Alguns
paraenses sabem apenas que hoje é feriado, ou até sabem identificar a data, mas
não entendem o significado histórico
A
ausência de reconhecimento pode ser constatada na inexistência de monumentos
históricos que fazem menção à adesão
Há
189 anos, o Grão-Pará aderia à Independência do Brasil. Mas poucos são aqueles
que lembram-se das aulas de história e da relevância da data, que marca a
aceitação da última província à independência. O que de fato sabe-se é que hoje
é feriado.
“É
não sei o quê do Pará”, disse o estudante Gabriel Pinto, 14, aluno da 8º série
do Ensino Fundamental. Outros até sabiam identificar a data, mas não entendiam
o significado histórico.
“Eu
faltei essa aula”, justificou em tom de brincadeira a técnica de enfermagem
Virgínia Moraes. “É uma data importante, mas que acabou caindo no
esquecimento”, lamenta a licenciada em história e mestre em educação Stela
Pojuci de Moraes.
Para
que a província Grão-Pará - ainda ligada à metrópole Portugal - aceitasse a
independência, Dom Pedro chegou a fazer acordos com comerciantes, garantindo
que manteria o direito a propriedades e garantiria a ordem.
Porém,
apenas a palavra do imperador não foi suficiente. “Como Dom Pedro não tinha
oficiais das Forças Armadas, contratou homens que lutavam por dinheiro, entre
eles o oficial inglês Grenfell, que chegou a Belém dizendo ter uma frota de
navios que iriam bombardear a cidade caso não aceitassem a independência”,
lembra Virgínia Moraes.
Em
outubro de 1823, liderados por Cônego Batista Campos, paraenses se manifestaram
contra a independência. Em resposta, mais de 50 pessoas foram presas e outras
250 foram mortas naquela que ficou conhecida como a “Tragédia do Brigue
Palhaço” – navio usado por Grenfell para cometer atrocidades. “A população não
reconheceu a independência por atribuir a ela essa violência”, acredita a
mestre em educação Moraes.
A
ausência de reconhecimento pode ser constatada na inexistência de monumentos
históricos que fazem menção à adesão. “Antigamente, a avenida Presidente Vargas
era chamada de avenida 15 de Agosto, mas, depois da morte de Vargas, as
principais avenidas do país passaram a homenagear o presidente”, afirma a
historiadora. “Lembro do tempo da escola, pois até hoje a gente vive os
reflexos desse movimento”, conta Bento Fonseca, 50, servidor público.
Por
Redação ANN e Diário do Pará em 15/08/2012
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