Pará - O governo federal não vai socorrer a Centrais
Elétricas do Pará (Celpa), distribuidora de energia que atende aos 144
municípios paraenses e que se encontra em processo de recuperação judicial. A
declaração foi dada pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), Nelson Hübner, que participou ontem de uma audiência pública realizada
no Senado Federal. De acordo com Hübner, a má situação financeira da Celpa, que
tem dívidas de aproximadamente R$ 3 bilhões, foi provocada por má gestão e
falta de investimento.
De acordo com a Justiça do Pará, a Celpa deve pelo menos R$
600 milhões à Eletrobras e aproximadamente R$ 1 bilhão a instituições
financeiras. O maior credor é o BNDES, com R$ 235,3 milhões. Outros R$ 141,5
milhões são fruto de dívidas com o Bradesco; R$ 123,9 milhões com o Banco da
Amazônia; R$ 87,1 milhões com o Itaú BBA; e R$ 76,1 milhões com o Banco do
Brasil.
Funcionários da Celpa paralisam pela segunda vez
Investidores representados pelo Bank of New York Mellon
também têm R$ 443,6 milhões a receber. Segundo o Sindicato dos Urbanitários do
Pará, a Celpa deve ainda R$ 135 milhões de ICMS ao Estado.
Há um mês, a empresa, controlada pelo grupo Rede Energia,
entrou com um pedido de recuperação judicial devido ao agravamento da sua
situação econômica. A Celpa tem que apresentar à Justiça, no próximo dia 5 de
maio, o plano de recuperação.
Durante a audiência desta quarta, o presidente do Conselho de
Administração da Celpa, Jorge Queiroz de Moraes Júnior, pediu ajuda dos
senadores para convencer a Eletrobras a assumir o controle da distribuidora ou,
pelo menos, aumentar sua participação e ajudar com novo investimento. Queiroz
disse temer que o plano de recuperação não seja aceito pelos credores caso a
estatal continue se recusando a investir.
Questionado sobre qual seria o caminho para a recuperação
judicial, Queiroz foi enfático: “Aceitamos qualquer solução. O que estamos
fazendo está dentro do possível para continuar trabalhando”, disse, ao afirmar
que a empresa aceita intervenção federal ou a chamada ‘solução de mercado’, com
aporte de capital de novos acionistas da iniciativa privada.
“Se a Eletrobras entrar com dinheiro, é muito mais provável
que os credores entendam o que está acontecendo e aprovem o plano de
recuperação que será apresentado. Peço que seja feito um esforço da Eletrobras
e que, se ela não quiser assumir a Celpa, que não assuma. Mas, ajude”, disse
Queiroz.
Ele informou ainda que vai voltar a apresentar à Eletrobras
uma nova proposta para que invista na Celpa, com aumento de capital bem menor
do que o previsto anteriormente. O presidente chegou a pedir ajuda dos senadores
que participaram da audiência para convencer a Eletrobras a assumir o controle
da Celpa ou, pelo menos, aceitar investir e aumentar sua participação na
distribuidora, que hoje é de 34%. A Eletrobras não mandou representante à
audiência.
Fonte: Diário do Pará
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