A
decisão do Papa Bento XVI de renunciar ao posto de sumo pontífice da Igreja
Católica Apostólica Romana anunciada nesta segunda-feira (11), apesar de ter
surpreendido os católicos do mundo todo, pode não ter sido tomada recentemente.
Ao menos é o que defende o diretor do jornal oficial do Vaticano, o
"L'Osservatore Romano", Giovanni Maria Vian. Em editorial escrito
hoje para a publicação, Vian afirma que a definição foi feita há cerca de um
ano, quando Bento XVI viajou para o México e Cuba.
"A
decisão do Pontífice foi tomada há muitos meses, depois da viagem ao México e
Cuba (entre 23 e 29 de março de 2012), e numa confidência que ninguém pôde
infringir, depois 'de ter repetidas vezes examinado' a própria consciência
'diante de Deus', por causa da idade avançada. Bento XVI explicou, com a
clareza que lhe é própria, que as suas forças 'já não são apropriadas para
exercer de modo adequado' a tarefa imane exigida a quem é eleito 'para governar
a barca de são Pedro e anunciar o Evangelho'", afirma Vian no editorial
intitulado "O futuro de Deus".
O
editorial diz ainda que a decisão de renunciar ao cargo é um acontecimento
"sem precedentes" na história e ressalta que o atual Papa - que
deixará o cargo no dia 28 de fevereiro - "não procurou de modo algum a
eleição ao pontificado". "Por isso, Bento XVI nunca se sentiu
sozinho, numa relação autêntica e diária com quem amorosamente governa a vida de
cada ser humano e na realidade da comunhão dos santos, apoiado pelo amor e pelo
trabalho dos colaboradores, e amparado pela oração e estima de muitíssimas
pessoas, crentes e não crentes. Nesta luz deve ser lida também a renúncia ao
pontificado, livre e sobretudo confiante na providência de Deus".
A
decisão papal de deixar o cargo também foi descrita como "humilde" e
de "lucidez". "Não se sentindo mais capaz de 'administrar bem' o
ministério que lhe foi confiado, (o Papa) anunciou a sua renúncia. Com uma
decisão humana e espiritualmente exemplar, na plena maturidade de um
pontificado que, desde o início e por quase oito anos, dia após dia, nunca
deixou de fazer admirar e deixará um vestígio profundo na história".
(Agência Estado)
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