O Brasil
está entre os 15 países que mais investem em educação, quando são
contabilizados os gastos com os programas de bolsas e apoio a alunos. Quando se
trata de qualidade da educação, porém, nós despencamos para o 53º lugar, de um
total de 65 países analisados pela OCDE, que é a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico. O PIB nacional reserva 5,7% para o setor, podendo
chegar a 10% de acordo com proposta que tramita no Congresso.
O maior
problema brasileiro pode estar – se considerarmos a avaliação da Organização –
na má gestão e na distribuição, e não propriamente no volume de investimentos.
O governo federal precisa rever suas funções. Precisa estar mais perto dos
municípios e da sociedade. É possível que haja investimentos maiores em
determinadas regiões em detrimento de outras. A Amazônia, por exemplo, sofre
uma carência demasiada de recursos para a educação, principalmente nos
municípios mais distantes, nas localidades onde não há escolas, e aonde nem
chegam professores.
Há uma tese
sobre a federalização da educação básica sendo discutida. Não creio que isso
seja factível num país continental como o nosso que não consegue resolver seus
problemas atuais, que dirá com mais uma sobrecarga de assumir o ensino básico.
Federalizar está na contramão da descentralização. Federalizar a educação
básica pode distanciar ainda mais o município do Estado; o cidadão de seus
governantes mais próximos. A tarefa do governo federal – como chefe, líder da
federação – é ampliar sua ajuda aos municípios, fiscalizar corajosamente o
emprego dos recursos, cobrar dos gestores a correta aplicação e analisar os
resultados. Ou seja, perseguir a qualidade. É a qualidade do ensino e a
preparação correta do aluno para o mundo que vai garantir um futuro melhor.
Eu insisto é
na disseminação das escolas técnicas porque hoje o ensino médio não prepara o
aluno nem para a universidade, nem para que ele possa se empregar, fazer uso do
que aprendeu. As escolas técnicas dão ao aluno não só o certificado de
conclusão de curso, mas uma profissão. Mesmo que ele não faça uma faculdade,
pode ser inserido no mercado tão carente de profissionais técnicos. As escolas
técnicas federais existem desde o início do século 20 e preservam sua
reputação. O que está faltando ao Brasil de hoje é investimento nesses modelos
voltados para as vocações socioeconômicas regionais, sem contar que essas
escolas têm a possibilidade de abrigar campi das Universidades Federais, com
graduações de nível superior ou mesmo especializações, como é o caso de
Bragança onde já existe mestrado em Biologia Marinha.
JADER
BARBALHO
*Texto
originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 03 de Fevereiro de
2012.
Siga-me no Twitter: @jader_barbalho
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