quinta-feira, 5 de maio de 2011

Social-democracia tupiniquim descerá, enfim, à cova

Humberto
Durante os oito anos de reinado de FHC foram muitas as tentativas de intrigar o PSDB com o DEM.

Exergava-se no esforço pela separação um quê de civismo. Era preciso salvar a alma do PSDB, ativando-lhe a memória.

O longo convívio fizera o tucanato esquecer de suas origens. Olvidara-se de que, na certidão de nascimento, era social-democrata.

Aos pouquinhos, foi abandonando a castidade, rendeu-se à lascívia, encantou-se com os prazeres do fisiologismo.

O DEM, nessa época ainda PFL, pressentiu que a relação tinha futuro quando leu o Max Weber que FHC esquecera sobre a TV.

Adorou o trecho que falava das duas éticas. Aderiu instantaneamente à “ética da responsabilidade”.

Em vários momentos, o rompimento esteve na bica de acontecer. Emperrava na hora da partilha dos bens.

O pefellê abria mão de tudo, menos do Palácio do Planalto. ACM insinuava que FHC também pertencia ao PFL.

Sem acordo quanto à divisão do patrimônio, o matrimônio foi mantido. Sobreviveu, aos trancos, fora do poder.

Agora, num estreitamento definitivo das diferenças, PSDB e DEM cogitam fundir-se. Diz-se que a fusão virá depois da eleição de 2012.

Fragilizadas por um emagrecimento involuntário, as duas legendas vão virar uma. Farão por precisão o que não fizeram por opção.

A pseudosocial-democracia do tucanato, cadáver insepulto, vai finalmente descer à cova. Descansará em paz.

Recomenda-se reservar ao lado espaço para outra sepultura. Ali, no futuro, será enterrado o pseudosocialismo do PT, temporariamente amasiado com o PMDB.

- Em tempo: Ilustração via 'Jornal do Commercio'.



Escrito por Josias de Souza às

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