
Integrantes do comando da campanha de Dilma Rousseff, os dois vão decidir se convém ou não ao partido abrir um processo judicial contra Índio da Costa.
Candidato a vice na chapa de José Serra, Índio vinculou o PT à guerrilha colombiana e ao tráfico de drogas.
“Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior”, disse Índio. “Não tenho dúvida nenhuma disso”.
Perplexo, o petismo uniu-se num ponto e desuniu-se noutro. Está coeso na decisão de tratar Índio como um personagem “reles”, indigno de atenção.
O ponto que divide o partido é a conveniência de levar o vice que o DEM acomodou na chapa de Serra aos tribunais.
Líder de Lula na Câmara e integrante do comitê de Dilma, Cândido Vaccarezza defende a abertura do processo.
Ouça-se o que disse Vaccarezza ao blog: “Não creio que a gente deva valorizar um desqualificado. Não se deve dar cartaz a quem não merece cartaz...”
“...Mas defendo a abertura do processo para que as acusações levianas, fruto de molecagem, não passem em branco”.
Vaccarezza ironizou: “Não creio Serra esteja por trás do comportamento irresponsável de seu vice. O Índio deve ter tomado uma reprimenda, um puxão de orelhas”.
A despeito da ironia, segundo apurou o repórter, Serra e os operadores da campanha dele receberam com desconforto as declarações do vice Índio.
O candidato tucano e a cúpula do PSDB avaliaram que Índio exagerou na dose. E decidiram se dissociar das palavras do deputado ‘demo’, esquivando-se de endossá-las.
Na contramaré de Vaccarezza, José Eduardo Dutra deu a entender que a abertura de processo pode interessar mais a Índio do que ao PT.
“Esse Índio desqualificado quer ser processado. O problema é que ele não vale o custo do papel necessário para a petição”, disse Dutra.
No microblog, o presidente do PT antecipou a posição que deve levar à reunião desta segunda, com José Eduardo Cardozo.
Evocando um lendário aniquilador de índios, Dutra anotou: “[...] Adianto que não concordo em chamar o general Custer”.
Referia-se a George Armstrong Custer (1839-1876), que aparece na foto lá do alto. Oficial de cavalaria, tomou parte da Guerra da Secessão e das guerras contra os índios norte-americanos.
Depois de dizimar várias aldeias, Custer foi morto na célebre batalha de Little Bighorn, em Montana, no dia 25 de junho de 1876.
Prevaleceram sobre a 7ª Cavalaria de Custer os Cheyennes e os Sioux, sob a liderança dos caciques Touro Sentado e Cavalo Louco.
Assediado por internautas petistas que se incomodaram com o ataque do vice de Serra, Dutra evocou também uma data nacional brasileira, o Dia do Índio:
“Meus amigos, hoje é dia 18 de julho, não é dia 19 de abril. Vocês não acham que estão gastando muita vela com defunto ruim?”
Nesta terça (20), reúne-se o comando da campanha de Dilma. Se sobreviver até lá, a dúvida sobre a abertura do processo será submetida a esse colegiado maior.
Escrito por: Josias de Souza
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