por Tiberio Alloggio
De tudo o que poderá vir a ocorrer no cenário brasileiro ao longo de 2010, pelo menos três grandes eventos terão um destaque todo especial. 1) A Copa do Mundo (junho-julho). 2) As Eleições Gerais (outubro) e 3) A Conferencia Mundial sobre Mudanças Climáticas (COP-16), em dezembro.
Do ponto de vista popular, o maior interesse estará voltado para o mundial de futebol na África do Sul. Mas independentemente da vitória ou derrota do Brasil, a Copa é um tipo de evento que se esvai rapidamente e a partir de agosto. O que interessará ao povo torcedor será a Copa de 2014.
Já em setembro, serão as eleições políticas gerais a ocupar a atenção principal dos brasileiros. Naquela altura, a candidatura ungida por Lula deverá estar com meio caminho andado.
Mas mesmo que a vencer as eleições seja outro, não haverá como (em 4 anos de mandato) introduzir substanciais inversões de rumos ao Brasil de Lula. As diferenças, caso aparecerem, estarão na casa dos detalhes.
A ascensão social do povo brasileiro deve continuar, ampliando ainda mais seu acesso ao mercado de consumo.
A universalização da educação e da saúde de qualidade (ainda que lentamente) continuará evoluindo positivamente, assim como o saneamento básico.
A inflação permanecerá controlada. E o Brasil se firmará como um grande supridor mundial de commodities, dependendo (cada vez mais) das importações de produtos industrializados, principalmente daqueles com maior conteúdo tecnológico.
O principal obstáculo para a melhoria dos serviços públicos continuará sendo (em nome da governabilidade) o loteamento dos cargos, enquanto o fenômeno da corrupção não deverá parar de vir à tona.
A menos de grandes surpresas, não pintará no Brasil um cenário de reformas estruturais. As que por ventura ocorrerem por aí serão pífias e em função da necessidade de acordos políticos… E o Brasil, sem grandes reformas, prosseguirá seu caminho em direção ao “primeiro mundo”.
O único evento que em 2010 poderá determinar mudanças significativas para o Brasil será a Conferência do Clima (COP 16) no final do ano, no México.
Independentemente das discussões entre cientistas sobre o conjunto de causas que provocam o aquecimento global, o fato marcante é que parcelas cada vez maiores da humanidade acreditam que para salvar o planeta é preciso reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
As lideranças mundiais chegaram a conclusão que não tem mais como excluir essa questão das agendas políticas. E um acordo sobre o clima, depende de um consenso entre os países ricos e os emergentes, principalmente a China.
Nesse tabuleiro, ao contrário do que se possa pensar, a questão principal não é a salvação do planeta, mas o seu custo, para cada um.
E ai que Lula entra.
Lula percebeu em Copenhague de ter se tornado a grande liderança mundial capaz de tirar os impasses do caminho de um acordo global. Agarrou a oportunidade, mas não teve tempo para concretizá-la em um acordo.
Mas os compromissos assumidos por Lula em Copenhague sinalizam ao mundo e à sociedade brasileira que a redução da emissão dos gases de efeito estufa têm que ser levada a sério. E não somente para ter acesso aos créditos de carbono e/ou ao REDD (mecanismo de compensação financeira para a Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação).
Trata-se de uma mudança cultural e de paradigma importante. Que pode transformar positivamente a conformação estrutural do Brasil nessa segunda década do século XXI.
Com isso Lula poderá convencer seus colegas emergentes a assumir compromissos e passar a negociar com os ricos em outro patamar.
Lula em Copenhague se firmou como o líder dos emergentes. Agora, na COP-16, se bem sucedido, Lula será mundialmente reconhecido como o “Salvador do Planeta”. E de quebra ganhará o Prêmio Nobel da Paz.
Se um cenário desses vier a se concretizar, um possível retorno de Lula em 2014 se tornará mais do que provável, estendendo o fenômeno lulista no tempo, e caso Dilma for eleita, poderá completar 20 anos consecutivos.
É sociólogo e reside em Santarém. Escreve regularmente neste blog.
Fonte:Jeso Carneiro em Artigos
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