quinta-feira, 21 de março de 2013

Análise: Deputado pastor parece ter bom senso de oportunidade.


"Estou me sentindo perseguido como aquela cubana lá. Como é o nome? A Yoani Sánchez", disse o deputado e pastor Marcos Feliciano (PSC-SP), alvo diário de protestos desde o instante de sua indicação para a Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Interessante aí é reparar na escolha da personagem. Talvez diga algo sobre o senso de oportunidade do pastor. É atualizado, rápido. Tem até um certo link ideológico: "A inimiga do meu inimigo é minha amiga", ele poderia dizer.

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Feliciano disse muito mais nos últimos dias. Apresentou-se como um homem "perseguido por sua fé". A ideia de perseguição religiosa, muito cara na doutrina evangélica, tem sido repetida à exaustão em cultos, entrevistas e em sua ativa conta no Twitter.

A turma do YouTube não ficou para trás. Foi contemplada com o vídeo que ele não sabe quem fez, mas curiosamente divulgou e aparece chorando (ou supostamente chorando) em close no final.

VÍTIMA

Numa entrevista negociada para ser exclusiva, Feliciano disse que é ele a vítima de discriminação. E que seus direitos estão sendo tolhidos.

Feliciano continuou dizendo. Afirmou nos últimos dias que estava recebendo ameaças de morte. Aos microfones, anunciou que iria pedir proteção para a Polícia Legislativa e para a Polícia Federal.

O Feliciano que disse tudo isso também disse na tal exclusiva que está sofrendo tudo "caladinho". Caladinho?

Quem melhor matou a charada foi o deputado Hugo Leal (RJ), seu colega de partido, conforme reproduziu o jornal "O Globo" ontem.

Numa reunião da bancada, Leal teria dirigido a seguinte reclamação a Feliciano: "Você é cantor, vende CDs, faz palestras. O problema não é você defender o que pensa, mas a forma como está fazendo. Só você ganha com isso. Dessa forma, está sendo ruim para o partido e para a Câmara".


RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE "PODER"

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