Áreas de PDS no município de
Anapu, Oeste do Pará, tem sido alvo de extração ilegal de madeira
Madeira…
Operações deflagradas pelo
Ibama a partir de denúncias encaminhadas pelo Incra constataram que áreas de
Projeto de Desenvolvimento Florestal (PDS) no município de Anapu, oeste do
Pará, tem sido alvo de extração ilegal de madeira. As terras pertencem ao
Projeto de Desenvolvimento Sustentável Anapu III e IV (conhecido como PDS
Virola-Jatobá), um dos PDS defendidos pela missionária Dorothy Stang,
assassinada na área em 2005. Pelo menos 300 toras de árvores já haviam sido
derrubadas ilegalmente quando a fiscalização fez a apreensão.
As denúncias vinham ocorrendo
há cerca de um mês. A extração clandestina em alguns pontos da área de reserva
legal do Projeto fez com que o Incra encaminhasse as informações aos órgãos de
segurança e fiscalização ambiental desde 17 de agosto.
Em relatório obtido pelo
DIÁRIO, fiscais do Ibama informam que na manhã do dia 19 de setembro, uma
equipe do Posto Avançado do Incra em Anapu e uma equipe do Ibama deslocaram-se
para a área de reserva legal do PDS Anapu III e IV (conhecido como PDS
Virola-Jatobá), a fim de, em conjunto com assentados conhecedores da região
capacitados para atividades de Manejo Florestal, fazer o reconhecimento da área
a ser manejada ainda em 2012.
As denúncias logo se
confirmaram. “Pouco tempo após deixarmos a estrada principal do PDS, percebemos
que havia motosserras trabalhando nas proximidades. Evitando o contato direto,
seguimos pela mata mais alguns quilômetros, identificando a ocorrência de
diversos ilícitos ambientais e nos deparando com uma equipe que realizava o
corte e arraste de espécimes florestais dentro do perímetro do Projeto”, diz um
fiscal do Ibama que participou da operação. Ele conta que os trabalhadores
foram abordados e informaram terem sido contratados há pouco tempo por uma
empresa do município de Moju (PA) e enviados para Anapu. A maioria é de outros
municípios.
Outro grupo de trabalhadores
foi identificado nas proximidades, também realizando a exploração clandestina
de madeira. Além do crime ambiental, os fiscais do Ibama constataram que os
peões encontravam-se em condições precárias, vivendo sob uma lona, expostos às
mudanças do tempo, sem banheiro, retirando água de riacho que corre no local.
Foram identificados pátios de toras depositadas e diversas árvores cortadas
ainda não arrastadas. Segundo os trabalhadores, não havia ocorrido ainda o
transporte de madeira para fora do local. Além disso, verificou-se a existência
de acampamento, ramais e toras de anos anteriores, indicando que a área já
vinha sendo explorada de forma ilegal há bastante tempo. Um total de 300
árvores abatidas foi registrada pelo Ibama.
No local foram encontrados
três tratores de esteira com lâmina, modelo D-60, sendo que dois estavam
avariados; três motosserras; dois tratores skidder (próprios para o arraste de
troncos pela mata); duas carregadeiras e um caminhão Cargo. Uma vez constatada
a irregularidade, parte da equipe retornou a Anapu a fim de comunicar às
autoridades competentes crime ambiental, enquanto os assentados e dois
servidores permaneceram no local, a fim de evitar a retirada da madeira
estocada no pátio.
Próximo ao fim da tarde
chegaram ao local os “gerentes” das equipes, que foram comunicados da
irregularidade. Questionados se possuíam qualquer documento que autorizasse o
serviço realizado, responderam não ter conhecimento a respeito e que aguardavam
a chegada “dos patrões” para resolver a pendência. Foi solicitado aos gerentes
que realizassem o transporte dos trabalhadores para fora da área de reserva
legal do PDS e a imediata cessação das atividades. “Além disso, comunicamos que
não seria permitida a retirada do equipamento utilizado na extração ilegal de
madeira. Os “gerentes” deixaram o local levando alguns dos funcionários e
deixando outros no acampamento”, relata o fiscal do Ibama.
Às 23h, os servidores que
haviam retornado a Anapu foram novamente ao PDS, acompanhados por policiais
militares. Como os policiais informaram que só poderiam proteger a saída dos
servidores que permaneciam no local a equipe decidiu permanecer na mata junto
aos assentados e providenciar o deslocamento do maquinário e equipamentos para
a área de uso agrícola do PDS, para evitar a continuidade do desmatamento. Na
madrugada do dia 20 de setembro, o Ibama deslocou equipamento e maquinário para
o interior da área agrícola do PDS Anapu III e IV, onde está disponível para as
autoridades competentes. “Essas atividades tem sido percebidas por nós já há
algum tempo”, diz o padre José Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra de
Anapu. “Os madeireiros estão entrando por trás das reservas florestais, onde a
vigilância é mais deficiente”, alerta.
Fonte: Diário do Pará
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