quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Opinião:


Bebendo do veneno que preparou

Por: Padre Edilberto Sena*

O presidente da Câmara de Vereadores de Santarém, vereador Henderson Pinto, está com um osso do ofício a roer. Como agasalhar mais sete vereadores na Casa. Na atual não cabe, eles já foram diplomados e certamente no final do mês deverão receber seu primeiro salário, que não é o mínimo, mas R$ 9.500,00.

Como vão trabalhar? O presidente da Câmara, que foi reeleito, ajudou a ampliar o número de vereadores, que até pela lei não era obrigado a aumentar mais sete vereadores aos atuais 14. Alguns grupos da sociedade eram contra tal acréscimo, mas não foram consultados. Os vereadores se acharam suficientemente capazes de interpretar a vontade dos eleitores, para decidir uma ação em causa própria.

O presidente anterior da Câmara, vereador José Maria Tapajós, garantiu de pés juntos, que não haveria aumento de gastos na instituição, que pareceu conversa para inglês ver. Pois, se a partir deste mês, além de aumentar mais sete vereadores aos 14 já existentes, o salário de vereador aumentou de R$ 6.500,00 para R$ 9.500,00, como não aumentar os gastos? Mas a maior questão desse aumento do número é, em que vai melhorar a democracia municipal? Como justificar perante a sociedade que o município precisa de 21 vereadores?

Em que sentido eles de fato representam os anseios da sociedade? A população da Gleba Lago Grande vive o drama do tráfego por causa das estradas e veículos sem condição digna de transportar passageiros; o planalto vive o drama da falta de preço estável para venda de seus produtos e transporte para o mercado; o povo da várzea vive o abandono por parte do município; e a cidade vive o seu próprio drama da falta de urbanização e de água potável.

Como é que 21 vereadores vão mudar esse cenário? Qual a força que terá a Câmara para pressionar a Prefeitura, toda vez que as secretarias negligenciarem em suas funções? Terá a Câmara autonomia para discordar do prefeito Alexandre Von ou serão vereadores submissos? São questões maiores até do que arranjar espaço para espalhar sete novos parlamentares e seus assessores. O presidente da Câmara bebe do veneno que ajudou a preparar.
*Diretor da Rádio Rural de Santarém

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