terça-feira, 11 de setembro de 2012

Em Ribeirão, candidato tucano diz que vai procurar PT em segundo turno.



O candidato do PSDB à Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Duarte Nogueira, afirmou em sabatina da Folha/UOL que buscará apoio de candidatos derrotados no turno inicial, incluindo o PT, caso chegue ao segundo turno.

"Aceitaria o apoio sim [do PT]. É uma questão de interesse de Ribeirão Preto. Se o PT não for e entender que eu sou o melhor para Ribeirão, será muito bem-vindo. É da democracia", afirmou o tucano. O PT tem na cidade o juiz aposentado João Gandini como candidato --é sua primeira disputa eleitoral.

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Questionado sobre um acordo PSDB-PT contrariar orientações do seu partido, Nogueira disse que o eleitor da cidade "vai ter essa compreensão".

"Procuraria o PT. Se eu for para o segundo turno, vou procurar os candidatos que não foram, para receber deles uma consulta se pretendem ou não me apoiar. É um gesto de humildade e de total sintonia com a democracia."

Nogueira disse ainda que, se não for ao segundo turno, apoiaria o candidato petista, e citou a disputa paulistana em 2000, quando o ex-governador Mário Covas (PSDB) anunciou apoio à petista Marta Suplicy na disputa com Paulo Maluf (PP) no segundo turno.

Ele também afirmou apostar no diálogo com a Câmara de Vereadores para superar a maioria oposicionista que deve ser eleita e no apoio da sociedade.

"Fiz algumas opções conceituais dentro da minha aliança e da minha campanha. Não negociamos cargos nem fizemos acordos prévios para autarquias e secretarias", disse ele, ao criticar a coligação da prefeita Dárcy Vera (PSD), que busca a reeleição e tem 16 partidos aliados.

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A reportagem questionou qual nota Nogueira daria à administração da prefeita Dárcy, que está à frente nas pesquisas eleitorais. O candidato tucano se esquivou e afirmou que "quem dá nota é o eleitor", completando em seguida: "Como candidato, meu papel é apresentar propostas e, de forma democrática, fazer as críticas aos pontos que não concordo".

Sobre o fato de estar atrás na última pesquisa Ibope, ele minimizou e disse que há outras pesquisas, de outros institutos --não citou quais-- que mostram resultados diferentes.

"A cidade perdeu capacidade de investimento, tem obras do governo do federal, como as de combate às enchentes, do Minha Casa, Minha Vida, [...] e do governo do Estado. Onde estão as obras da prefeitura? [...] A periferia está do mesmo jeito que estava nas décadas de 80 e 90", afirmou.

Nogueira foi sabatinado por Luís Eblak, editor da sucursal de Ribeirão da Folha, Leandro Martins, repórter da sucursal, Mário Rossit, editor-assistente de Eleições do UOL, e Fábio Zambeli, repórter do "Painel".

APOIO

O candidato afirmou que o apoio de lideranças do partido, como o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin, é importante para sua campanha, pelo fato de Ribeirão ser maior que 13 capitais brasileiras.

Já sobre questões internas do partido, envolvendo Aécio e o ex-governador José Serra, disse que todos os partidos têm disputas.

"Há sempre aspirações de um e de outro, ainda mais quando envolve disputas majoritárias, importantes, como a Presidência da República. Mas na eleição de 2010, o Aécio, em Minas, se empenhou pessoalmente na disputa eleitoral [de Serra]."

O tucano disse que as "fofocas" fazem parte da política.

"O PSDB tem grandes lideranças, como o presidente Fernando Henrique Cardoso, que a cada dia tem seu legado reconhecido pela sociedade brasileira. No caso do Aécio em São Paulo, não tem tanta capacidade de interagir com o eleitor da capital numa campanha, como tem aqui em Ribeirão Preto. Cada um vai aonde pode ir."

CONTRATOS

Ele disse que, se eleito, pretende rever os contratos de funcionários terceirizados da prefeitura.

Ao ser questionado sobre o que faria com as centenas de cargos comissionados do município, o tucano deu a entender que, em princípio, não vê problemas com essa fatia do serviço público. "Precisam ser vistos, sim, os terceirizados, não os servidores", disse.

"O município tem perto de 7.500 funcionários públicos, cerca de 250 comissionados, mas um volume enorme de terceirizados. [...] Vou precisar tomar conhecimento da máquina [para tomar decisões]". Agora, o que eu puder evitar de despesas, vou evitar", afirmou.

AUTARQUIAS

Sobre o destino de órgãos da prefeitura como Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte de Ribeirão Preto), Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) e Cohab-RP (Companhia Habitacional da Região de Ribeirão Preto), o tucano repetiu: "não vou extinguir nem privatizar".

O candidato afirmou que pretende dar às autarquias "condições" para realizarem o trabalho para o qual foram criadas.

O tucano disse o mesmo sobre o Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto).

Para ele, o órgão responsável pelo abastecimento de água da cidade precisa, na verdade, de "reestatização".

"O Daerp hoje é controlado por um partido, e precisa de investimentos", afirmou.

O tema da privatização do departamento é recorrente nas três últimas eleições na cidade.

O candidato citou problemas em bairros como o Jardim Juliana e Dom Miele. O tratamento de esgoto já é cedido à iniciativa privada.

CDHU

Nogueira disse também que o ex-gerente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) Milton Vieira de Souza Leite participa da sua campanha porque se arrependeu das declarações que motivaram sua demissão do órgão.

Souza Leite deixou a gerência da CDHU em janeiro, depois de atribuir a "moradores de favela" problemas em imóveis populares entregues pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB) em Ribeirão Preto.

"Primeiro, foi uma declaração infeliz e objeto da substituição dele [Souza Leite] no cargo", afirmou o candidato.

O tucano disse ainda que, hoje, o ex-gerente "cumpre o papel de mobilização na campanha".

"As pessoas erram, têm o direito de errar, mas nós não podemos crucificar as pessoas sumariamente, principalmente quando elas reconhecem o erro que cometem."

TRÂNSITO

Candidato do PSDB à Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Duarte Nogueira propõe a redução de canteiros centrais em grandes avenidas para que o trânsito ganhe fluidez.

A cidade, que tem média de 1,5 habitante por veículo (há mais de 400 mil veículos para uma população de cerca de 620 mil habitantes), tem registrado congestionamentos especialmente em horários de pico.

"[A prefeitura fez licitação do transporte coletivo] e vem frota nova aí [de ônibus]. Se chegarem, não mudará em nada se não houver reestruturação do sistema viário e uso de tecnologias modernas para liberar as vias através de corredores comerciais e para estacionamento ", disse.

Segundo ele, o encurtamento será feito em áreas já concretadas, sem impacto em áreas verdes --seu candidato a vice, Gilberto Abreu, é do PV.

Questionado se a avenida Nove de Julho, uma das mais arborizadas da cidade, teria canteiros menores --o que obrigaria a retirada de árvores--, Nogueira afirmou que ela não está no plano.

O candidato disse que, se eleito, Francisco Junqueira, Independência e Via Norte são algumas das vias que terão mudanças.

MOTORISTA

Flagrado em reportagem da Folha no ano passado usando funcionário público como motorista para seus filhos, o tucano disse que "episódio está superado" e que não houve "prejuízo ao erário".

Como líder da oposição na Câmara em Brasília no ano passado, Nogueira assumiu um papel de cobrança em relação a ex-ministros do governo Dilma na chamada "faxina" do governo federal contra os casos de corrupção.

Na sabatina, a reportagem questionou se esse papel como líder do PSDB não é incoerente em relação ao episódio de seu motorista em Ribeirão Preto. O tucano afirmou que seu "erro" não se repetiu mais e que isso também não irá acontecer novamente.

"Recebi uma representação de um dos candidatos a prefeito hoje [Fernando Chiarelli, do PT do B] e o próprio Ministério Público Federal, de pronto, já arquivou. Entendeu [a Procuradoria] que o assunto não merecia ser levado em frente", disse.

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA "FOLHA RIBEIRÃO"

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