BRASÍLIA — O ministro Joaquim
Barbosa será formalmente eleito, nesta terça-feira, presidente do Supremo
Tribunal Federal, tornando-se o primeiro negro a assumir o cargo. Na Corte
desde 2003, hoje com 58 anos — completados no domingo —, o relator do processo
do mensalão conquistou simpatia popular, mas angariou desafetos no STF,
protagonizando, nos últimos anos, embates virulentos com colegas. Dos mais
recentes confrontos com o revisor da ação penal que trata do mensalão, ministro
Ricardo Lewandowski, a discussões com Marco Aurélio Mello e críticas ao
ex-ministro Cezar Peluso.
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capacidade de Barbosa presidir STF
Barbosa sugere que Marco Aurélio só é
ministro por ser parente de Collor
Responsável pelos votos que
estão condenando a maior parte dos réus por operar esquema de compra de votos
no governo Lula — presidente que o indicou para a Corte —, Barbosa fez questão
de ser duro para defender seus pontos de vista. Contrariado, não mede palavras
para rebater as críticas. O tom que adotou com Lewandowski levou Marco Aurélio
a manifestar preocupação com a maneira como Barbosa presidirá o STF. Foi o
suficiente para Barbosa devolver as críticas em nota, lembrando o parentesco de
Marco Aurélio com Collor e acusando o colega de ser a maior dor de cabeça para
quem ocupa a presidência do Supremo.
Quando foi indicado por Lula,
o mineiro de Paracatu contou que o estudo o ajudou a romper as barreiras
impostas pela discriminação. Joaquim Benedito Barbosa Gomes é filho de pai
pedreiro e mãe dona de casa.
— Era de uma família pobre,
lutei e consegui, mas sei que outros, nas mesmas condições, com a mesma
vontade, não conseguiram, pois o sistema educacional cria mecanismos poderosos
de exclusão de negros.
Barbosa se mudou para
Brasília jovem, morando de favor na casa de parentes. Foi faxineiro e trabalhou
na gráfica de um jornal. Completou o ensino médio em escola pública. Estudou
muito para entrar na Universidade de Brasília, onde formou-se em Direito. Na mesma
turma, estava o futuro colega e muitas vezes desafeto no STF Gilmar Mendes. Os
dois voltariam a se encontrar no Ministério Público Federal. Foi também
procurador no Rio de Janeiro. Doutor em Direito Público
pela Universidade de Paris-II, atuou como professor visitante da School of Law
da Universidade da Califórnia em
Los Angeles (UCLA) e professor de Direito Público da Uerj.
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O Globo
Publicado: 10/10/12 - 8h00
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