quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PMDB antecipa eleição interna para fortalecer nome de Temer como vice de Dilma

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Na tentativa de fortalecer o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para disputar a vice-presidência da República na chapa da ministra Dilma Rousseff (Cassa Civil) ao Palácio do Planalto, a cúpula do PMDB decidiu nesta quarta-feira antecipar para o dia 6 de fevereiro a eleição do novo presidente da legenda. Temer, que está licenciado do cargo, vai disputar a reeleição para mostrar que, com o apoio dos colegas, tem força dentro do partido para se lançar à vice-presidência.

A reeleição de Temer para comandar o partido integra a estratégia dos peemedebistas de garantir a sua indicação na chapa de Dilma. Inicialmente, a eleição para a presidência do PMDB estava marcada para o dia 10 de março, mas acabou antecipada por decisão dos caciques do partido --que hoje se reuniram num jantar, em Brasília.

"Antecipamos em quase um mês a reunião para iniciar o ano eleitoral com o diretório do partido renovado. Queremos deixar claro para a população que o país está unido", disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN).

A expectativa é que Temer, depois de eleito presidente do PMDB, peça afastamento do cargo para se dedicar integralmente à campanha presidencial. A antecipação das eleições seria a maneira de acelerar a composição da chapa com Dilma, antes que o PT comece a flertar com outras legendas aliadas.

Alves reiterou que o nome de Temer, que já estava colocado como opção para a vice-presidência, continua sendo prioridade do PMDB. "Nada mudou", disse o líder.

Os peemedebistas temem, por exemplo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga convencer o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a integrar uma chapa com Dilma --o que tiraria o partido da aliança. O grupo ainda está preocupado com impasses regionais que poderiam inviabilizar a chapa, já que em muitos Estados não há possibilidade da coligação nacional se repetir em nível estadual.

Alves disse, porém, que os impasses estaduais não chegaram a ser discutidos no jantar da cúpula da legenda, realizado hoje. Mas ressaltou que as divergências têm que ser equacionadas rapidamente para evitar que ganhem força. "Quanto mais isso é protelado, mais é difícil de se resolver", afirmou.

A decisão de antecipar a escolha do presidente da legenda foi referendada por Temer, Sarney, Renan e o restante da cúpula do partido: o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (pré-candidato ao governo da Bahia), e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (filiado no ano passado), entre outros caciques.

O ministro Hélio Costa (Comunicações) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se ausentaram do jantar porque estão fora de Brasília.

Divisão

Atualmente, o PMDB é dividido em três grupos. A cúpula do partido, chefiada por Temer e pelos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL), defende a chapa com o PT. Outro grupo, que tem à frente o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), defende a aliança com o PSDB este ano. Por fim, há um grupo favorável à candidatura própria à presidência da República que lançou o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), como pré-candidato dentro do partido.

Em meio à divisão, a cúpula insiste que tem maioria para aprovar dentro da legenda a aliança com o PT. O núcleo peemedebista, porém, ficou irritado com o recado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a pedir para o partido indicar três nomes para que o PT escolhesse quem seria o vice da ministra. Diante do mal-estar, Lula recuou na proposta, enquanto os peemedebistas enfatizam que o nome oficial da legenda para a chama é o de Temer.

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