Data:6/8/2009 - Hora:20:13
Sul do Pará vai ter boom de empregos
Investimentos do porte da siderúrgica que a Vale construirá em Marabá, orçada em US$ 3,3 bilhões, geram em torno de cinco vezes mais empregos durante a implantação do que na operação. As pessoas atraídas, em seguida, são aproveitadas na cadeia de fornecimento (formada para apoiar a operação e manutenção) e as demais retornam para o lugar de onde migraram. No caso da Aços Laminados do Pará (Alpa), a situação será diferente: a siderúrgica será uma âncora de um pólo metalmecânico no sul e sudeste do Pará, com a geração de empregos permanentes e a atração de empresas que atuarão não apenas como fornecedoras, mas como fabricantes a partir da cadeia do minério de ferro e do aço. Tema da quinta reportagem em torno dos investimentos recordes que aportam em Marabá e adjacências até 2014.
Só a siderúrgica vai gerar, na fase de implantação, 18 mil empregos diretos, a partir de 2010, e três mil na operação, a partir de 2013. Na operação, cada emprego direto gera em torno de 4 indiretos. Esta quantidade crescerá de forma significativa de acordo com a quantidade de empresas que se instalarão na região de forma definitiva.
De acordo com o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), mantido por grandes empresas ligadas à Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) e pelo governo do Estado, entre 2009 e 2012 serão gerados no Pará em torno de 86 mil empregos. Desses, estima-se que a região de Carajás ficará com cerca de 50 mil postos de trabalho. O pico dessa demanda será o próximo ano, quando não apenas se inicia a construção das obras físicas da siderúrgica, mas de outros empreendimentos na região, a maioria em torno da mineração.
"Cada ano de escolaridade representa um ganho de 10% produtividade do trabalhador", avalia o engenheiro mecânico Evandro Diniz, consultor técnico do PDF. "Por isso há um esforço conjunto de empresas, governo do Estado e PDF não apenas para formar e capacitar mão-de-obra, mas de criar a cultura de um processo contínuo de aperfeiçoamento e escolaridade."
Gilberto Leite, presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, informa que também o Senai e o Sesi receberam verbas suplementares (total de R$ 13 milhões) para ajudar na qualificação de mão-de-obra, além de estar prevista a implantação de um Cefet no município. "Várias empresas já procuraram a associação prospectando a instalação, em torno dos investimentos na região e, sobretudo, por causa da construção da siderúrgica", diz Gilberto Leite.
Estudo do PDF coordenado por Evandro Diniz estima que, em 2012, estará assim distribuído o nível de escolaridade pela demanda de empregos gerada: nível fundamental, 20%; médio, 50%; técnico, 18%; e superior, 12%.
Além da qualificação de trabalhadores, o PDF investe na formação, qualificação e melhoria das práticas empresariais, como forma de habilitar as empresas a fornecer para as gigantes que operam na região (só a Vale comprará no Pará, em 2009, mais de R$ 2 bilhões). Neste segundo semestre, o PDF fará três cursos em Marabá, visando a essa habilitação, "forma de valorizar as empresas paraenses, tornando-as mais competitivas, mais aptas a concorrer no fornecimento com empresas de outros Estados e até de outros países, gerando aqui emprego e renda", diz o coordenador geral do PDF, David Leal.
Para David Leal, o aço motivará a constituição de empresas paraenses e atrairá empreendimentos de outros Estados, "já que, por questões de logística, será mais barato fabricar aqui para atender ao mercado regional, e também para o Norte Nordeste. Um exemplo é a Sinobrás, que produz em Marabá o próprio aço e exporta para todo o país."
Iam Corrêa, vice-presidente da Sinobrás, um investimento de R$ 350 milhões que gera mais de 900 empregos, "uma das vantagens da instalação da siderúrgica é que um empreendimento desse porte sempre atrai infra-estrutura, que beneficiará a todos".
Para o consultor técnico Evandro Diniz, a atração de empresas será tanto maior porque a construção das eclusas, viabilizando a hidrovia, abre diretamente as indústrias da zona franca de Manaus como mercado direto, já que tanto a matéria-prima como os produtos terão custos de logística reduzidos, com o transporte pela água.
Evandro Diniz também informa que é crescente, no Pará a cultura de terceirizar serviços por grandes empresas, de onde surgirão também muitas oportunidades empresariais e de trabalho.
Fonte: O Liberal
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