sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Na Amazônia, não ser sustentável é mais caro, avalia diretor da Alcoa

Data:24/9/2009 - Hora:15:25

Paulo Leandro Leal
De Belo Horizonte

Na Amazônia, as empresas que avaliarem que os investimentos em sustentabilidade são custos desnecessários e decidirem ignorar as questões ambientais dificilmente terão condições de trabalhar. A avaliação foi feita em mais um dia do Congresso Brasileiro de Mineração, realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) em Belo Horizonte (MG). No seminário sobre a sustentabilidade do setor mineral, a mina de bauxita da Alcoa no município de Juruti foi apresentada como um modelo de implantação de um projeto mineral de forma sustentável em plena Amazônia.

O diretor de Assuntos Institucionais da Alcoa, Nemércio Nogueira, falou sobre a sustentabilidade como um valor para a empresa e alertou aqueles que avaliam que os investimentos das empresas em ações sustentáveis aumentam o custo da produção e reduz a competitividade: "Não ser sustentável na Amazônia sai muito mais caro". Ele explicou como que o termo sustentabilidade se transformou em um slogan de marketing. "A Alcoa adota o slogan Sustentabilidade é a Nossa Natureza, porque a empresa se acha no direito de usar este slogan", destacou o diretor.

Ele apresentou um resumo das atividades da mineradora no Brasil desde a de do século passado, quando o termo desenvolvimento sustentável ainda não existia e a legislação ambiental era mais amena. "A fábrica de alumínio em São Luís do Maranhão foi instalada na década de 70 sob conceitos ambientais sofisticados, mesmo 30 anos atrás", explicou Nemércio, acrescentando que há quase meio século a Alcoa já reflorestava áreas mineradas, mesmo não sendo esta uma obrigação legal.

Sobre a mina de bauxita de Juruti, inaugurada este mês, Nemércio disse que a Alcoa tem a pretensão de ser exemplo de mineração para o século XXI. "O objetivo é trabalhar para quando o recurso se exaurir a comunidade esteja melhor e não precise da Alcoa para sobreviver", disse, detalhando que no mundo de hoje a sustentabilidade não é mais uma opção, como há 30 anos, mas uma exigência da sociedade, que aprimorou seus valores e possui necessidades cada vez mais complexas.

O presidente do Conselho Internacional e Mineração (ICMM), Anthony Hodge, apresentou um histórico do setor em relação à sustentabilidade. Segundo ele, na década de 90 as empresas minerárias sofreram uma grande pressão mundial para melhorar as suas práticas, inclusive com o corte de financiamento pelas instituições financeiras. "A mineração nem sempre foi algo do que nos orgulhamos", admite, ressaltando que o setor de mineração adotou então medidas que visavam gerar mudanças globais na atividade, incorporando o conceito de sustentabilidade.

Hodge reconhece que ainda existem muitas minas operando que foram abertas na década de 60, ainda com a mentalidade antiga, e que é um grande desafio o fechamento destas minas. "As primeiras idéias de recuperação de áreas mineradas surgiram na década de 70, mas previam apenas a recomposição da cobertura vegetal, não levando em conta outros aspectos sociais", disse, destacando que atualmente um projeto mineral para ser implantado tem que ser pensado desde a construção da mina até o seu fechamento. "As empresas precisam pensar o ciclo completo", disse.

O presidente do ICMM apresentou o que chamou de sete grandes questões para a sustentabilidade no setor. A primeira delas diz respeito ao relacionamento entre o projeto e as pessoas interessadas. Outra é saber se como resultado do projeto as pessoas estarão melhor no futuro? Uma terceira questão é saber se no longo prazo haverá melhorias para o meio ambiente e a quarta se o projeto vai gerar resultados econômicos positivos. A quinta questão apontada por Hodge trata da preservação da cultura e das tradições locais, a sexta questiona de as regras e as instituições estão funcionando adequadamente e, por último, se o empreendimento está gerando aprendizado e conhecimento para o futuro.



Fonte: Redacão Ecoamazônia

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