Neste
ano, a CNBB teve a iniciativa de lançar uma campanha com o intuito de ajudar o
eleitor católico a usar de seu direito de cidadão com consciência e
responsabilidade, é a chamada
"Campanha 'Voto consciente' 2012".
Abaixo
segue uma saudação publicada pelo Secretário Geral da CNBB, Dom Frei Leonardo
Ulrich Steiner, OFM, sobre a Campanha:
Saudação
do Secretário Geral da CNBB
Os
brasileiros e brasileiras são chamados a protagonizar, nas eleições do próximo
dia 7 de outubro, um dos momentos mais importantes para a democracia do país
com a escolha dos prefeitos e vereadores de seus municípios. Com a novidade da
Lei da Ficha Limpa, vitória da mobilização popular, as próximas eleições
despertam a grande expectativa de que as urnas, ao receberem o voto consciente
e livre do eleitor, excluam candidatos cuja vida e prática não os credenciam
aos cargos pleiteados.
O
alerta aos eleitores sobre a importância de se votar em candidatos "Ficha
Limpa" é um dever de todos, especialmente das entidades e organizações que
têm responsabilidade com a construção de uma sociedade justa, solidária e
fraterna. Neste sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
cumprimenta o Tribunal Superior Eleitoral pela campanha "Voto Limpo",
já amplamente divulgada pelos meios de comunicação do país.
Somando-se
a esta campanha, a convite do próprio TSE, a CNBB também lança, neste ato
solene, a campanha "Voto Consciente - Eleições 2012". Com esta
iniciativa, a CNBB faz valer a tradição de sempre dar sua contribuição nas
campanhas eleitorais com orientações aos seus fieis e a todos os cidadãos,
firmadas na ética e na cidadania à luz do Evangelho.
Esta
participação da Igreja na vida política do país tem sua razão mais profunda na
consciência evangélica de sua missão (cf. Doc. 40, n. 203). O papa Bento XVI
lembra que "a Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a
batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem
deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem
na luta pela justiça" (Deus caritas est, 28).
Assistimos,
infelizmente, a um forte desencanto da população em relação à política.
Contribuem para isso, mais que as inúmeras denúncias de corrupção e desvio de
conduta, a impunidade e a complacência com os culpados. É oportuno, portanto,
recordar que "a recuperação da política passa pela moralização dos
políticos como verdadeiros 'homens de Estado' e não 'negociantes do poder',
enredados em jogadas pessoais. Isso exige romper os laços entre politica e
negócios privados", como já afirmara a CNBB em seu documento Ética: Pessoa
e Sociedade (p. 31). Estamos convencidos de que um dos caminhos para se
alcançar este propósito é uma reforma política ampla e consistente que estanque
os caminhos da corrupção e amplie os canais de participação popular nas
decisões do Estado.
A
campanha que lançamos neste momento quer contribuir exatamente para a
recuperação da política como a construção do bem comum, recolocando-a no
patamar do qual jamais deveria ter saído. Evidentemente a Lei da Ficha Limpa
sozinha não é suficiente para alcançar esta meta. A ela devem se somar outras
leis e iniciativas que façam desta meta uma obstinação de todos que prezam pela
ética e pela justiça no trato das coisas públicas.
A
Lei 9.840, que combate a compra de votos e o uso da máquina administrativa,
fruto também de iniciativa popular, merece toda nossa atenção. Há mais de dez
anos em vigor, ela é
responsável
pelo afastamento de inúmeros políticos cujos comportamentos feriram a ética. A
recente Lei de Acesso à Informação se revelou um eficaz instrumento também para
a transparência no financiamento das campanhas eleitorais. Inspirado nela, o
TSE tomou a inédita decisão de exigir dos candidatos a prestação de contas dos
recursos de campanha ainda durante o processo eleitoral, como já haviam feito
alguns juízes eleitorais em determinados estados do país.
São
iniciativas cidadãs dessa natureza que ajudarão a tornar as eleições limpas e a
recuperar a política que, do ponto de vista da ética, significa "o
conjunto de ações pelas quais os homens buscam uma forma de convivência entre
os indivíduos, grupos, nações que ofereça condições para a realização do bem
comum" (cf. Doc. 40, n. 184).
Ao
lançar a campanha "Voto Consciente - Eleições 2012" às vésperas do
Dia da Pátria e do Grito dos Excluídos, que, neste ano clama por um
"Estado a serviço da Nação e que garanta direitos a toda população!",
a CNBB espera contribuir para o fortalecimento da cidadania e da democracia no
Brasil.
A
campanha da CNBB tem a parceria do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da
Arquidiocese de Belo Horizonte, responsável pelos vídeos que faremos veicular, especialmente
nas TVs de inspiração católica. Com temas variados, os vídeos, intitulados
"Voto na cidade", ajudam o eleitor a tomar consciência da importância
de sua participação na vida política de seu município. Agradecemos ao NESP pela
pronta adesão à nossa Campanha.
Além
dos vídeos, foram produzidos spots para rádios, que deverão ser veiculados nas
rádios de inspiração católica, e um texto com indicações de cinco modos de agir
para que o voto consciente ajude a construir cidadania.
Solicitaremos
às dioceses e paróquias a ampla divulgação de todo este material que já está
disponível no site da CNBB e que, evidentemente, não se restringe ao uso das
instituições católicas.
Excelentíssima
Presidente Carmem Lúcia, agradeço ao TSE o honroso convite feito à CNBB para se
somar à sua campanha "Voto Limpo". Cumprimento e felicito as demais
instituições e entidades que, recebendo o mesmo convite, fazem eco a esta
iniciativa.
Rogo
a Deus abençoar-nos a todos a fim de que, com este nosso trabalho, tornemos
presente entre nós o Reino de Deus, que é justiça e fraternidade. Sobre todos e
todas imploro a bênção de Deus e a proteção de Nossa Senhora Aparecida, mãe de
todos os brasileiros e brasileiras.
Muito obrigado.
Brasília, 6 de setembro de 2012
Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/publicacoes/documentos-para-downloads/cat_view/450-campanha-qvoto-consciente-eleicoes-2012
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