quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

NOTICIA DA HORA

Denúncia: Serrarias contratam “laranjas” para comercializar madeira

Fiscal da Sema vistoria pátio de uma serraria no Oeste do Pará

Fiscal da Sema vistoria pátio de uma serraria no Oeste do Pará
Fiscal da Sema vistoria pátio de uma serraria no Oeste do Pará


A noticia foi divulgada em Belém, e surpreendeu a muitos. Segundos informações da capital, as serrarias do Oeste do Pará encontraram uma forma de burlar a legislação ambiental e comercializar madeira proveniente de desmatamento. A prática já estaria ocorrendo há um ano e meio e foi descoberta há três meses pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), que por sua vez já alterou alguns procedimentos internos para coibir a irregularidade. Entre os atos ilícitos estão: o uso inadequado do crédito ambiental, a venda de madeira ilegal e a contratação de “laranjas” para aprovar o plano de manejos e desviar o foco da Secretaria.


De acordo com o diretor de Gestão Florestal da Sema, Otávio Chaves, os prejuízos ainda não foram calculados e tampouco é possível contabilizar o número de serrarias envolvidas no ato clandestino, embora algumas delas já tenham sido, inclusive, notificadas. Entretanto, pelo menos 30 planos de manejo apresentaram indícios de irregularidade. Para ele, quanto mais a Secretaria busca implantar mecanismos de controle para evitar fraudes, mais o setor madeireiro encontra alternativas para escapar das normas legais. Ele ressalta que grande parte do problema se dá em áreas de assentamentos.


Medida: Uma medida adotada pela Sema, desde 2011, para destravar o setor de projetosfoi permitir que o plano de manejo em área inferior à 700 hectares fosse aprovado sem a vistoria prévia. “Uma das etapas para aprovar um plano de manejo era a inspeção, contemplando, entre outras coisas, a análise jurídica, que avalia a legalidade do projeto, e o potencial geotécnico, que consiste na vistoria a campo. Entretanto, o volume de solicitações era tão grande que decidimos aprovar os projetos pequenos (de até 700 hectares) sem a avaliação prévia, o que não quer dizer que não era feito posteriormente”, explica Chaves. Ele conta que, a partir da medida adotada pela Sema, as serrarias passaram a contratar de cinco a sete “laranjas”, que por sua vez entravam com projetos de até 200 hectares na Secretaria. “Com isso, eles adquiriam o crédito virtual sem a necessidade de vistoria, e ‘esquentavam’ madeiras oriundas de desmatamento”, informou. Ao invés de explorar a área apontada nos projetos, os donos de serrarias comercializavam a madeira ilegal, utilizando a documentação legal disponibilizada pela Secretaria. Uma vergonha!


“Observamos, porém, que algumas dessas áreas apontadas no plano de manejo eram de difícil logística. O próprio zoneamento georeferrencial apontava isso, indicando que era antieconômico explorar estas áreas, já que precisariam abrir quilômetros de estrada”, aponta. O Diretor de Gestão Florestal enfatizou que, após confirmar a inviabilidade, a Sema passou a visitar as áreas dos projetos e perceber que nenhuma árvore havia sido cortada, sendo que no trâmite do processo das licenças, o crédito foi usado e as serrarias já estavam em fase de comercialização da madeira. A próxima etapa da apuração da Sema é levantar as serrarias que receberam os créditos ilegais. Disse ainda que algumas serrarias foram bloqueadas no Cadastro de Exploradores de Produtos Florestais no Estado do Pará (Ceprof-PA), sendo que os proprietários foram autuados pela Sema.

Em Santarém: A equipe do jornal O Impacto esteve em contato com a gerente da Unidade Regionalizada da Sema em Santarém, Dra. Zuleide Silva dos Santos Maia, que explicou a denúncia de utilização de “laranjas” para comercialização de madeira ilegal: “Esta situação relatada é parte de investigação que está sendo feita, a partir do monitoramento feito nos processos de licenciamento nos Planos de Manejo realizados em Belém”, explicou ela. Quanto às investigações que estão sendo feitas, tais como a utilização do crédito de maneira indevida, por alguns madeireiros, ressaltou que: “Nós do escritório da Sema em Santarém, não estamos participando, então, não temos como dar informações concretas com relação a este fato.

Zuleide Maia informou que: “Existe uma equipe de inteligência que está trabalhando, mas na sede, em Belém e nós de Santarém não temos informações mais concretas sobre o andamento dessas investigações”, assim se expressou a gerente regional da Sema, Dra. Zuleide Silva dos Santos Maia.


Por: Carlos Cruz

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