entrevista à Folha no gabinete do senador Pedro
Simon (PMDB-RS)
A
ex-senadora Marina Silva dá entrevista à Folha no gabinete do senador Pedro
Simon (PMDB-RS)
OUTRO
LADO
Em
nota enviada ontem à Folha, a Rede Sustentabilidade afirmou que tomou
"todo o cuidado" no processo de coleta de assinaturas, mas ressaltou
que ele "ocorreu de forma difusa e colaborativa, envolvendo mais de 10 mil
pessoas que baixaram as fichas pela internet e imprimiram nas suas casas".
Apesar
das verificações, diz o partido, "é possível que existam eventuais
diferenças nas assinaturas". Segundo a Rede, "esses problemas podem
se referir a casos corriqueiros", em que as assinaturas "não conferem
com os documentos que os cartórios eleitorais tem a disposição para verificação
(folhas de votação, requerimento de alistamento eleitoral ou canhoto do título
de eleitor)".
Nessas
situações, segue o texto, "os cartórios podem proceder, de acordo com a
legislação, notificando os órgãos correspondentes".
A
Folha conversou também com o vereador de Ourinhos Lucas Pocay, hoje filiado ao
PTB, que é um dos articuladores da Rede no município. Ele disse que pode ter
havido confusão de coletadores ou que, por pressão política, eleitores podem
ter ficado constrangidos em admitir que assinaram a ficha de apoio à criação da
Rede.
BRUNO BOGHOSSIAN
DO PAINEL
PAULO GAMA
DE SÃO PAULO
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