850 m³ de
madeira foram apreendidos no rio Curuatinga
O Ibama apreendeu no final de semana passado duas balsas
carregadas com cerca de 850 m3 de madeira em tora (o equivalente a 45 caminhões
carregados) no rio Curuatinga, no Oeste do Pará. Segundo informações da
assessoria de imprensa do Ibama, as embarcações, cujo destino era uma grande
madeireira de Belém, foram interceptadas de helicóptero antes da carga receber
documentos fraudados que permitiriam que a madeira chegasse ao mercado como se
fosse legal. Além de perder as balsas, os responsáveis pelo transporte
irregular foram multados em R$ 255 mil.
“O produto florestal receberia guias fraudadas, vindas de um
plano de manejo que integra o esquema ilegal de ‘esquentamento’ de madeira na
região, tão logo alcançasse o rio Amazonas”, explica o analista ambiental
Vinicius Costa, que coordenou a ação. Segundo ele, as toras foram extraídas sem
autorização, das florestas às margens do Curuatinga, onde não existem planos de
manejo em execução que produzam madeira legal.
Hugo Américo: "IBAMA será rigoroso"
Segundo o diretor do Ibama em Santarém, Hugo Américo
Schaedler, mais operações com esse objetivo serão deflagradas. Na operação mais
recente, os agentes federais do Ibama flagraram as balsas a 60 km do rio
Amazonas, quando fiscalizavam seus afluentes, na região do rio Curuá-una. Um
dos objetivos era verificar a movimentação de balsas suspeitas e os portos de
estocagem de madeira clandestina nas margens dos rios.
Com o apoio de integrantes da Policia Militar, as embarcações
apreendidas foram escoltadas até Santarém. Toda a madeira será doada à Defesa
Civil, após a conclusão dos processos junto ao Ibama, e serão utilizadas em
projetos que beneficiem as vítimas das enchentes na região.
Combate à corrupção: Em recente entrevista à nossa
reportagem, o gerente do Ibama, Hugo Américo Schaedler, disse que o madeireiro
ilegal está cada vez mais se superando, tentando por todos os meios fraudar até
mesmo o sistema de fiscalização feito pelos fiscais do Ibama, por métodos
eletrônicos, mas combate continuará. Hugo Américo destacou a Operação Malha Verde, realizada
nos meses de março até meados de abril deste ano, como um dos choques mais
fortes, feitos até então por fiscais do Ibama, em cima dos madeireiros ilegais
e criminosos ambientais.
O resultado desta operação foi mais que positiva,
porque várias empresas foram investigadas, haja vista que declaravam
movimentação bastante alta nos sistemas oficiais, Dorf e Sisflora, que
movimenta guias florestais: “Fizemos auditoria nos sistemas e verificamos que
várias empresas que apresentavam movimentação alta só existiam no papel.
Chegávamos no local para constatar e a empresa era um casebre ou algo que não
existia, apenas virtualmente”, conta o gerente do Ibama. O pior, é que a
madeira declarada só existia virtualmente, pois outras eram derrubadas, a
documentação “aquecia” a transação ilegal. No entender de Hugo Américo, se for
feito um combate a esse esquema, será mais difícil para o madeireiro ilegal
“esquentar” o documento e ludibriar a fiscalização. “Se ele não tem como guiar
ilegalmente essa carga que está sendo transportada, será mais difícil a
derrubada dessa madeira”, explicou o gerente do Ibama.
Esquema ilegal: O maior combate imposto aos fraudadores,
feito pelos fiscais do Ibama, tem sido a aplicação da lei. “Inserir informação
falsa em sistemas oficiais é crime”, disse Hugo Américo, explicando que: “A
multa vai de R$ 1.500 reais até um milhão de reais, além de enquadramento por
formação de quadrilha e tem também a questão fiscal”. Hugo Américo explica que
“crime ambiental não é apenas desmatamento, a evasão de divisas, o que o Estado
perde de arrecadação, com nota fiscal, com impostos é muito grande. E quem paga
essa conta é o cidadão”, cita Hugo Américo. A carga tributária aumenta muito
para o cidadão.
Funcionários corruptos: Vários servidores públicos, inclusive
do Ibama, já foram demitidos, por corrupção e associação com esquemas ilegais.
Recentemente, no Ibama de Roraima, oito servidores foram presos, e também
servidores do Iterpa e do órgão ambiental local, junto com empresários ilegais,
participantes do “esquema” corrupto. “No total foram 40 pessoas presas,
inclusive o chefe da fiscalização”, lembra Hugo Américo. E se por ventura esse
“esquema” acontecer em Santarém? “Com certeza nós vamos cortar na carne, apurar
para poder demitir”, sentenciou Hugo Américo.
Por: Carlos Cruz
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