O Pará
desmatou, somente nos quatro primeiros dias de agosto, 57,44 km² de Florestas,
uma área equivalente a cerca de 5800 campos de futebol, segundo o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O alerta foi dado pelos primeiros
indicativos deste mês computados pelo Deter, o sistema de detecção de
desmatamento em tempo real que utiliza imagens de satélite para identificar a
perda de vegetação no bioma Amazônia.
O aumento
significativo nos desmates está relacionado à falta de fiscalização, afirma a Associação
dos Servidores do Ibama no Pará (Asibama/PA). Em estado de greve desde 21 de
junho, realizando apenas trabalhos internos e operação-padrão em portos e
aeroportos, os fiscais do Ibama deixaram de ir a campo impedir a devastação das
florestas no estado.
Das quatro
operações planejadas pelo Ibama para ocorrer em julho, nenhuma foi executada,
pela adesão ao estado de greve. Com isso, os desmatamentos indicados pelo Deter
deixaram de ser constatados, multados e embargados.
Como
resultado da ausência dos fiscais no front, ocorreu um crescimento de 245% no
índice de desflorestamento em menos de 30 dias. Em junho de 2012, ainda com a
presença dos agentes do Ibama fiscalizando, a taxa ficou em 37,95 km2 de
devastação, contra um récorde de 92,98 km2 em julho, após a paralisação das
operações.
"O
desmatamento tem o efeito bola de neve. Se um vizinho desmata, ganha dinheiro,
compra carro, coloca gado no pasto e nada acontece contra ele, outros vão
deixar a floresta em pé para quê? Ele vai desmatar também. Sem o prejuízo a
outras políticas necessárias para preservar as florestas, não se pode abrir mão
dos fiscais em campo, apreendendo tratores, motosserras, multando e embargando
as propriedades dos desmatadores", diz a presidente da Asibama/PA, a
analista ambiental Cecília Cordeiro.
Caso
consolidado, o crescimento do desmatamento no Pará, que vinha apresentando
quedas sucessivas desde 2008, pode prejudicar o desempenho das metas
brasileiras na Política Nacional sobre Mudança do Clima, onde o Plano de Ação
para Proteção e Controle contra o Desmatamento na Amazônia brasileira - PPCDAM
é um dos principais instrumentos.
No acumulado
dos últimos quatro meses (de abril a julho), o Pará foi responsável pela
devastação de 187,8 km2, quase um terço do total de toda a Amazônia, que foi de
650,3 km2.
Entre as
principais reivindicações dos servidores do Ibama estão a valorização da
carreira de Especialista de Meio Ambiente, melhores condições de trabalho,
Reestruturação da Instituição, aumento dos investimentos em capacitação,
logística e equipamentos. (com informações da Asibama/PA)
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