O candidato do PSDB à Prefeitura de Ribeirão Preto
(313 km de São Paulo), Duarte Nogueira, afirmou em sabatina da Folha/UOL que
buscará apoio de candidatos derrotados no turno inicial, incluindo o PT, caso
chegue ao segundo turno.
"Aceitaria o apoio sim [do PT]. É uma questão
de interesse de Ribeirão Preto. Se o PT não for e entender que eu sou o melhor
para Ribeirão, será muito bem-vindo. É da democracia", afirmou o tucano. O
PT tem na cidade o juiz aposentado João Gandini como candidato --é sua primeira
disputa eleitoral.
Duarte Nogueira descarta privatização do serviço de
água e esgoto de Ribeirão
Duarte Nogueira propõe 'encurtar' canteiros de
avenidas para trânsito fluir
Em Ribeirão, tucano diz que caso de motorista pago
com verba pública foi 'superado'
Com poucos aliados em Ribeirão, Duarte Nogueira
aposta em diálogo com Câmara
Questionado sobre um acordo PSDB-PT contrariar
orientações do seu partido, Nogueira disse que o eleitor da cidade "vai
ter essa compreensão".
"Procuraria o PT. Se eu for para o segundo
turno, vou procurar os candidatos que não foram, para receber deles uma
consulta se pretendem ou não me apoiar. É um gesto de humildade e de total
sintonia com a democracia."
Nogueira disse ainda que, se não for ao segundo
turno, apoiaria o candidato petista, e citou a disputa paulistana em 2000,
quando o ex-governador Mário Covas (PSDB) anunciou apoio à petista Marta
Suplicy na disputa com Paulo Maluf (PP) no segundo turno.
Ele também afirmou apostar no diálogo com a Câmara
de Vereadores para superar a maioria oposicionista que deve ser eleita e no
apoio da sociedade.
"Fiz algumas opções conceituais dentro da minha
aliança e da minha campanha. Não negociamos cargos nem fizemos acordos prévios
para autarquias e secretarias", disse ele, ao criticar a coligação da
prefeita Dárcy Vera (PSD), que busca a reeleição e tem 16 partidos aliados.
Veja fotos
A reportagem questionou qual nota Nogueira daria à
administração da prefeita Dárcy, que está à frente nas pesquisas eleitorais. O
candidato tucano se esquivou e afirmou que "quem dá nota é o
eleitor", completando em seguida: "Como candidato, meu papel é apresentar
propostas e, de forma democrática, fazer as críticas aos pontos que não
concordo".
Sobre o fato de estar atrás na última pesquisa
Ibope, ele minimizou e disse que há outras pesquisas, de outros institutos
--não citou quais-- que mostram resultados diferentes.
"A cidade perdeu capacidade de investimento,
tem obras do governo do federal, como as de combate às enchentes, do Minha
Casa, Minha Vida, [...] e do governo do Estado. Onde estão as obras da
prefeitura? [...] A periferia está do mesmo jeito que estava nas décadas de 80
e 90", afirmou.
Nogueira foi sabatinado por Luís Eblak, editor da
sucursal de Ribeirão da Folha, Leandro Martins, repórter da sucursal, Mário
Rossit, editor-assistente de Eleições do UOL, e Fábio Zambeli, repórter do
"Painel".
APOIO
O candidato afirmou que o apoio de lideranças do
partido, como o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin, é
importante para sua campanha, pelo fato de Ribeirão ser maior que 13 capitais
brasileiras.
Já sobre questões internas do partido, envolvendo
Aécio e o ex-governador José Serra, disse que todos os partidos têm disputas.
"Há sempre aspirações de um e de outro, ainda
mais quando envolve disputas majoritárias, importantes, como a Presidência da
República. Mas na eleição de 2010, o Aécio, em Minas, se empenhou pessoalmente
na disputa eleitoral [de Serra]."
O tucano disse que as "fofocas" fazem
parte da política.
"O PSDB tem grandes lideranças, como o
presidente Fernando Henrique Cardoso, que a cada dia tem seu legado reconhecido
pela sociedade brasileira. No caso do Aécio em São Paulo, não tem tanta
capacidade de interagir com o eleitor da capital numa campanha, como tem aqui
em Ribeirão Preto. Cada um vai aonde pode ir."
CONTRATOS
Ele disse que, se eleito, pretende rever os contratos
de funcionários terceirizados da prefeitura.
Ao ser questionado sobre o que faria com as centenas
de cargos comissionados do município, o tucano deu a entender que, em
princípio, não vê problemas com essa fatia do serviço público. "Precisam
ser vistos, sim, os terceirizados, não os servidores", disse.
"O município tem perto de 7.500 funcionários
públicos, cerca de 250 comissionados, mas um volume enorme de terceirizados.
[...] Vou precisar tomar conhecimento da máquina [para tomar decisões]".
Agora, o que eu puder evitar de despesas, vou evitar", afirmou.
AUTARQUIAS
Sobre o destino de órgãos da prefeitura como
Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte de Ribeirão Preto), Coderp
(Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) e Cohab-RP
(Companhia Habitacional da Região de Ribeirão Preto), o tucano repetiu:
"não vou extinguir nem privatizar".
O candidato afirmou que pretende dar às autarquias
"condições" para realizarem o trabalho para o qual foram criadas.
O tucano disse o mesmo sobre o Daerp (Departamento
de Água e Esgotos de Ribeirão Preto).
Para ele, o órgão responsável pelo abastecimento de
água da cidade precisa, na verdade, de "reestatização".
"O Daerp hoje é controlado por um partido, e
precisa de investimentos", afirmou.
O tema da privatização do departamento é recorrente
nas três últimas eleições na cidade.
O candidato citou problemas em bairros como o Jardim
Juliana e Dom Miele. O tratamento de esgoto já é cedido à iniciativa privada.
CDHU
Nogueira disse também que o ex-gerente da CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) Milton Vieira de Souza
Leite participa da sua campanha porque se arrependeu das declarações que
motivaram sua demissão do órgão.
Souza Leite deixou a gerência da CDHU em janeiro,
depois de atribuir a "moradores de favela" problemas em imóveis
populares entregues pelo governado Geraldo Alckmin (PSDB) em Ribeirão Preto.
"Primeiro, foi uma declaração infeliz e objeto
da substituição dele [Souza Leite] no cargo", afirmou o candidato.
O tucano disse ainda que, hoje, o ex-gerente
"cumpre o papel de mobilização na campanha".
"As pessoas erram, têm o direito de errar, mas
nós não podemos crucificar as pessoas sumariamente, principalmente quando elas
reconhecem o erro que cometem."
TRÂNSITO
Candidato do PSDB à Prefeitura de Ribeirão Preto
(313 km de São Paulo), Duarte Nogueira propõe a redução de canteiros centrais
em grandes avenidas para que o trânsito ganhe fluidez.
A cidade, que tem média de 1,5 habitante por veículo
(há mais de 400 mil veículos para uma população de cerca de 620 mil
habitantes), tem registrado congestionamentos especialmente em horários de
pico.
"[A prefeitura fez licitação do transporte
coletivo] e vem frota nova aí [de ônibus]. Se chegarem, não mudará em nada se
não houver reestruturação do sistema viário e uso de tecnologias modernas para
liberar as vias através de corredores comerciais e para estacionamento ",
disse.
Segundo ele, o encurtamento será feito em áreas já
concretadas, sem impacto em áreas verdes --seu candidato a vice, Gilberto
Abreu, é do PV.
Questionado se a avenida Nove de Julho, uma das mais
arborizadas da cidade, teria canteiros menores --o que obrigaria a retirada de
árvores--, Nogueira afirmou que ela não está no plano.
O candidato disse que, se eleito, Francisco
Junqueira, Independência e Via Norte são algumas das vias que terão mudanças.
MOTORISTA
Flagrado em reportagem da Folha no ano passado
usando funcionário público como motorista para seus filhos, o tucano disse que
"episódio está superado" e que não houve "prejuízo ao
erário".
Como líder da oposição na Câmara em Brasília no ano
passado, Nogueira assumiu um papel de cobrança em relação a ex-ministros do
governo Dilma na chamada "faxina" do governo federal contra os casos
de corrupção.
Na sabatina, a reportagem questionou se esse papel
como líder do PSDB não é incoerente em relação ao episódio de seu motorista em
Ribeirão Preto. O tucano afirmou que seu "erro" não se repetiu mais e
que isso também não irá acontecer novamente.
"Recebi uma representação de um dos candidatos
a prefeito hoje [Fernando Chiarelli, do PT do B] e o próprio Ministério Público
Federal, de pronto, já arquivou. Entendeu [a Procuradoria] que o assunto não
merecia ser levado em frente", disse.
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA "FOLHA
RIBEIRÃO"
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