terça-feira, 22 de setembro de 2009
China vai garantir o crescimento do setor mineral nos próximos anos
Data:23/9/2009 - Hora:00:22
Paulo Leandro Leal
De Belo Horizonte
A China vai liderar as importações mundiais de minério nos próximos anos e será o grande motor do desenvolvimento do setor de mineração, mas a retomada dos investimentos ao patamar do período pré-crise não vai acontecer no curto prazo. Estas são algumas das principais avaliações feitas por especialistas no 13º Congresso Brasileiro de Mineração, realizado em conjunto com a Exposição Internacional de Mineração (Exposibram) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Para Paul Gray, analista da Goldman Sachs, a China é exceção no cenário econômico e apresenta expectativa de crescimento anual de 8%. "Estimamos que o país importe até 90% do minério de ferro do mundo nos próximos anos", afirmou, destacando que o país asiático deve ter um crescimento real do PIB no ano que vem de 12%. A dependência do setor em relação à China deve aumentar, segundo o analista, que alerta que uma grande preocupação é que a China vem demonstrando uma capacidade de investimentos maior do que o consumo e que o crescimento pode não ser sustentável.
"A China é que tem levado o setor mineral adiante nos últimos anos, com o seu crescimento", disse o consultor e ex-Primeiro Ministro da Austrália Ocidental, Hon Richard Court, da GRD Minproc. Ele informou que a Austrália fornece hoje 40% do minério importado pela China. Court alertou que os chineses sentiram o aumento dos preços do minério antes da crise e que os exportadores devem ficar atentos em manter os preços competitivos. "Só assim será possível evitar perda para mercados como a África, que tem atraído crescentes investimentos por parte da China", alertou.
Chairman da BHP Billiton Brasil, Eleazar de Carvalho Filho acredita que vai haver uma mudança na geografia mundial. Segundo ele, os Estados Unidos tem uma capacidade grande de recuperação, mas o motor inicial do crescimento neste momento pós-crise será mesmo os países emergentes, especialmente a China. O Diretor-Superintendente da Votorantim is, João Bosco Silva, partilha da opinião, reforçando que o crescimento econômico deve ser puxado pelo país asiático.
Retomada lenta - Para o presidente da IMS Engenharia Mineral, Juvenil Félix, as empresas minerárias fizeram a coisa certa no momento de crise, mas a retomada vai acontecer nos médio e longo prazos. "As empresas foram ágeis, se reestruturaram, pararam o que tinham de parar, fizeram demissões estratégicas, mantendo o pessoal indispensável para a retomada do setor", disse, destacando que há uma perspectiva positiva para o setor nos próximos anos.
Empresas já incorporaram a sustentabilidade
As questões de sustentabilidade e de meio ambiente não são vistas pelo setor mineral como ameaças. Foi o que disseram especialistas que participaram do Talk Show "A mineração e o novo cenário socioeconômico", realizado no primeiro dia do 13º CBM. O tema foi debatido pelo Chairman da BHP Billiton Brasil, Eleazar de Carvalho Filho, pelo Diretor-Superintendente da Votorantim is, João Bosco Silva e pelo Presidente da IMS Engenharia Mineral, Juvenil Félix, foi mediado pelo jornalista William Waack.
Para Eleazar de Carvalho, as empresas incorporaram o conceito de sustentabilidade à sua prática e não existe nenhuma incompatibilidade. Segundo ele, exigências ambientais existem em todos os países minerais, portanto esta questão não influi na competitividade das empresas instaladas no Brasil. "Todo projeto de mineração nasce dentro do conceito de sustentabilidade", disse.
"Sustentabilidade é parte do nosso negócio", reforça João Bosco, argumentando que no Brasil as empresas obedecem a rígidas leis ambientais e que a crise econômica internacional não afetou os projetos ambientais das empresas. Juvenil Félix acrescenta que as empresas se adaptaram a trabalhar com o conceito de sustentabilidade e que a atividade melhora as condições socioeconômicas, preserva o meio ambiente e convive bem com comunidades tradicionais.
Custos - A competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional também foi assunto do Talk Show. "Os empresários não influenciam o câmbio nem determinam o preço do minério. A única forma de se ampliar a competitividade é reduzir os custos de produção", observou Bosco. Segundo Félix, os investimentos em infraestrutura, a ampliação do crédito e a redução da carga tributária são fundamentais para o País.
Fonte: Redacão Ecoamazônia
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