quarta-feira, 14 de abril de 2010

As conveniências de Jader Barbalho


Tenho, de há muito tempo, apreço pelo deputado Jader Barbalho. Ele nunca me fez favores pessoais e nem gozo de sua intimidade. Meu relacionamento com ele, embora esporádico, é estritamente profissional.

Faço essa introdução para que não venham impingir-me o rótulo de jaderista ou anti-jaderista a partir da análise a seguir.

A roda da política paraense está parada porque o deputado Jader Barbalho travou sua trajetória sob o próprio eixo, deixando imobilizados os demais atores. Todos esperam por uma definição do presidente regional do PMDB para fechar as coligações de outubro.

As táticas políticas de Jader são velhas conhecidas dos políticos paraenses, mas estes ainda não ousaram desmontá-las, preferindo virar seus reféns.

O PMDB adotou a tática de dividir o eleitorado para beneficiar os aliados de ocasião de Jader.

Em Santarém, em 2005, o PMDB lançou Antônio Rocha para facilitar a eleição de Maria do Carmo. No ano seguinte, a tática foi adotada a nível estadual para que Jader se vingasse de Almir Gabriel, e levasse a eleição para o segundo turno, quando Ana Júlia se tornou a primeira mulher a governar o Pará.

Mais uma vez, à falta de um estrategista competente no governo e no PSDB, Jader ensaia os mesmos passos, corteja e se deixa cortejar por quase todos os partidos, e todos, ao que parece, batem palmas para ele.

Por isso, não consigo entender o porquê do PT e da governadora Ana Júlia terem deixado Jader se apropriar politicamente de grande parcela do governo, descartar feudos na hora que quer, hostilizar os luas-prestas da DS[tendência interna de Ana Júlia] e travar as votações na Assembléia Legislativa.

É certo que os petistas parecem que acordaram tarde demais, quando Jader já se apresenta como candidato a cargo majoritário e vivam a situação humilhante de ter que, admitir, até, a hipótese da desistência de Paulo Rocha à candidatura ao Senado, para agradar ao (ex)aliado.

Agora, o PT paraense caiu na real e sabe que não vai contar com o PMDB no primeiro turno, a menos que o presidente Lula opere um milagre. E soa atrasado, que as reações às manobras de Jader venham se dando através de notas em jornais e na internet, quando estas deveriam ser operadas politicamente, há muito tempo.

Se o PT pensa enfraquecer Jader através de um debate público, cujos primeiros torpedos partiram do ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, o partido está em franca desvantagem por seu próprio erro estratégico de deixar que o presidente do PMDB tenha em mãos a trava da roda da política paraense e se dê o luxo de guardar para si o step, embora este esteja furado.

Enquanto os petistas sonham acordado, reúnem-se inúmeras vezes, em Belém e em Brasília, será que não aparece nenhuma liderança capaz de iniciar um papo-cabeça com a seguinte pergunta:

Jader Barbalho é isso tudo mesmo que apregoa ou é só perfumaria?
Miguel Oliveira Editor de O Estadodo Tapajós
Postado por O Estado do Tapajos On

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