Antes mesmo de completar dois meses à frente do governo, a presidente Dilma Rousseff terá na votação do reajuste do salário mínimo seu primeiro grande teste político. Além de colocar em xeque seu prestígio como líder de uma base de sustentação formada por mais de 300 aliados na Câmara e outros 55 no Senado, a presidente já começa a ser observada na capacidade de negociar seus interesses em votações importantes, especialmente no aspecto de ceder ou não às exigências e pressões das bancadas parlamentares.
Na prática, Dilma até poderia ter atravessado mais tempo à frente do governo sem precisar expor sua força política como acontecerá nessa votação. Sem definir uma agenda de projetos de interesse do governo dentro do Congresso, a presidente não tinha nenhuma reforma estrutural para debater com deputados e senadores. Uma situação diferente do que aconteceu com Fernando Henrique Cardoso em 1995, quando apresentou reformas que quebravam monopólios e abriam os investimentos em setores como telefonia, petróleo, navegação de cabotagem e gás canalizado, ou com Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando tentou aprovar sem sucesso uma reforma previdenciária.
Sem uma agenda desse tipo, a necessidade de reajustar o valor do salário mínimo transformou a proposta no primeiro grande centro de discussão temática do novo governo. E o debate ganhou cores vivas por causa do conturbado processo de acomodação de partidos aliados à frente dos cargos de escalões intermediários.
O tempero da discussão deixa Dilma sob risco de estrear sua administração com uma derrota importante. O governo aceita reajustar o mínimo para R$ 545. Corre o risco de ver o Congresso lhe impor um valor maior. Para evitar isso, os articuladores políticos escolhidos pela presidente abriram até negociações com a oposição. Assim, compensariam, com os adversários, os votos que podem perder dos dissidentes da base.
A estratégia a ser adotada é que o Congresso pode até aprovar um salário maior do que o desejado pelo governo. Mas uma articulação bem conduzida poderá passar a imagem de que o aumento foi resultado de um amplo acordo conciliador.
Por Cenário: Marcelo de Moraes, estadao.com.br, Atualizado: 13/2/2011 0:16
Na prática, Dilma até poderia ter atravessado mais tempo à frente do governo sem precisar expor sua força política como acontecerá nessa votação. Sem definir uma agenda de projetos de interesse do governo dentro do Congresso, a presidente não tinha nenhuma reforma estrutural para debater com deputados e senadores. Uma situação diferente do que aconteceu com Fernando Henrique Cardoso em 1995, quando apresentou reformas que quebravam monopólios e abriam os investimentos em setores como telefonia, petróleo, navegação de cabotagem e gás canalizado, ou com Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando tentou aprovar sem sucesso uma reforma previdenciária.
Sem uma agenda desse tipo, a necessidade de reajustar o valor do salário mínimo transformou a proposta no primeiro grande centro de discussão temática do novo governo. E o debate ganhou cores vivas por causa do conturbado processo de acomodação de partidos aliados à frente dos cargos de escalões intermediários.
O tempero da discussão deixa Dilma sob risco de estrear sua administração com uma derrota importante. O governo aceita reajustar o mínimo para R$ 545. Corre o risco de ver o Congresso lhe impor um valor maior. Para evitar isso, os articuladores políticos escolhidos pela presidente abriram até negociações com a oposição. Assim, compensariam, com os adversários, os votos que podem perder dos dissidentes da base.
A estratégia a ser adotada é que o Congresso pode até aprovar um salário maior do que o desejado pelo governo. Mas uma articulação bem conduzida poderá passar a imagem de que o aumento foi resultado de um amplo acordo conciliador.
Por Cenário: Marcelo de Moraes, estadao.com.br, Atualizado: 13/2/2011 0:16
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