terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ibama flagra roubo de madeira em Anapu.



Áreas de PDS no município de Anapu, Oeste do Pará, tem sido alvo de extração ilegal de madeira

Madeira…

Operações deflagradas pelo Ibama a partir de denúncias encaminhadas pelo Incra constataram que áreas de Projeto de Desenvolvimento Florestal (PDS) no município de Anapu, oeste do Pará, tem sido alvo de extração ilegal de madeira. As terras pertencem ao Projeto de Desenvolvimento Sustentável Anapu III e IV (conhecido como PDS Virola-Jatobá), um dos PDS defendidos pela missionária Dorothy Stang, assassinada na área em 2005. Pelo menos 300 toras de árvores já haviam sido derrubadas ilegalmente quando a fiscalização fez a apreensão.

As denúncias vinham ocorrendo há cerca de um mês. A extração clandestina em alguns pontos da área de reserva legal do Projeto fez com que o Incra encaminhasse as informações aos órgãos de segurança e fiscalização ambiental desde 17 de agosto.

Em relatório obtido pelo DIÁRIO, fiscais do Ibama informam que na manhã do dia 19 de setembro, uma equipe do Posto Avançado do Incra em Anapu e uma equipe do Ibama deslocaram-se para a área de reserva legal do PDS Anapu III e IV (conhecido como PDS Virola-Jatobá), a fim de, em conjunto com assentados conhecedores da região capacitados para atividades de Manejo Florestal, fazer o reconhecimento da área a ser manejada ainda em 2012.

As denúncias logo se confirmaram. “Pouco tempo após deixarmos a estrada principal do PDS, percebemos que havia motosserras trabalhando nas proximidades. Evitando o contato direto, seguimos pela mata mais alguns quilômetros, identificando a ocorrência de diversos ilícitos ambientais e nos deparando com uma equipe que realizava o corte e arraste de espécimes florestais dentro do perímetro do Projeto”, diz um fiscal do Ibama que participou da operação. Ele conta que os trabalhadores foram abordados e informaram terem sido contratados há pouco tempo por uma empresa do município de Moju (PA) e enviados para Anapu. A maioria é de outros municípios.

Outro grupo de trabalhadores foi identificado nas proximidades, também realizando a exploração clandestina de madeira. Além do crime ambiental, os fiscais do Ibama constataram que os peões encontravam-se em condições precárias, vivendo sob uma lona, expostos às mudanças do tempo, sem banheiro, retirando água de riacho que corre no local. Foram identificados pátios de toras depositadas e diversas árvores cortadas ainda não arrastadas. Segundo os trabalhadores, não havia ocorrido ainda o transporte de madeira para fora do local. Além disso, verificou-se a existência de acampamento, ramais e toras de anos anteriores, indicando que a área já vinha sendo explorada de forma ilegal há bastante tempo. Um total de 300 árvores abatidas foi registrada pelo Ibama.

No local foram encontrados três tratores de esteira com lâmina, modelo D-60, sendo que dois estavam avariados; três motosserras; dois tratores skidder (próprios para o arraste de troncos pela mata); duas carregadeiras e um caminhão Cargo. Uma vez constatada a irregularidade, parte da equipe retornou a Anapu a fim de comunicar às autoridades competentes crime ambiental, enquanto os assentados e dois servidores permaneceram no local, a fim de evitar a retirada da madeira estocada no pátio.

Próximo ao fim da tarde chegaram ao local os “gerentes” das equipes, que foram comunicados da irregularidade. Questionados se possuíam qualquer documento que autorizasse o serviço realizado, responderam não ter conhecimento a respeito e que aguardavam a chegada “dos patrões” para resolver a pendência. Foi solicitado aos gerentes que realizassem o transporte dos trabalhadores para fora da área de reserva legal do PDS e a imediata cessação das atividades. “Além disso, comunicamos que não seria permitida a retirada do equipamento utilizado na extração ilegal de madeira. Os “gerentes” deixaram o local levando alguns dos funcionários e deixando outros no acampamento”, relata o fiscal do Ibama.

Às 23h, os servidores que haviam retornado a Anapu foram novamente ao PDS, acompanhados por policiais militares. Como os policiais informaram que só poderiam proteger a saída dos servidores que permaneciam no local a equipe decidiu permanecer na mata junto aos assentados e providenciar o deslocamento do maquinário e equipamentos para a área de uso agrícola do PDS, para evitar a continuidade do desmatamento. Na madrugada do dia 20 de setembro, o Ibama deslocou equipamento e maquinário para o interior da área agrícola do PDS Anapu III e IV, onde está disponível para as autoridades competentes. “Essas atividades tem sido percebidas por nós já há algum tempo”, diz o padre José Amaro Lopes, da Comissão Pastoral da Terra de Anapu. “Os madeireiros estão entrando por trás das reservas florestais, onde a vigilância é mais deficiente”, alerta.


Fonte: Diário do Pará

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