Milton Leme diz ter ouvido de acusador de
deputado que dinheiro viria da campanha de Serra à Prefeitura
O empresário Milton Leme, ex-diretor de
Tecnologia da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), disse ao
Estado ter recebido uma oferta de R$ 500 mil para dar respaldo às denúncias do
analista de sistemas Roberto Grobman, que acusa o deputado Gabriel Chalita
(PMDB-SP) de ter recebido propina de empresas quando era secretário estadual de
Educação.
Segundo Leme, Grobman afirmou que a fonte do
dinheiro seria o deputado Walter Feldman (PSDB-SP), então um dos coordenadores
da campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo.
Feldman - um dos parlamentares envolvidos na
criação da Rede, novo partido de Marina Silva - afirmou que as declarações são
absurdas.
Reportagem publicada ontem pelo Estado
revelou que Grobman foi levado por um assessor político do comitê do candidato
tucano ao Ministério Público para formalizar as denúncias contra Gabriel
Chalita.
Leme disse ter recebido a oferta de dinheiro
durante a campanha eleitoral do ano passado. Em um primeiro momento, segundo
seu relato, Grobman o apresentou a Feldman durante um evento da campanha de
Serra. Dias depois, ainda de acordo com Leme, Grobman telefonou e perguntou se
R$ 500 mil seriam suficientes para compensar danos relacionados a um processo
de improbidade do qual era alvo - o ex-diretor da FDE era suspeito de antecipar
irregularmente pagamentos para uma empresa contratada pelo órgão. "Cortei
a ligação", disse Leme.
Defesa. Feldman divulgou nota em que
confirmou o encontro com Grobman e Leme, mas negou qualquer prática ilícita.
"Ao receber a grave denúncia formulada pelo s. Roberto Grobman, fizemos o
que cabe a qualquer agente público: encaminhar ao Ministério Público para
investigar e não transformá-la em matéria político eleitoral. Se a intenção
fosse criar escândalo, teria oportunidade de fazer isso no auge do período
eleitoral", afirmou o deputado.
"Para reforçar a extensão e seriedade do
problema e o envolvimento de outros atores, o sr. Roberto apresentou o sr. Milton
Leme em conversa expedita de cinco minutos, a qual não acrescentou nenhuma
informação adicional", acrescentou Feldman.
O ex-diretor da FDE deu entrevista ao Estado
no escritório de Alexandre de Moraes, advogado de Chalita e ex-secretário da
Justiça do governo Geraldo Alckmin. Leme veio a público depois que Grobman o
acusou de coletar dinheiro de empresas para pagar supostas propinas a Chalita.
O peemedebista nega ter recebido recursos de empresas. Luiz Carlos Quadrelli, e
x-secretário-adjunto da Educação e atual secretário estadual de Desenvolvimento
Econômico, também citado nas denúncias de Grobman. declarou que ele é "um
depoente sem a menor credibilidade". / COLABORARAM BRUNO BOGHOSSIAN,
FAUSTO MACEDO e JULIA DUAILIBI
Por DANIEL BRAMATTI, estadao.com.br
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