segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Discurso de Dudimar causa preocupação na área mineral

O Deputado Federal quer a regulamentação da extração de ouro na Província Aurífera do Tapajós e paralização imediata das dragas que estão causando a destruição do leito do rio.


Deputado Federal Dudimar Paxiúba


Água do Tapajós amarelada pela ação da draga
Dois dias após o discursos do deputado federal Dudimar Paxiúba(PSDB) na tribuna da Câmara, quando chamou a atenção de todo o Brasil para a problemática de poluição do Rio Tapajós pela garimpagem desordenada no leito do rio acometida por dragas e em seus afluentes com a utilização de retroescavadeiras de grande portes, as conhecidas PCs, chegou a Itaituba uma equipe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para fazer um levantamento sobre a legalização dos garimpos na região do Tapajós.
Draga trabalhando e a devastar da margem do rio
A chegada da equipe provocou uma reunião para discutir o assunto na sede da AMOT, na manhã de quarta feira, 17, com a participação do Presidente da Associação dos Mineradores de Ouro do tapajós, Antunes Antunes, o Secretário Municipal de Meio Ambiente e Produção Ivo Lubrina, do prefeito Valmir Clímaco e Ricardo Paraíba do (DNPM) de Brasília.
Segundo Ricardo está sendo feito um levantamento das áreas de produção na região e logo após, o processo será colocado em ponto de obtenção de Licencia Ambiental, para a emissão de posteriores dos títulos. Informando que cerca de 13.400 processos de área de garimpo estão em andamento no DNPM e aproximadamente 5% das áreas estão em operação, Ricardo afirmou que o objetivo do departamento é identificar quais as áreas que estão em operação para dar agilidades nos processos de legalização e tirar os garimpeiros da ilegalidade.
Retro (Modelo PC) trabalhando no garimpo
Em seu discurso na Câmara federal, Dudimar Paxiúba, logo após homenagear os professores pela passagem de seu dia, falou sobre a agressão ambiental que o Rio Tapajós está sofrendo com a garimpagem descontrolada e cobrou providências das autoridades responsáveis, lembrando que a Cosanpa capta água direto do leito do rio. Por isso, o itaitubense que têm esse serviço em casa está consumindo água com lama e produtos químicos.

O discurso do parlamentar itaitubense gerou opiniões nos diversos setores da sociedade. Na Câmara Municipal, o vereador João Crente usou a tribuna para falar sobre o discurso do deputado, parabenizando-o pela denúncia contra a exploração ilegal de ouro na região do Tapajós, afirmando que as pessoas que fazem exploração ilegal não gera empregos, não paga impostos para o município, não compra no comércio local e nem mesmo o ouro vende em Itaituba, deixando para o município somente os danos ambientais.
Balsa no leito do Rio Tapajós
Referindo-se ao discurso do deputado, o Presidente da AMOT, Dr. Antunes, disse que se houver uma intervenção federal nos garimpos do município, o único culpado será o governo do estado, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, que não concede licencias ambientais as áreas de garimpo. Segundo o sindicalista, com a lei complementar 140 dando essa competência ao estado desde dezembro, o DNPM não pode expedir as Permissões de Lavra Garimpeira às (PLGs). Antunes disse ainda que o Estado estaria se omitindo de suas competências e não olhando para o Tapajós, já que vários processos com taxas pagas estariam parados na SEMA estadual.
Consultor Mineral Seme Sefriam
Para o consultor mineral Seme Sefrian, o discurso de Dudimar gerou preocupação junto aos mineradores que atuam na Província Aurífera do Tapajós, considerando que Dudimar teria solicitado uma possível intervenção federal na região visando a preservação do meio ambiente ao que se refere ao rio Tapajós. Seme disse que vivemos em meio a mais rica biodiversidade incorporada ao bioma amazônico com uma riqueza incalculável que deve e pode ser fator de desenvolvimento humano através da extração do minério que aqui se encontra, entretanto, o trabalho de extração gera impacto ambiental, mas que pode ser recuperado a partir da legalização das áreas minerais.
Segundo Sefrian, uma intervenção federal representa retroagir no desenvolvimento do município e assumir a incapacidade de resolver os problemas aqui existentes, trazendo sérios prejuízos com o desemprego de mais de 40 mil garimpeiros que hoje se encontram trabalhando na exploração mineral na região, acrescentando que a preocupação com a preservação do meio ambiente parte da necessidade de regularização das áreas que estão sendo trabalhadas. “Com a formalização dessas áreas vêm as responsabilidades sobre quem as explora no sentido de recuperá-las. Sem a legalização, ficam as áreas degradadas e a maior parte do minério é vendido de forma clandestina, deixando para o município somente as mazelas, a exemplo do que vem acontecendo ao longo dos anos”.
Casal navega nas águas barrentas do Tapajós
Seme concluiu afirmando que em seu entender, em momento algum o deputado se demonstrou contrário a exploração mineral na região, mas sim a sua preocupação com a forma com que a exploração está sendo feita. “Nós esperamos que a partir de então surja uma parceria entre mineradores e o deputado no sentido de cobramos do governo do estado a formalidade da mineração em nossa região, dando condições para que todos possam trabalhar e ao mesmo tempo cobrando as responsabilidades para com a preservação ambiental,” concluiu o consultor mineral.
 

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