Desde que os países emergentes largaram na frente na recuperação econômica, em julho passado, a distância entre o desempenho deles e do mundo desenvolvido só aumentou.
Enquanto Índia, China e Brasil ensaiam subir juros para encarecer o crédito e desmontam políticas de estímulo adotadas no auge da Grande Recessão, os países avançados patinam.
Longe de estarem fora de perigo, veem a situação de suas contas públicas deteriorada e os bancos ainda enfrentando perdas enormes, o que torna a recuperação duvidosa.
Pois é a partir do crédito fornecido pelo sistema financeiro que esses países cresciam até o estouro da crise. E ela eclodiu exatamente pelo excesso de empréstimos arriscados que esses mesmos bancos ofereciam às empresas e consumidores.
Não é exagero imaginar que EUA e algumas grandes economias europeias, como Espanha e Reino Unido, reproduzam nesta década os anos 90 perdidos pelo Japão.
Os três quadros abaixo falam por si.
Mostram: o volume de perdas dos bancos e o esforço deles para levantar capital e cobri-las; o tamanho dos rombos orçamentários em algumas economias desenvolvidas; e, como contraponto, a valorização acentuada dos preços das ações nas Bolsas de Valores dos países emergentes.
Arte/Folha Online
A Bolsa brasileira figura entre as que mais se valorizaram, e a economia se recupera rapidamente.Enquanto Índia, China e Brasil ensaiam subir juros para encarecer o crédito e desmontam políticas de estímulo adotadas no auge da Grande Recessão, os países avançados patinam.
Longe de estarem fora de perigo, veem a situação de suas contas públicas deteriorada e os bancos ainda enfrentando perdas enormes, o que torna a recuperação duvidosa.
Pois é a partir do crédito fornecido pelo sistema financeiro que esses países cresciam até o estouro da crise. E ela eclodiu exatamente pelo excesso de empréstimos arriscados que esses mesmos bancos ofereciam às empresas e consumidores.
Não é exagero imaginar que EUA e algumas grandes economias europeias, como Espanha e Reino Unido, reproduzam nesta década os anos 90 perdidos pelo Japão.
Os três quadros abaixo falam por si.
Mostram: o volume de perdas dos bancos e o esforço deles para levantar capital e cobri-las; o tamanho dos rombos orçamentários em algumas economias desenvolvidas; e, como contraponto, a valorização acentuada dos preços das ações nas Bolsas de Valores dos países emergentes.
Arte/Folha Online
Em ano eleitoral, isso é boa notícia para o governo Lula. Mas trata-se também de uma oportunidade para enxergarmos os grandes problemas e gargalos que o Brasil deve enfrentar. Não deixa de ser também uma chance para a oposição.
Não por acaso, o pré-candidato tucano José Serra deu a entender na semana passada que uma de suas prioridades na campanha será a questão do emprego.
Parece um contrassenso, quando no primeiro bimestre de 2010 foram criados quase 391 mil empregos formais, sendo 209 mil só em fevereiro, recorde absoluto para o mês. Nesse ritmo, o nível de desemprego no país cairia em alguns meses a um patamar inacreditável há poucos anos.
O problema, porém, é que em vez de muito mais empregos, o que o crescimento brasileiro tende a gerar é inflação. Por dois motivos, principalmente:
1) a crescente massa salarial desses novos empregados buscará uma quantidade de produtos e serviços que não aumenta na mesma velocidade por carência de investimentos produtivos;
2) há cada vez mais escassez de mão de obra treinada, o que obriga as empresas a competir por um estoque limitado de trabalhadores. O efeito disso é um aumento dos salários dos que são disputados no mercado.
Os dois gargalos se auto alimentam. Pois não adianta à Ford, por exemplo, montar uma nova fábrica se não tiver pessoas treinadas para trabalhar nelas. E os que receberem aumento vão avançar cada vez mais sobre um estoque limitado de produtos.
Serra falou sobre o emprego ao lançar a nova fase de um programa de treinamento de mão de obra em São Paulo. A um custo de R$ 140 milhões, pretende oferecer 60 mil vagas de treinamento.
O programa foi criado a partir de um diagnóstico chocante no Estado mais rico do país: metade dos trabalhadores com idade entre 30 e 59 anos não tem sequer o ensino fundamental completo. Daí que boa parte do treinamento inclui aulas de português, matemática, etc.
São imensos os méritos da política macroeconômica adotada por Lula durante esses quase oito anos de mandato. Os problemas acima são quase "bons problemas", já que gerados por uma economia em expansão.
Mas é chegada a hora de o Brasil entrar na fase 2.0, como fez no passado a Coreia e como faz hoje a China. Afinal, a estabilização são favas já contadas. O desafio agora é mudar de patamar.
Com os países desenvolvidos estagnados, deve sobrar dinheiro e financiamento de investidores internacionais atrás de bons retornos em países promissores. E o Brasil pode melhorar sua posição.
Aparentemente, Serra vai por aí. Procurando explorar em sua campanha o potencial que vem sendo desperdiçado ou mal administrado.
Sobre Dilma, ainda não sabemos direito a que vem. A não ser que representará eleitoralmente e em palanques a figura de um presidente popular. E que terá deixado o país quase pronto para uma nova fase.
Fonte: Folha oline
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