Greenpeace
denuncia o corte não-autorizado na Amazônia dentro de assentamento do Incra.
Greenpeace
tira foto de madeiras ilegalmente cortadas de assentamento do Incra/PA
Apesar da
notícia ter sido gerada neste 1º de Abril, e por ser mundialmente dado como o
“Dia da Mentira”, a denúncia que o Greenpeace faz demonstra no fundo o que
deveria ser uma “pegadinha”, mas não é. Trata-se de uma madeireira operando a
todo vapor dentro de um assentamento do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária), no município de Santarém (PA), sem autorização
do governo, nem consentimento dos assentados. Foram fotografados pátios de
madeira, toras cortadas, desmatamento recente e uma serraria.
Viajando por
estradas enlameadas, ativistas foram nesse sábado (31) até o local, a cerca de
140 quilômetros da cidade de Santarém (PA), no meio da floresta, para
documentar o corte das árvores e fotografar as toras. Aproveitaram para deixar uma
faixa com a palavra “crime” como recado para os madeireiros. Foi uma operação
arriscada: a região está sob tensão desde que carros do Ibama e o ICMbio foram
emboscados por madeireiros na rodovia Cuiabá-Santarém, na quarta-feira (28).
Para esta
segunda-feira (2), o Greenpeace encaminha ao governo um relatório com fotos e
mapas da área documentada, pedindo a
investigação do caso. A extração predatória e, segundo assentados, ilegal,
acontece dentro do projeto de Assentamento Corta Corda, na região do Rio
Curuá-Una. Em quatro dias de investigação noturna na região, o Greenpeace
também identificou um tráfego intenso de caminhões carregados de toras.
Os
assentados já denunciaram diversas vezes ao Incra a ação ilegal de madeireiros
no Corta-Corta. Mas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém,
a solução proposta pelo Incra, em vez de fiscalização, foi tentar destinar
quase toda a área coberta com florestas do assentamento – rica de madeiras de
lei – para grileiros que exploram madeira na região. Pelo projeto, o Corta
Corda seria reduzido de 52 mil para 11 mil hectares. A área continua em
disputa.
5 ANOS
Há cinco
anos, o Greenpeace expôs a extração ilegal de madeira dentro de assentamentos
no Pará no relatório “Assentamentos de papel, madeira de lei”. Porém, até hoje
o problema permanece. “É um absurdo que as motosserras ainda operem sem
controle na Amazônia. O Ibama deveria fiscalizar e punir, mas está
desaparelhado para cumprir sua missão. E o Incra, em vez de defender os
assentados, parece jogar o jogo dos madeireiros”, diz Paulo Adario, diretor da
campanha da Amazônia do Greenpeace.
“A falta
de governança na região é tão gritante que beira o inacreditável”, diz Adario.
“Porém essa é a realidade do Brasil: as madeireiras desmontam e vendem a
floresta amazônica aos pedaços, enquanto o governo Dilma brinca de faz-de-conta
que fiscaliza. E celebra a queda do desmatamento enquanto fecha acordos no
Congresso para mudar o Código Florestal.” O código, que deve ser votado em
abril, vai anistiar crimes ambientais e provocar mais desmatamento. “Os
brasileiros precisam reagir, antes que a maior floresta tropical do mundo seja
destruída.”
Há uma
semana, o Greenpeace lançou uma campanha por um projeto de lei de iniciativa
popular pelo desmatamento zero, a bordo do navio Rainbow Warrior, que fica no
Brasil até julho. Os brasileiros estão convidados a assinarem o projeto e
mandarem um recado claro para a presidente Dilma: as florestas do país precisam
ser preservadas. Para participar, basta entrar no site www.ligadasflorestas.org.br.
Fonte: A
Crítica
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