sexta-feira, 25 de setembro de 2009

G20 vai manter estímulos e reparar sistema financeiro

25/09/2009 - 20h26
Publicidade
da Reuters, em Pittsburgh
As nações ricas e em desenvolvimento que integram o Grupo dos 20 declararam nesta sexta-feira que foi um sucesso o esforço para combater a crise mundial e prometeram dar às potências emergentes, como a China, maior participação na reconstrução e condução da economia global.

Na declaração divulgada no final de dois dias de encontros, o G20 prometeu manter os apoios econômicos de emergência até que a recuperação sustentável esteja assegurada, lançar um esboço de ação conjunta para reequilibrar o crescimento econômico e adotar regras mais duras para os bancos até 2012.

"Aqui em Pittsburgh, líderes representando dois terços da população do planeta concordaram com um plano global para empregos, crescimento e recuperação econômica sustentável", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown.

A primeira grande cúpula que teve o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, como anfitrião terminou em um tom otimista, com líderes clamando vitória por terem impedido que a recessão se transformasse em uma depressão.

"Funcionou", disseram eles no comunicado final. "Nossa potente resposta ajudou a estancar o perigoso e agudo declínio na atividade global e a estabilizar os mercados financeiros."

O encontro de Pittsburgh foi a terceira cúpula em um ano do G20, que afirmou ser agora o "fórum principal" para cooperação econômica, suplantando o G7 e o G8, dominados pelo Ocidente e que havia décadas eram os fóruns internacionais mais importantes.

A ação foi um claro reconhecimento de que países em rápida expansão, como China e Índia, agora desempenham um papel muito mais importante no crescimento mundial.

"Este movimento em direção ao G20, e se distanciando do G7, está reconhecendo realidades econômicas. Não se pode falar sobre a economia mundial sem ter na mesa as grandes economias emergentes e dinâmicas", disse à TV Reuters o vice-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional, John Lipsky.

A revelação da existência de uma segunda usina iraniana de enriquecimento de urânio deu a Obama, com apoio dos líderes da Grã-Bretanha e França, uma oportunidade para pressionar por uma ação conjunta contra o Irã em relação a seu controverso programa nuclear.

Serviço por fazer

No entanto, ainda há tarefas econômicas a serem cumpridas.

O G20 se comprometeu a não retornar ao "comportamento descuidado", responsabilizado por desencadear a crise financeira que explodiu dois anos atrás, quando a derrocada do sistema imobiliário dos Estados Unidos causou perdas catastróficas no setor financeiro em todo o mundo.

"Um senso de normalidade não deve conduzir à complacência", disseram os líderes do G20 no comunicado.

"Nós queremos crescimento sem ciclos de explosão da expansão da economia seguidos de quedas, e mercados que alimentem responsabilidade e não a negligência", salientou o G20.

Além de reformas regulatórias, que se espera sejam elaboradas até o fim de 2010 e postas em operação dois anos depois, o G20 se voltou para os pagamentos extravagantes para banqueiros, embora não tenha ficado claro se as medidas definidas vão estabelecer um limite para compensações.

Os líderes do G20 também concordaram em mudar a distribuição do poder de voto no FMI (Fundo Monetário Internacional), favorecendo países subrepresentados, como a China, em detrimento de nações ricas, em um outro sinal de que o mundo desenvolvido aceitou a mudança no equilíbrio do poder econômico.

No comunicado, o G20 endossou um plano para remover em etapas subsídios aos combustíveis fósseis, como um meio de combater o aquecimento global, e ampliar os esforços para completar a Rodada de Doha de conversações para a liberalização do comércio mundial.

Reequilíbrio do crescimento

Os líderes mundiais também aprovaram iniciativa liderada pelos EUA de remodelar a economia mundial para aliviar o problema dos imensos superávits de potências exportadoras, como a China, e os grandes déficits de grandes economias importadoras, como os EUA.

Obama quer que os EUA rompam com seu esquema de tomar emprestado e emprestar e se empenhem em economizar e investir, mas isso significa que países como a China, que dependem de exportações para crescer, têm de se ajustar.

Os líderes do G20 concordaram em trabalhar em conjunto para coordenar suas políticas domésticas e avaliar se elas são "coletivamente consistentes com crescimento mais sustentável e equilibrado."

Mantidos à distância do centro de convenções onde se realizou o encontro do G20, cerca de 10 mil manifestantes fizeram passeatas contra o capitalismo e a agenda do G20.

Houve apenas uma detenção nesta sexta-feira e o clima era alegre, em total contraste com os protestos de quinta-feira, quando houve confrontos com a polícia e dezenas de prisões.

Fonte: Folha Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário