terça-feira, 25 de setembro de 2012

Kátia Abreu diz não temer veto de Dilma ao Código Florestal.



A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) disse nesta terça-feira (25) não temer que a presidente Dilma Rousseff vete trechos da MP (medida provisória) do Código Florestal. O Senado deve votar nesta segunda-feira o texto aprovado pela Câmara.

"É um direito que ela tem [de vetar]. Posso até não estar plenamente satisfeita [com o texto] como produtora, mas como cidadã estou plenamente satisfeita", afirmou.

No último dia 18, a Câmara aprovou a MP alterando o texto original enviado pela presidente. Para a parlamentar, o debate foi democrático e venceu a ideia da maioria. "A aprovação por uma maioria expressiva de certa forma tranquiliza a sociedade", disse.

Governo quer mudar lei florestal sem Congresso

Com vitória ruralista, Câmara aprova MP do Código Florestal

Kátia Abreu afirmou ainda que o texto, que deve ser votado ainda nesta terça-feira no Senado, pode ser revisto no futuro, à medida que avancem pesquisas e estudos sobre o meio ambiente.

"Os dois lados querem tudo de uma só vez. É a primeira votação de uma lei ambiental e não será a última com certeza", disse. "Mas tivemos avanços tanto para a produção como para a preservação, porque temos segurança jurídica agora", disse ela a jornalistas após participar do Global Agribusiness Forum, em São Paulo.

O texto aprovado pela Câmara foi marcado pela vitória da bancada ruralista. No entanto, os parlamentares que defenderam as alterações não conseguiram uma sinalização por parte do governo de que os artigos mais polêmicos da MP irão sobreviver aos vetos da presidente.

A proposta ainda precisa ser votada no Senado antes de seguir para ser sancionada por Dilma Rousseff.

LACUNAS

A MP foi criada para preencher as lacunas no código ocorridas após os vetos feitos pela presidente ao novo Código Florestal, aprovado em abril deste ano no Congresso.

O texto aprovado pelo plenário da Câmara é o mesmo que passou pela Comissão Especial do Congresso no final de agosto. Na ocasião, os ruralistas conseguiram vencer os governistas e alterar a regra de recomposição da vegetação nas beiras de rio, reduzindo de forma geral o tamanho do reflorestamento.

No texto da MP enviado por Dilma, por exemplo, na parte que trata das propriedades com mais de 10 módulos fiscais, as bordas dos rios deveriam ter no mínimo 30 metros das margens recompostas com vegetação. Na proposta dos ruralistas, o tamanho mínimo para a recomposição para o mesmo tipo de propriedade e rio cai para 20 metros.

Essa regra também é conhecida como "escadinha" e segue uma lógica de que quanto maior o tamanho da propriedade, maior deve ser a área de reflorestamento na beira do rio.

Outra mudança inserida pelos ruralistas é a que abre a possibilidade de o replantio ser feito com árvores frutíferas, o que é questionado por ambientalistas em razão do uso de agrotóxicos para a manutenção dos frutos.


DE SÃO PAULO

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