quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aumenta fiscalização de embarcações

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Exatamente há dois meses era confirmado o primeiro caso de Influenza A (H1N1) no Pará. De lá para cá, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) já notificou pelo menos uma centena de pessoas infectadas pelo vírus da gripe suína, que fez sua primeira vítima no México no mês de abril. A partir daí, o mundo luta contra o surto da doença, que já matou uma pessoa no Pará, 513 no Brasil e 1.799 em todo o mundo. A preocupação com o crescimento do número de casos parece aumentar na mesma proporção em que a doença avança. E com a aproximação do mês de outubro, quando Belém recebe milhares de pessoas de todo o mundo por conta do Círio de Nazaré, todo cuidado é pouco para se evitar a disseminação do vírus. A preocupação, contudo, pode ser amenizada, já que, segundo a Companhia Docas do Pará (CDP), nenhum caso suspeito da nova gripe desembarcou nos portos paraenses.

Uma das polêmicas sobre a chegada do H1N1 por vias portuárias se refere as 26 embarcações que saem da capital paraense, a cada mês, com destino ao Estado do Amazonas, que registrou até agora 52 casos da gripe suína confirmados e dois óbitos, de acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FGS) amazonense.

Segundo o diretor da FGS e presidente do Comitê Estadual de Controle e Prevenção de Influenza amazonense, Evandro Melo, as medidas de prevenção contra a proliferação do H1N1 no Amazonas não se restringem ao desembarque de paraenses no porto interestadual. 'Não estamos impedindo a chegada de ninguém ao Estado do Amazonas. Estamos seguindo o protocolo do Ministério da Saúde e, a partir disso, passamos a controlar as embarcações. Nos reunimos com os armadores (donos de embarcações) e passamos as orientações necessárias para controlar a disseminação do vírus', disse o diretor a O LIBERAL.

Evandro reiterou que todas as embarcações amazonenses receberam kits com máscara e álcool em gel, que devem ficar no interior dos barcos durante as viagens. 'A preocupação é evitar que pessoas possam desenvolver a doença ainda durante as viagens, que demoram cerca de sete dias, de Belém a Manaus'.

Durante as viagens, afirma Melo, pelo menos um profissional de saúde acompanham os passageiros. 'Um enfermeiro, um auxiliar ou até um médico. Pelo menos um desses profissionais devem estar presentes durante as viagens. E isso não ocorre só nas embarcações que saem ou vão até Belém. Mas de outras capitais da Amazônia. Essa determinação foi do próprio Ministério da Saúde', pontuou o diretor.

As embarcações receberam a determinação de em caso de qualquer passageiro que apresente qualquer sintoma da gripe suína ou, ainda, da Doença Respiratória Aguda Grave (Drag), isolem, imediatamente a pessoa sob suspeita de infecção. 'Os casos supeitos durante a viagem devem ser isolados, de preferência em um camarote, e acompanhadas de perto. Caso haja agravamento do quadro respiratório, a embarcação deve parar no porto mais próximo e notificar o caso, por rádio, às autoridades em saúde. Nos portos, o desembarque da pessoa doente deve ser imediato. Para isso, teremos ambulâncias a postos para atender', garantiu Evandro.

Ele fez questão de desfazer o que chama da 'mal entendido' em relação às notícias veiculadas na imprensa paraense de que o governo estaria orientando os amazonenses para que não venham a Belém no mês de outubro, durante o Círio de Nazaré. 'O Amazonas tem uma grande relação com o Pará. O fluxo de pessoas entre os dois Estados é muito grande. Gostaria de desfazer esse mal entendido e afirmar que não definimos nenhuma medida de prevenção contra a vinda de paraenses ao Amazonas', assinalou Evandro.

'Evandro Chagas' confirma mais quatro casos e doentes já são 107

O Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou, ontem, quatro novos casos de gripe suína no Pará. Dos 25 materiais testados pelos pesquisadores do IEC, 21 foram descartados e quatro confirmados laboratorialmente. Assim, chega a 107 o número de infectados pelo vírus H1N1 em todo o Estado.

Segundo Elisabeth Santos, diretora do IEC, a demanda no material coletado para as análises continua crescendo. Porém, para ela, a quantidade de casos está diminuindo no Pará. 'Já estamos na segunda metade de agosto e a diminuição no número de casos já demonstra que a disseminação do vírus pode ter se estabilizado', acredita.

No Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), 18 pacientes sob suspeita de infecção aguardam pelo resultado do exame laboratorial. Até ontem, cinco pessoas adultas estavam internadas no hospital com suspeita de gripe suína. Segundo a assessoria de imprensa do HUJBB, todos os pacientes apresentam quadro clínico estável e aguardam resultado de exame.

De abril até agora, o 'Barros Barreto' já atendeu ambulatorialmente 104 pacientes com suspeita de gripe A, dos quais nove tiveram resultado positivo para o vírus H1N1. No mesmo período, o hospital internou 62 pacientes com suspeita de infecção, dos quais 12 tiveram resultado positivo para o vírus.


SUSPEITA


Dois alunos da Universidade do Estado do Pará (Uepa) estariam sob suspeita de infecção pelo vírus H1N1. Um deles, do curso de Pedagogia, teria apresentado os sintomas da gripe suína na última segunda-feira e deixou funcionários e alunos da Uepa em estado de alerta. Ainda assim, a comunidade acadêmica reclama que a Reitoria não se manifestou sobre nenhum dos casos suspeitos e nem adotou qualquer medida de prevenção contra a disseminação do vírus no campus Djalma Dutra, em Belém.

'Soubemos desses dois casos. Muitos alunos estão apreensivos. Nossas famílias também estão preocupadas com o contégio e ninguém da universidade fala nada. Não temos máscaras, álcool, nada...', reclamou um dos alunos, que preferiu não se identificar.

Em nota, a assessoria de comunicação da Uepa informou que a coordenação do curso de Pedagogia da instituição não tem nenhum conhecimento de casos de alunos infectados pelo vírus H1N1. E como medida preventiva, a coordenação do curso vem orientando desde o início das aulas, alunos e professores que se enquadrem no grupo de risco (como pessoas gripadas e mulheres grávidas) sejam afastados das atividades acadêmicas e as faltas justificadas mediante apresentação de laudo médico.

A assessoria ressalta, ainda, que a Uepa está tomando medidas preventivas e de orientação à comunidade acadêmica (discentes, docentes e servidores) para lidar com a doença. Além das medidas preventivas e informativas, a instituição se colocou à disposição para atendimento e tratamento dos casos suspeitos no Centro Saúde Escola do Marco.

Aparecimento de novo vírus não paralisa ações de combate à dengue

A morte de um jovem de 18 anos no início desta semana, em Belém parece ter despertado a população do transe provocado pela enxurrada de notícias sobre a gripe suína. O rapaz, morador do bairro de Canudos, foi vítima da forma mais letal da dengue: a hemorrágica. A dengue é uma doença transmitida pela picada de um mosquito e que já atingiu pelo menos 3.314 e matou 76 pessoas no Pará durante os sete primeiros meses deste ano. Até a morte do estudante, a dengue andava sumida dos noticiários locais. Com as atenções voltadas para a nova gripe, o Aedes aegypt - mosquito transmissor da dengue - parece ter se sentido a vontade para atacar.

Contudo, as autoridades de saúde do Estado e município garantem que não deixaram a dengue de lado. O coordenador de endemias da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Amiraldo Pinheiro, garante que 'a Sespa continua acompanhando, coordenando e planejando junto aos municípios as ações de prevenção e combate à dengue. Esse é um trabalho realizado permanentemente', destacou. Segundo ele, o número de casos notificados e confirmados em todo o Pará, tem diminuído a cada ano.

Em 2008 foram notificados 26.425 casos de dengue. Apenas 12.319 foram confirmados e destes 134 evoluíram para a dengue hemorrágica. Esse ano, até o dia 8 de agosto, foram notificados 9.332 casos e confirmados 3.314. Houve confirmação de dengue hemorrágica em 76 pessoas. 'Até o final do ano os números não devem aumentar muito. Isso porque já passamos o período crítico da doença, que engloba os meses de janeiro a maio', explica Amiraldo Pinheiro.

Apesar do fim do período chuvoso - quando há maior incidência de casos de dengue - e da proliferação do vírus H1N1, não houve interrupção do trabalho de combate à doença. Quem garante é a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde do município (Devs), Carlene Castro. 'A preocupação com a nova gripe não afetou o trabalho voltado para a dengue. A Sesma (Secretaria Municipal de Saúde) possui uma equipe que trabalha exclusivamente com a dengue. Isso não mudou com a chegada do novo vírus', afirma.

Atualmente o Devs possui 750 agentes de controle à dengue. Eles trabalham fazendo visitas domiciliares, identificando os focos de larva e mosquitos e os destruindo. De acordo com os últimos números levantados pela Sesma, em Belém o trabalho tem surtido o efeito esperado. O número de casos confirmados durante o primeiro trimestre deste ano é 40,55% inferior ao número de casos registrados no mesmo período ano passado. De janeiro a março de 2008 foram confirmados 550 casos da doença. Este ano o número caiu para 327 no primeiro trimestre.

'A população pode ter uma falsa impressão de que nada está sendo feito para combater a dengue porque pouco se fala na doença, mas não há motivo para preocupação. As ações da secetaria no combate à doença não são pontuais. Elas ocorrem de janeiro a janeiro e se intensificam sempre que há necessidade', garante Carlene Castro. Quanto ao caso do estudante que morreu no último domingo, a diretora do Devs disse que a secretaria se reunirá hoje para estudar os prontuários médicos do rapaz. Segundo ela, é possível que o jovem não tenha morrido de dengue, ao contrário do que consta em seu atestado de óbito.

'Não queremos minimizar a gravidade da doença, a dengue quando evolui para a hemorrágica pode matar sim. Mas isso não significa que alguém que tenha contraído a doença faleça em virtude dela. Em alguns casos o atestado de óbito aponta a causa da morte como dengue, mas pode ser que o médico tenha sido induzido pelo resultado da sorologia da doença. Esses dados vão compor a estatística de todo o Brasil. Por isso cada caso tem que ser analisado com cuidado. Enquanto a Sesma não analisar o que houve com o estudante não podemos nos manifestar a respeito de sua morte', encerrou.

Fonte: O Liberal

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