O consórcio
Norte Energia, responsável pela hidrelétrica de Belo Monte, em construção em
Vitória do Xingu, no Pará, obteve autorização do Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar as obras das
barragens provisórias no leito do rio Xingu. A autorização para o início das
“ensecadeiras”, barragens de terra e areia que são feitas para desviar o fluxo
do rio, foi assinada ontem pelo presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior,
apurou o Valor. A decisão foi tomada após “manifestação favorável” da Fundação
Nacional do Índio (Funai), que também analisou o “detalhamento do mecanismo de
transposição de embarcações” apresentado pelo consórcio Norte Energia.
Como
condição para a autorização, o Ibama informou que a Norte Energia deverá
atender às exigências para o sistema de transposição, além de determinações
complementares relativas à navegabilidade das populações indígenas da região da
Volta Grande do Xingu, onde está sendo construída a hidrelétrica.
A
autorização para construir as ensecadeiras de Belo Monte era aguardada com
apreensão pela Norte Energia. De acordo com o cronograma original, a obra da
barragem provisória deveria ter começado há pelo menos três semanas. A obra é
necessária para que o consórcio possa desviar o rio e, a partir daí, dar início
à construção da barragem definitiva. O trabalho deverá começar imediatamente. O
receio dos empresários é de que a estrutura não fique pronta até dezembro,
quando começa o período das chuvas, o que poderia levar ao atraso de um ano no
cronograma das obras.
O Valor
apurou que a Norte Energia já estava com um “plano B” de engenharia pronto para
ser iniciado, por conta do impedimento ambiental. A empresa tinha solicitado a
autorização das ensecadeiras há alguns meses, mas não obteve autorização
porque, segundo os analistas do Ibama, o consórcio ainda não tinha garantido
que a navegabilidade do rio Xingu seria 100% mantida durante as fases das
obras. Pelas regras do Ibama, não pode ocorrer qualquer interrupção no fluxo do
rio, em nenhum momento. Os analistas ambientais também chegaram a levantar
dúvidas sobre a navegabilidade de embarcações pequenas, como as chamadas
“voadeiras”, por conta da velocidade da água que o canal do Xingu passaria a
ter a partir do desvio, da ordem de 2,5 m/s, considerada alta.
Com a
autorização, o consórcio construtor de Belo Monte, liderado pela construtora
Andrade Gutierrez, deve intensificar os trabalhos na margem do rio. A previsão
é de que mais de 3 mil trabalhadores sejam mobilizados especificamente para
essa operação. Atualmente, há mais de 13 mil trabalhadores distribuídos entre
os canteiros de obra da hidrelétrica.
Ontem, a
Procuradoria-Geral da República enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF)
parecer de mérito para tentar reverter a decisão do próprio STF que, atendendo
reclamação feita pela Advocacia-Geral da União (AGU), liberou a continuidade
das obras de Belo Monte, então paralisadas por decisão da Justiça.
Por: André Borges
Fonte: Valor Econômico
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