quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ibama vai enviar reforços para combater queimadas e incêndios florestais na região de Novo Progresso, no Pará.

Novo Progresso (28/08/2012) - Há quase dois meses uma névoa branca cobre a cidade de 

Novo Progresso, no oeste do Pará. Centro de uma região que concentra mais da metade dos desmatamentos deste ano no Pará, a população agora convive com a fumaça frequente das queimadas não controladas e dos desmates ilegais que usam o fogo para dar fim à floresta derrubada.

Contratados pelo Ibama, 15 jovens de Novo Progresso formam a brigada do Prevfogo local encarregada de impedir que o fogo saia das pastagens e dos desmatamentos irregulares para as florestas protegidas da região (a Floresta Nacional do Jamanxim e de Altamira; e as terras indígenas Baú, Kuru Ya e Menkragnoti).


Só este mês, a brigada do Prevfogo já controlou 11 incêndios, impedindo que o fogo chegasse ou se espalhasse nas matas. Foram 1,5 mil hectares de florestas e pastos queimados, mas o estrago teria sido muito maior sem a intervenção dos brigadistas. De janeiro a agosto de 2012, a região de Novo Progresso, que inclui parte do sul de Altamira e Itaituba, registrou mais de 1,7 mil focos de calor, mais de duas vezes o acumulado no mesmo período de 2011, quando houve 763 focos.


Nesta segunda-feira (27/08), o coordenador do Prevfogo no Oeste do Pará, Daniel Benlolo, solicitou reforços ao Ibama para apoiar a brigada de Novo Progresso. Nos próximos dias, deverão chegar à região mais sete brigadistas de Itaituba, sete de Altamira e 30 do Rio de Janeiro para impedir o avanço das queimadas.

"Estão ocorrendo danos graves ao meio ambiente, que também prejudicam diretamente a saúde da população da região. Vamos concluir as fiscalizações, autuar e embargar as propriedades que iniciaram estes incêndios", afirma o coordenador da operação Labareda, o analista ambiental do Ibama Paulo Maués, que lidera uma ação conjunta de fiscalização na região desde o dia 14 de agosto, da qual participam Secretaria de Meio Ambiente do Pará, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar do Pará e Força Nacional.

Sobrevivente: timborana de 50 metros

No sábado (25/08), a prefeita de Novo Progresso, Madalena Hoffmann, sobrevoou a cidade à convite do Ibama. Ao retornar, disse ter ficado surpresa com o que viu. "Vamos tentar motivar a sociedade para ajudar a modificar esta realidade", disse ela.


Novo Progresso ainda não possui Corpo de Bombeiros nem uma brigada própria para combater incêndios e auxiliar a população a lidar com as queimadas, ainda muito utilizada como técnica de manejo de pastagens de gado na região. Todos os anos, o município depende da chegada das brigadas do Prevfogo, contratadas pelo Ibama por cinco meses, de junho a novembro, para atuar no período crítico de estiagem.

Em 2011, o Prevfogo fez palestras e demonstrações aos produtores rurais de Novo Progresso, principalmente em áreas críticas e assentamentos, orientado-os como proteger os pastos do fogo. Uma das medidas eficazes contra os incêndios é fazer aceiros - uma espécie de valeta de terra nua aberta em volta dos pastos.

Nesta segunda-feira (27/8), no entanto, após percorrer 150 km na Vicinal Marajoara, em busca de um acesso para apagar mais um incêndio, a brigada do Prevfogo encontrou apenas uma única fazenda protegida com o aceiro. Os brigadistas de Novo Progresso, neste mesmo dia, se surpreenderam ao achar uma timborana de cerca de 50 metros de altura, numa área de exploração ilegal de madeira. “O triste é pensar que podemos voltar ano que vem e não encontrar mais ela aqui”, disse Edivan Alves da Silva, 27 anos, que com mais 11 brigadistas, tentou abraçar a árvore centenária.


Nelson Feitosa

Jornalista e Analista Ambiental

Assessor de Comunicação do Ibama no Pará

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