A organização americana Avoided Deforestation Partners (ADP) divulgou ontem novo estudo, explicando que a conservação da floresta amazônica, além de favorecer a economia norte-americana, resulta em ganhos para a agricultura brasileira.
A ADP gerou polêmica no Brasil ao produzir a pesquisa "Florestas lá, plantações aqui", divulgada no mês passado, segundo a qual a proteção de florestas no Brasil traria ganhos em competitividade à agricultura dos Estados Unidos. O objetivo do relatório era convencer senadores norte-americanos ligados ao agronegócio a aprovarem uma lei de mudanças climáticas, que prevê, entre outras coisas, incentivos a políticas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) em países com florestas.
No entanto, a conclusão do estudo vem sendo usada como argumento, no Congresso Nacional brasileiro, para justificar a aprovação de mudanças no Código Florestal. Os deputados federais Valdir Colatto (PMDB-SC) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) citaram o relatório, na Câmara dos Deputados, como prova de que proteger florestas brasileiras é atender a interesses dos Estados Unidos. Os parlamentares fazem coro ao discurso de que ONGs estrangeiras atuariam no país para "barrar o progresso" brasileiro, propondo leis ambientais.
Segundo Glenn Hurowitz, diretor da ADP, em entrevista à Folha de S. Paulo, o relatório foi bastante mal interpretado pelos seus críticos. "Ganhos para os Estados Unidos não significam perdas para o Brasil", disse. O novo estudo lançado pela ONG diz que, com a queda gradual do desmatamento, o Brasil pode melhorar sua receita em até US$ 300 bilhões.
More Forests, Better Farms: Gains for Brazil From Forest Protection
Nota da ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira sobre desmatamento e produtividade da agricultura
É óbvio que quaisquer restrições sobre a expansão espacial, horizontal das atividades agropecuárias - em relação a commodities comercializadas globalmente - tem o efeito de aumentar a rentabilidade de tais atividades, independentemente de onde forem conduzidas. Dessa forma, o aumento de rentabilidade que pode advir de um cenário de desmatamento zero no Brasil não vai beneficiar fazendeiros de um país específico. Tenderá sim a beneficiar os fazendeiros existentes, em qualquer lugar eles estejam. Adicionalmente, tanto pecuaristas quanto agricultores brasileiros se beneficiariam - os primeiros direta e os segundo, indiretamente - do aumento de produtividade na pecuária gerado pela restrição espacial, algo que já ocorre aqui e mais dificilmente poderia ocorrer em outros países.
De qualquer forma, estimar valores de tais benefícios iria requerer o uso de complexos modelos globais de equilíbrio geral e a consideração de muitas outras variáveis chave. Portanto, hoje é possível afirmar que haveria aumento de rentabilidade em geral, e que isso poderia ser especialmente significativo no Brasil, mas não quantificar valores.
Roberto Smeraldi
Diretor da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br
A ADP gerou polêmica no Brasil ao produzir a pesquisa "Florestas lá, plantações aqui", divulgada no mês passado, segundo a qual a proteção de florestas no Brasil traria ganhos em competitividade à agricultura dos Estados Unidos. O objetivo do relatório era convencer senadores norte-americanos ligados ao agronegócio a aprovarem uma lei de mudanças climáticas, que prevê, entre outras coisas, incentivos a políticas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD) em países com florestas.
No entanto, a conclusão do estudo vem sendo usada como argumento, no Congresso Nacional brasileiro, para justificar a aprovação de mudanças no Código Florestal. Os deputados federais Valdir Colatto (PMDB-SC) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) citaram o relatório, na Câmara dos Deputados, como prova de que proteger florestas brasileiras é atender a interesses dos Estados Unidos. Os parlamentares fazem coro ao discurso de que ONGs estrangeiras atuariam no país para "barrar o progresso" brasileiro, propondo leis ambientais.
Segundo Glenn Hurowitz, diretor da ADP, em entrevista à Folha de S. Paulo, o relatório foi bastante mal interpretado pelos seus críticos. "Ganhos para os Estados Unidos não significam perdas para o Brasil", disse. O novo estudo lançado pela ONG diz que, com a queda gradual do desmatamento, o Brasil pode melhorar sua receita em até US$ 300 bilhões.
More Forests, Better Farms: Gains for Brazil From Forest Protection
Nota da ONG Amigos da Terra - Amazônia Brasileira sobre desmatamento e produtividade da agricultura
É óbvio que quaisquer restrições sobre a expansão espacial, horizontal das atividades agropecuárias - em relação a commodities comercializadas globalmente - tem o efeito de aumentar a rentabilidade de tais atividades, independentemente de onde forem conduzidas. Dessa forma, o aumento de rentabilidade que pode advir de um cenário de desmatamento zero no Brasil não vai beneficiar fazendeiros de um país específico. Tenderá sim a beneficiar os fazendeiros existentes, em qualquer lugar eles estejam. Adicionalmente, tanto pecuaristas quanto agricultores brasileiros se beneficiariam - os primeiros direta e os segundo, indiretamente - do aumento de produtividade na pecuária gerado pela restrição espacial, algo que já ocorre aqui e mais dificilmente poderia ocorrer em outros países.
De qualquer forma, estimar valores de tais benefícios iria requerer o uso de complexos modelos globais de equilíbrio geral e a consideração de muitas outras variáveis chave. Portanto, hoje é possível afirmar que haveria aumento de rentabilidade em geral, e que isso poderia ser especialmente significativo no Brasil, mas não quantificar valores.
Roberto Smeraldi
Diretor da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Local: São Paulo - SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br
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