Foto: Divulgação
Paramaribo, capital do Suriname, fica a 1063 km de BelémA comunidade brasileira na cidade de Albina, norte do Suriname, foi atacada na véspera de Natal, informou hoje (26) o Ministério das Relações Exteriores. Antes que a notícia virasse manchete nos principais sites brasileiros, a paraense Rosiene do Socorro, de 31 anos, acordou sobressaltada com o barulho do telefone na manhã de hoje.
Do outro lado da linha, sua mãe, que reside em Paramaribo, cidade vizinha à Albina, tentava pedir ajuda. “Ela estava chorando muito, eu mal entendia o que ela queria dizer. Pediu que eu procurasse a imprensa para contar que estavam matando muita gente lá em Paramaribo, mas ela não sabia o motivo. Ela disse que até mulher grávida, se anda na rua, tem a barriga cortada. É como uma grande rebelião”, contou. Atendendo o pedido da mãe, Rosiene tomou um banho rápido, pegou um ônibus e se dirigiu à redação do jornal Diário do Pará.
Ela conta que sua mãe, uma senhora de 54 anos, e seu filho mais velho, de 16, saíram de Belém em outubro de 2008, para buscar melhores condições de vida no Suriname. Alugaram uma casa em Paramaribo e, lá, a mãe conseguiu um emprego como cozinheira e depois como babá – funções que alterna conforme os dias da semana. Já o adolescente conseguiu uma vaga em uma loja de autopeças.
“Já tive vontade de ir pra lá também, mas minha mãe não deixa. Ela diz que é muito ruim lá, que tem muita prostituição”, conta. “Eles têm muita vontade de voltar, só que estão tentando conseguir mais dinheiro pra isso”, diz ela, segurando pela mão o filho caçula, de 11 anos. A outra filha, de 13, ficou em casa, esperando o telefone tocar trazendo mais notícias. Enquanto isso, Rosiene espera, tomada por um sentimento de impotência. “Estou muito triste, muito preocupada. Meu grande medo é que eles sejam atacados também, que eles sofram alguma violência. Quero ajuda”, apela, nervosa.
ATAQUES
O ataque, realizado contra um grupo de 80 brasileiros que vivem em Albina, cidade do Suriname a 150 quilômetros da capital Paramaribo, deixou 14 feridos. Sete estão em estado grave e uma mulher grávida perdeu o bebê. A informação foi confirmada agora há pouco pelo Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o embaixador brasileiro no Suriname, José Luiz Machado e Costa, as informações disponíveis são de que um brasileiro teria matado um morador local depois de uma briga na véspera de Natal. Em retaliação, os brasileiros foram agredidos por um grupo de moradores locais.
Em entrevista concedida à TV Globo e à rádio CBN, Machado e Costa disse que os brasileiros foram socorridos pelo Exército do Suriname e transportados para a capital do país. Eles estão agora em dois hotéis e recebendo tratamento médico.
O embaixador disse que o governo local foi "impecável", resgatando os brasileiros e prestando assistência. Ainda segundo Machado e Costa, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) pode ser enviado ao local com suprimentos.
A reportagem tenta contato com o Consulado Honorário do Suriname em Belém. Mais informações em instantes.
Atualizada Às 15h20
(Diário Online e Agência Estado)
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