Denúncia: Serrarias contratam “laranjas” para comercializar madeira
Fiscal da Sema vistoria pátio de uma serraria no Oeste do Pará
A noticia foi divulgada em Belém, e surpreendeu a muitos. Segundos
informações da capital, as serrarias do Oeste do Pará encontraram uma
forma de burlar a legislação ambiental e comercializar madeira
proveniente de desmatamento. A prática já estaria ocorrendo há um ano e
meio e foi descoberta há três meses pela Secretaria de Estado de Meio
Ambiente (Sema), que por sua vez já alterou alguns procedimentos
internos para coibir a irregularidade. Entre os atos ilícitos estão: o
uso inadequado do crédito ambiental, a venda de madeira ilegal e a
contratação de “laranjas” para aprovar o plano de manejos e desviar o
foco da Secretaria.
De acordo com o diretor de Gestão Florestal da Sema, Otávio Chaves,
os prejuízos ainda não foram calculados e tampouco é possível
contabilizar o número de serrarias envolvidas no ato clandestino, embora
algumas delas já tenham sido, inclusive, notificadas. Entretanto, pelo
menos 30 planos de manejo apresentaram indícios de irregularidade. Para
ele, quanto mais a Secretaria busca implantar mecanismos de controle
para evitar fraudes, mais o setor madeireiro encontra alternativas para
escapar das normas legais. Ele ressalta que grande parte do problema se
dá em áreas de assentamentos.
Medida: Uma medida adotada pela Sema, desde 2011, para
destravar o setor de projetosfoi permitir que o plano de manejo em área
inferior à 700 hectares fosse aprovado sem a vistoria prévia. “Uma das
etapas para aprovar um plano de manejo era a inspeção, contemplando,
entre outras coisas, a análise jurídica, que avalia a legalidade do
projeto, e o potencial geotécnico, que consiste na vistoria a campo.
Entretanto, o volume de solicitações era tão grande que decidimos
aprovar os projetos pequenos (de até 700 hectares) sem a avaliação
prévia, o que não quer dizer que não era feito posteriormente”, explica
Chaves. Ele conta que, a partir da medida adotada pela Sema, as
serrarias passaram a contratar de cinco a sete “laranjas”, que por sua
vez entravam com projetos de até 200 hectares na Secretaria. “Com isso,
eles adquiriam o crédito virtual sem a necessidade de vistoria, e
‘esquentavam’ madeiras oriundas de desmatamento”, informou. Ao invés de
explorar a área apontada nos projetos, os donos de serrarias
comercializavam a madeira ilegal, utilizando a documentação legal
disponibilizada pela Secretaria. Uma vergonha!
“Observamos, porém, que algumas dessas áreas apontadas no plano de
manejo eram de difícil logística. O próprio zoneamento georeferrencial
apontava isso, indicando que era antieconômico explorar estas áreas, já
que precisariam abrir quilômetros de estrada”, aponta. O Diretor de
Gestão Florestal enfatizou que, após confirmar a inviabilidade, a Sema
passou a visitar as áreas dos projetos e perceber que nenhuma árvore
havia sido cortada, sendo que no trâmite do processo das licenças, o
crédito foi usado e as serrarias já estavam em fase de comercialização
da madeira. A próxima etapa da apuração da Sema é levantar as serrarias
que receberam os créditos ilegais. Disse ainda que algumas serrarias
foram bloqueadas no Cadastro de Exploradores de Produtos Florestais no
Estado do Pará (Ceprof-PA), sendo que os proprietários foram autuados
pela Sema.
Em Santarém: A equipe do jornal O Impacto esteve em contato
com a gerente da Unidade Regionalizada da Sema em Santarém, Dra. Zuleide
Silva dos Santos Maia, que explicou a denúncia de utilização de
“laranjas” para comercialização de madeira ilegal: “Esta situação
relatada é parte de investigação que está sendo feita, a partir do
monitoramento feito nos processos de licenciamento nos Planos de Manejo
realizados em Belém”, explicou ela. Quanto às investigações que estão
sendo feitas, tais como a utilização do crédito de maneira indevida, por
alguns madeireiros, ressaltou que: “Nós do escritório da Sema em
Santarém, não estamos participando, então, não temos como dar
informações concretas com relação a este fato.
Zuleide Maia informou que: “Existe uma equipe de inteligência que
está trabalhando, mas na sede, em Belém e nós de Santarém não temos
informações mais concretas sobre o andamento dessas investigações”,
assim se expressou a gerente regional da Sema, Dra. Zuleide Silva dos
Santos Maia.
Por: Carlos Cruz
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