quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Supremo pode 'esvaziar' hoje Lei da Ficha Limpa.

"Alvo. TSE barrou candidatura de Roriz ao governo do DF"
Responsável por afastar das eleições deste ano os candidatos com folha corrida na Justiça, a Lei da Ficha Limpa deve começar hoje a ser 'esvaziada' pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Resultado de um projeto de iniciativa popular, aprovada por todos os senadores e pela maioria dos deputados, a lei tem o apoio de 85% dos eleitores, conforme pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgada ontem. Mesmo com esse histórico, a lei pode ser derrubada ou passar a valer apenas para as próximas eleições, em 2012.

Os ministros julgam hoje o recurso do candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que barrou sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa.

Roriz é inelegível, conforme a nova lei, porque renunciou ao mandato de senador em 2007 para escapar de um processo de cassação por quebra de decoro, flagrado em conversa telefônica discutindo a partilha de R$ 2,2 milhões com um empresário.

No processo, os advogados de Roriz pedem que a nova lei só tenha validade a partir das próximas eleições. Argumentam que em 2007 não havia previsão de que a renúncia deixaria Roriz inelegível e, por isso, a lei não poderia se aplicar ao seu caso.

Mas o resultado do processo dependerá, inicialmente, da discussão entre os ministros. Parte deles defende a discussão da constitucionalidade da lei, entre eles o relator do caso, ministro Carlos Ayres Britto.

Outra parte, incluindo os advogados de Roriz, argumenta que bastaria dizer que, de acordo com a Constituição, a lei só poderia valer para as próximas eleições e não produziria efeitos sobre candidatos que renunciaram ou foram condenados por órgãos colegiados da Justiça antes de aprovado o dispositivo.

No cerne da discussão está a estratégia dos dois grupos de ministros. Os que não escondem críticas à lei argumentam que o STF deve julgar o caso sem declarar a inconstitucionalidade da lei. Assim, em caso de empate, o presidente, ministro Cezar Peluso, poderia votar novamente.

Peluso é um dos que contestam a lei e cita, inclusive, julgamentos ocorridos na ditadura militar contra a inelegibilidade de políticos que não tenham sido condenados em definitivo. Ministros que, ao contrário, defendem a aplicação da Ficha Limpa já nestas eleições, querem julgar sua constitucionalidade.

Pelos prognósticos, o julgamento poderia terminar empatado. Nesse caso, Peluso não poderia votar duas vezes e a lei não poderia ser declarada inconstitucional, mas Roriz teria o recurso negado, conforme determina o regimento interno do tribunal.

A polêmica, caso não haja pedido de vista, possibilidade admitida ontem por ministros, pode levar o julgamento até amanhã. Ministros dizem que a proximidade das eleições obriga a corte a dar uma resposta definitiva sobre o tema. A dúvida é sobre o destino da lei, mas sua aplicação imediata já provocou efeitos. Roriz, que liderava as pesquisas de opinião, foi ultrapassado por Agnelo Queiroz (PT) após ter a candidatura barrada.

Dida Sampaio/AE
Fonte: msn.com

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