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Vaticano
cancela congresso que ia promover células
estaminais embrionárias
VATICANO,
04 Abr. 12 / 04:00 pm (ACI/EWTN Noticias) O Vaticano cancelou um controvertido
congresso, promovido pela Pontifícia Academia para a Vida, que ia permitir a
apresentação em Roma de pesquisadores que apóiam o uso de embriões humanos para
a obtenção de células estaminais, algo que é rechaçado pela doutrina católica.
O
Terceiro Encontro Internacional para Responsáveis de Pesquisas com Células
Estaminais estava programado para realizar-se entre o dia 25 e 28 de abril no
Vaticano.
A
palestra principal ia dar George Daley do Harvard Stem Cell Institute, um
pesquisador que utiliza embriões humanos para obter células estaminais, uma
prática condenada pela Igreja por atentar contra a vida humana que já está
presente no embrião ou zigoto.
Um
membro da Pontifícia Academia para a Vida que preferiu não ser identificado,
disse ao grupo ACI que "estou imensamente aliviado pelo fato que a Igreja
impediu que se realizasse um erro grave que teria confundido aos fiéis por
várias décadas".
"O
Espírito Santo certamente mostrou estar presente através dos membros fiéis que
alertaram sobre a ambigüidade da eleição dos palestrantes. Espero e rezo para
que se avaliem as bases sobre as que se planejou este congresso",
acrescentou.
Outros
dois participantes do evento eram Alan Trounson do Califórnia Institute for
Regenerative Medicine e John Wagner do Instituto de Pesquisa de Células
Estaminais da Universidade de Minnesota. Ambos apóiam claramente a investigação
com células estaminais embrionárias.
Outro
membro da Pontifícia Academia para a Vida, que também solicitou não ser
identificado, disse ao grupo ACI que "a notícia do cancelamento do
congresso é um grande alívio para muitos membros da Pontifícia Academia para a
Vida, que viam que a presença no programa de muitos palestrantes, incluindo os
principais que estão comprometidos com a investigação das células estaminais
embrionárias, era uma traição à missão da Academia e um escândalo
público".
Funcionários
da Pontifícia Academia para a Vida defenderam previamente a inclusão dos
pesquisadores de células estaminais embrionárias para o congresso deste mês.
Afirmaram que estes cientistas eram também peritos em células estaminais
adultas e não usariam o evento para promover perspectivas contrárias aos ensinamentos
da Igreja Católica.
"Dado
que os superiores da Academia durante meses resistiram a que estes palestrantes
sejam removidos do programa, assumo que foram obrigados a tomar essa decisão de
cancelar em virtude às diretivas que chegaram de um nível mais alto da
Cúria", disse o segundo membro da Pontifícia Academia.
A
doutrina católica alenta a pesquisa com células estaminais obtidas de pessoas
adultas ou de outras fontes que não suponham a eliminação de um ser humano,
como as que se obtêm, por exemplo, de cordões umbilicais de recém-nascidos.
Entretanto condena a pesquisa com as células estaminais que provêm de embriões
humanos porque implicam sua eliminação, quer dizer, um aborto. Além disso, o
uso de células não embrionárias mostrou importantes resultados científicos e as
que supõem o aborto fracassaram repetidamente.
Papa Bento XVI: A Igreja vive numa situação
"muitas vezes dramática", mas a desobediência não é "um
caminho" para a renovar: Bento XVI na homilia da Missa Crismal
(5/4/2012)
Bento XVI presidiu hoje à Missa Crismal, na Basílica de São Pedro, perante
cerca de 1600 sacerdotes da Diocese de Roma, deixando duras críticas aos
subscritores de um "apelo à desobediência", promovido por padres
austríacos.
O
Papa reafirmou as "decisões definitivas do magistério" católico,
aludindo especificamente à questão relativa à ordenação sacerdotal das
mulheres, "a propósito da qual o beato Papa João Paulo II declarou de
maneira irrevogável que a Igreja não recebeu, da parte do Senhor, qualquer
autorização para o fazer".
Na
celebração que deu início à Quinta-feira Santa, no Vaticano, Bento XVI admitiu
que a Igreja vive numa situação "muitas vezes dramática", mas
sublinhou que a desobediência não é "um caminho" para a renovar a
Igreja.
"Não
anunciamos teorias nem opiniões privadas, mas a fé da Igreja da qual somos
servidores", frisou.
O
"apelo à desobediência", a que o Papa se referiu na sua homilia, foi
lançado em 2011 por cerca de algumas centenas de padres na Áustria, com o apoio
do movimento 'Nós Somos Igreja', e tem-se alargado a outras nações.
O
documento exige o fim do celibato obrigatório, a ordenação sacerdotal de
mulheres, a ordenação sacerdotal de homens casados na Igreja de rito latino, a
comunhão para os divorciados em segunda união ou um maior protagonismo para os
leigos.
Para
Bento XVI, não é possível "dar crédito" aos autores deste apelo
quando dizem que "é a solicitude pela Igreja que os move, quando afirmam
estar convencidos de que se deve enfrentar a lentidão das instituições com
meios drásticos para abrir novos caminhos, para colocar a Igreja à altura dos
tempos de hoje".
O
Papa voltou a questionar se a desobediência "será verdadeiramente um
caminho" a seguir para "uma verdadeira renovação", ou, pelo
contrário, não é apenas "um impulso desesperado de fazer qualquer
coisa", de transformar a Igreja segundo desejos e ideias pessoais.
"Deus
não olha para os grandes números nem para os êxitos exteriores, mas consegue as
suas vitórias sob o sinal humilde do grão de mostarda", assinalou.
Neste
contexto, Bento XVI pediu que os padres sejam "homens que atuam a partir
de Deus e em comunhão com Jesus Cristo", o que, do seu ponto de vista,
exige duas coisas: "uma união íntima, mais ainda, uma configuração a
Cristo e, condição necessária para isso mesmo, uma superação de nós mesmos, uma
renúncia àquilo que é exclusivamente nosso, à tão falada autorrealização".
A
homilia papal deixou ainda preocupações com o "analfabetismo
religioso" que cresce no meio da atual sociedade e com "as pessoas
que, relativamente à verdade, se encontram na escuridão".
"Enquanto
sacerdotes, preocupamo-nos naturalmente com o homem inteiro, incluindo
precisamente as suas necessidades físicas: com os famintos, os doentes, os
sem-abrigo; contudo, não nos preocupamos apenas com o corpo, mas também com as
necessidades da alma do homem: com as pessoas que sofrem devido à violação do
direito ou por um amor desfeito; com as pessoas que, relativamente à verdade,
se encontram na escuridão; que sofrem por falta de verdade e de amor.
Preocupamo-nos com a salvação dos homens em corpo e alma, explicou.
Durante
a celebração foram abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos e
consagrado o óleo do crisma, os quais serão levados esta tarde pelos padres de
Roma para todas as paróquias, onde são utilizados na celebração dos sacramentos
do Batismo, Crisma, Ordem e Unção dos Doentes.
Os
cardeais, bispos e padres presentes renovaram as promessas feitas na sua
ordenação sacerdotal.
5-
O valor da vida humana não decorre da duração dessa mesma vida, ou do grau de
satisfação que ela possa trazer aos outros, ou a ela própria. O ser humano é
respeitável sempre, por ele mesmo; por isso, sua dignidade e seu direito à vida
é intocável.
6-
O cerne de toda a questão está nisso: os anencéfalos são "seres humanos"?
São "seres humanos vivos"? Apesar dos argumentos contrários, não há
como colocar em dúvida a resposta afirmativa às duas perguntas. Portanto, daí
decorre, como conseqüência, que ele deve ser tratado como "ser humano
vivo".
7-
Permanece, de toda maneira, válido que só Deus é senhor da vida e não cabe ao
homem eliminar seu semelhante, dando-lhe a morte; nem mesmo aqueles seres
humanos que não satisfazem aos padrões estéticos, culturais, ou de
"qualidade de vida" estabelecidos pela sociedade ou pelas ideologias.
A vida humana deve ser acolhida, sem pré-condições; não somos nós que damos
origem a ela, mas ela é sempre um dom gratuito. Não é belo, não é digno, não é
ético, diante da vida humana frágil, fazer recurso à violência, ou valer-se do
poder dos fortes e saudáveis para dar-lhe o fim, negando-lhe aquele pouco de
vida que a natureza lhe concedeu. Digno da condição humana, nesses casos, é
desdobrar-se em cuidados e dar largas à solidariedade e à compaixão, para
acolhê-la e tratá-la com cuidado, até que seu fim natural aconteça.
Cardeal
Odilo Pedro Scherer
Arcebispo
de São Paulo
Bebês anencefálicos podem ser abortados?
"A
vida humana deve ser acolhida, sem pré-condições", defende Dom Odilo
O
tema representa um sério desafio atual, a ser abordado com serenidade e
objetividade, tendo em conta critérios antropológicos e éticos gerais, e também
os referenciais do ordenamento jurídico brasileiro, a começar da própria
Constituição Nacional. O Supremo Tribunal Federal deverá pronunciar-se sobre a
"legalidade" do abortamento de fetos, ou bebês acometidos por essa
grave deficiência, que não lhes permitirá viver por muito tempo fora do seio
materno, se chegarem a nascer.
A
partir da minha missão de bispo da Igreja e cidadão brasileiro, sinto-me no
dever de manifestar minha posição e de dizer uma palavra que possa ajudar no
discernimento diante da questão. A decisão tem evidentes implicações éticas e
morais; desejo concentrar minha reflexão sobre alguns desafios muito
específicos, que se referem à dignidade da pessoa e da vida humana.
Em
relação aos anencéfalos, existe o pedido da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Saúde para que o Supremo Tribunal Federal reconheça e
estabeleça a legalidade da "antecipação terapêutica do parto" desses
bebês, com forte pressão de grupos favoráveis ao aborto. No calor de muita
emoção, podem não ser adequadamente percebidos os examinados argumentos
falaciosos, que acabam por se tornar decisivos.
Os
principais argumentos alegados a favor do aborto, nesse caso, são os seguintes:
1-
Tratar-se-ia de "vidas inviáveis" fora do útero materno; uma vez que
os anencéfalos não sobrevivem por muito tempo fora do seio materno, para que
manter semelhante gravidez e levá-la até o fim?
2
- A gravidez de um anencéfalo representaria, para a mãe, um sofrimento
insuportável, uma verdadeira "tortura", que degradaria a dignidade da
mulher;
3-
Tratando-se de uma "anomalia", o ser daí resultante seria
indefinível, um "não-ser", um "não-humano"; portanto, em
relação a ele não entrariam em questão os argumentos do respeito à vida e à
dignidade humana;
4-
Toda a atenção deveria ser dada à mãe, nesses casos, o único sujeito de
direitos e de dignidade, a ser tutelado e protegido pela lei;
5-
Os bebês anencéfalos seriam "natimortos", pois a ausência parcial ou
total do cérebro equivaleria à morte cerebral; para que manter tal gravidez?
Por isso mesmo, os bebês acometidos por essa anomalia, que chegam a nascer,
podem ser colocados na mesma condição dos adultos que estão com "morte
cerebral" e seus órgãos poderiam ser retirados e doados.
6-
O Brasil é um dos países que têm a maior incidência de anencefalia; seria
necessário baixar este triste quadro.
Como
se pode perceber facilmente, esses argumentos mereceriam ser examinados
profundamente por peritos da área médica, do direito e da ética. De qualquer
modo, as implicações morais são graves e não podem ser simplesmente resolvidas
na emoção de um debate na opinião pública, ou a partir dos resultados de
pesquisas de opinião, o que pode ser uma fácil tentação.
Os
principais argumentos empregados pela CNBB são os seguintes:
1-
O anencéfalo, malgrado a sua condição, é um ser humano vivo; por isso, ele
merece todo o respeito devido a qualquer ser humano; ainda mais, por se tratar
de um ser humano extremamente fragilizado; a sociedade, por meio de suas
Instituições, deve tutelar o respeito pleno à sua frágil vida e à sua
dignidade.
2-
O sofrimento da mãe é compreensível e deve ser levado plenamente a sério; mas
não pode ser argumento suficiente para suprimir a vida de um bebê com anomalia.
Se o sofrimento da mãe, ainda que grande, fosse considerado argumento válido
para provocar um aborto, estaria sendo aprovado o princípio segundo o qual pode
ser tirada a vida de um ser humano que causa sofrimento grave a um outro ser
humano. Não só em caso de aborto.
3-
O sofrimento da mãe, que é pessoa adulta, pode e deve ser mitigado de muitas
maneiras, quer pela medicina, pela psicologia, pela religião e pela
solidariedade social; além disso, trata-se de um sofrimento circunscrito no
tempo, que pode mesmo dignificar a mulher que o aceita, em vista do filho; mas
a vida de um bebê, uma vez suprimida, não pode ser recuperada; e o sofrimento
moral decorrente de um aborto provocado pode durar uma vida inteira. Além do
mais, o sofrimento da mãe e o respeito à vida e à dignidade do filho são duas
realidades de grandezas e pesos muito diversos e não podem ser, simplesmente,
colocados no mesmo nível; o benefício do alívio de um sofrimento não pode ser
equiparado ao dano de uma vida humana suprimida.
4-
É preconceituoso e fora de propósito afirmar que a dignidade da mãe é aviltada
pela geração de um filho com anomalia; tal argumentação pode suscitar, ou
aprofundar um preconceito cultural contra mulheres que geram um filho com
alguma anomalia ou deficiência; isso sim, seria uma verdadeira agressão à
dignidade da mulher.
5-
O valor da vida humana não decorre da duração dessa mesma vida, ou do grau de
satisfação que ela possa trazer aos outros, ou a ela própria. O ser humano é
respeitável sempre, por ele mesmo; por isso, sua dignidade e seu direito à vida
é intocável.
6-
O cerne de toda a questão está nisso: os anencéfalos são "seres humanos"?
São "seres humanos vivos"? Apesar dos argumentos contrários, não há
como colocar em dúvida a resposta afirmativa às duas perguntas. Portanto, daí
decorre, como conseqüência, que ele deve ser tratado como "ser humano
vivo".
7-
Permanece, de toda maneira, válido que só Deus é senhor da vida e não cabe ao
homem eliminar seu semelhante, dando-lhe a morte; nem mesmo aqueles seres
humanos que não satisfazem aos padrões estéticos, culturais, ou de
"qualidade de vida" estabelecidos pela sociedade ou pelas ideologias.
A vida humana deve ser acolhida, sem pré-condições; não somos nós que damos
origem a ela, mas ela é sempre um dom gratuito. Não é belo, não é digno, não é
ético, diante da vida humana frágil, fazer recurso à violência, ou valer-se do
poder dos fortes e saudáveis para dar-lhe o fim, negando-lhe aquele pouco de
vida que a natureza lhe concedeu. Digno da condição humana, nesses casos, é
desdobrar-se em cuidados e dar largas à solidariedade e à compaixão, para
acolhê-la e tratá-la com cuidado, até que seu fim natural aconteça.
Cardeal
Odilo Pedro Scherer
Arcebispo
de São Paulo
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