Golpe foi realizado em
cinco estados e no DF. Deram lucro de R$ 20 milhões.
Apontada
como chefe da quadrilha formada por pastores, Andréia chega algemada à
delegacia
Sete
pastores evangélicos foram indiciados pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul
acusados de vender carros, barcos e até aviões “fantasmas” para fiéis. A ação
para desarticular a quadrilha foi batizada de “Deus tá vendo”. A mulher
apontada como chefe do bando foi presa esta semana. O golpe acontecia desde 2010
em templos de pelo menos cinco estados – além do Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul – e no Distrito
Federal. Segundo a polícia, o lucro da quadrilha nesse período foi de R$ 20
milhões.
O bando
aproximava-se do “rebanho” geralmente depois dos cultos e mostrava a eles uma
lista com carros de luxo e outros veículos com valores 60% abaixo dos de
mercado.
- Eles se
aproveitavam do laço de confiança entre pastor e fiel. Aproximavam-se das
vítimas com uma lista de veículos que diziam terem sido apreendidos pela
Receita Federal e que esta queria esvaziar seu pátio. Por isso os preços tão em
conta – disse o delegado do 2º DP (Bento Gonçalves), Álvaro Becker, responsável
pelas investigações.
O
interessado tinha que fazer o depósito imediatamente e a entrega do veículo era
prometida para 30 dias depois. Isso não acontecia e, ao serem pressionados, os
pastores pediam mais tempo.
- A situação
ficava se arrastando. Eles usavam todo o tipo de desculpa, desde o carnaval até
a invasão do Morro do Alemão, para tentar explicar a demora na entrega. Até
que, em novembro do ano passado, um pessoal de Veranópolis (município no
nordeste do Rio Grande do Sul) procurou a polícia – contou Becker.
Os pastores foram
sendo presos ao longo da investigação. A última prisão ocorreu nesta
quarta-feira. Apontada como chefe do bando, Andréia Rosângela Marques Pinto, de
49 anos, apresentou-se no 2º DP. Moradora do Rio de Janeiro, ela negou todas as
acusações, segundo o delegado:
- Ela diz
que, na verdade, é mais uma vítima disso tudo. Eu diria que ela é uma artista.
Mas não nos convenceu. Temos provas de seu envolvimento com o golpe.
Brasília tem
maior número de vítimas
De acordo
com as investigações, o maior número de vítimas da quadrilha foi em Brasília.
Lá, teriam sido vendidos 255 veículos – além dos carros, a lista de ofertas
oferecia aviões e barcos. No Rio Grande do Sul, teriam sido 40 veículos
vendidos.
De acordo
com Becker, o golpe foi arquitetado num templo no bairro da Amendoeira, em São
Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. De lá, eles foram montando a rede de
pastores. O dinheiro dos fiéis para pagar os veículos “fantasmas” era sacado
das contas por um homem no Rio. A polícia já sabe quem ele é, mas ainda não
reuniu provas suficientes para indiciá-lo.
- Acho que
será muito difícil reaver esse dinheiro – disse o delegado Álvaro Becker.
De acordo
com ele, responsáveis pela igreja evangélica a qual os pastores eram ligados
serão chamados para prestar depoimento:
- Mas desde
já posso dizer que acredito que eles não sabiam do golpe.
Fonte: Extra on line