quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sem fiscalização no Pará, desmatamento dispara.


O Pará desmatou, somente nos quatro primeiros dias de agosto, 57,44 km² de Florestas, uma área equivalente a cerca de 5800 campos de futebol, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O alerta foi dado pelos primeiros indicativos deste mês computados pelo Deter, o sistema de detecção de desmatamento em tempo real que utiliza imagens de satélite para identificar a perda de vegetação no bioma Amazônia.

O aumento significativo nos desmates está relacionado à falta de fiscalização, afirma a Associação dos Servidores do Ibama no Pará (Asibama/PA). Em estado de greve desde 21 de junho, realizando apenas trabalhos internos e operação-padrão em portos e aeroportos, os fiscais do Ibama deixaram de ir a campo impedir a devastação das florestas no estado.

Das quatro operações planejadas pelo Ibama para ocorrer em julho, nenhuma foi executada, pela adesão ao estado de greve. Com isso, os desmatamentos indicados pelo Deter deixaram de ser constatados, multados e embargados.

Como resultado da ausência dos fiscais no front, ocorreu um crescimento de 245% no índice de desflorestamento em menos de 30 dias. Em junho de 2012, ainda com a presença dos agentes do Ibama fiscalizando, a taxa ficou em 37,95 km2 de devastação, contra um récorde de 92,98 km2 em julho, após a paralisação das operações.

"O desmatamento tem o efeito bola de neve. Se um vizinho desmata, ganha dinheiro, compra carro, coloca gado no pasto e nada acontece contra ele, outros vão deixar a floresta em pé para quê? Ele vai desmatar também. Sem o prejuízo a outras políticas necessárias para preservar as florestas, não se pode abrir mão dos fiscais em campo, apreendendo tratores, motosserras, multando e embargando as propriedades dos desmatadores", diz a presidente da Asibama/PA, a analista ambiental Cecília Cordeiro.

Caso consolidado, o crescimento do desmatamento no Pará, que vinha apresentando quedas sucessivas desde 2008, pode prejudicar o desempenho das metas brasileiras na Política Nacional sobre Mudança do Clima, onde o Plano de Ação para Proteção e Controle contra o Desmatamento na Amazônia brasileira - PPCDAM é um dos principais instrumentos.

No acumulado dos últimos quatro meses (de abril a julho), o Pará foi responsável pela devastação de 187,8 km2, quase um terço do total de toda a Amazônia, que foi de 650,3 km2.

Entre as principais reivindicações dos servidores do Ibama estão a valorização da carreira de Especialista de Meio Ambiente, melhores condições de trabalho, Reestruturação da Instituição, aumento dos investimentos em capacitação, logística e equipamentos. (com informações da Asibama/PA)

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