domingo, 3 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO – INVESTIMENTO E QUALIDADE


O Brasil está entre os 15 países que mais investem em educação, quando são contabilizados os gastos com os programas de bolsas e apoio a alunos. Quando se trata de qualidade da educação, porém, nós despencamos para o 53º lugar, de um total de 65 países analisados pela OCDE, que é a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O PIB nacional reserva 5,7% para o setor, podendo chegar a 10% de acordo com proposta que tramita no Congresso.

O maior problema brasileiro pode estar – se considerarmos a avaliação da Organização – na má gestão e na distribuição, e não propriamente no volume de investimentos. O governo federal precisa rever suas funções. Precisa estar mais perto dos municípios e da sociedade. É possível que haja investimentos maiores em determinadas regiões em detrimento de outras. A Amazônia, por exemplo, sofre uma carência demasiada de recursos para a educação, principalmente nos municípios mais distantes, nas localidades onde não há escolas, e aonde nem chegam professores.

Há uma tese sobre a federalização da educação básica sendo discutida. Não creio que isso seja factível num país continental como o nosso que não consegue resolver seus problemas atuais, que dirá com mais uma sobrecarga de assumir o ensino básico. Federalizar está na contramão da descentralização. Federalizar a educação básica pode distanciar ainda mais o município do Estado; o cidadão de seus governantes mais próximos. A tarefa do governo federal – como chefe, líder da federação – é ampliar sua ajuda aos municípios, fiscalizar corajosamente o emprego dos recursos, cobrar dos gestores a correta aplicação e analisar os resultados. Ou seja, perseguir a qualidade. É a qualidade do ensino e a preparação correta do aluno para o mundo que vai garantir um futuro melhor.

Eu insisto é na disseminação das escolas técnicas porque hoje o ensino médio não prepara o aluno nem para a universidade, nem para que ele possa se empregar, fazer uso do que aprendeu. As escolas técnicas dão ao aluno não só o certificado de conclusão de curso, mas uma profissão. Mesmo que ele não faça uma faculdade, pode ser inserido no mercado tão carente de profissionais técnicos. As escolas técnicas federais existem desde o início do século 20 e preservam sua reputação. O que está faltando ao Brasil de hoje é investimento nesses modelos voltados para as vocações socioeconômicas regionais, sem contar que essas escolas têm a possibilidade de abrigar campi das Universidades Federais, com graduações de nível superior ou mesmo especializações, como é o caso de Bragança onde já existe mestrado em Biologia Marinha.

JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 03 de Fevereiro de 2012.

Siga-me no Twitter: @jader_barbalho

Nenhum comentário:

Postar um comentário