quarta-feira, 14 de abril de 2010

Serra diz que, se eleito, Bolsa Família vai ser mantido

Orlandeli

José Serra concedeu nesta terça (14) uma entrevista à Rádio Jornal, de Pernambuco.

Numa das primeiras perguntas foi inquirido sobre suas intenções em relação a um dos pilares da plataforma da rival Dilma Rousseff:

Vai acabar com o Bolsa Família? E Serra, em timbre peremptório: “Não só vai ser mantido como nós vamos procurar maneiras de fortalecer”.

Disse que é preciso “abrir oportunidades de trabalho para os jovens das famílias que recebem Bolsa Família”.

Repisou uma estatística que repete à exaustão: “No Brasil, na média, 20% dos jovens estão desocupados, não conseguem emprego...”

“...Acho que essa é uma coisa que precisa ser enfrentada”. Pretende “dar muita força para o ensino técnico profissionalizante”.

Como que decidido a tese de que não vai interromper programas exitosos da gestão Lula, Serra recordou sua passagem pela prefeitura de São Paulo:

“Quando eu fui eleito prefeito de São Paulo, tinha aqui, criado pela prefeita do PT, a Marta Suplicy, o bilhete único...”

“...Você pegava um ônibus, descia pegava outro, descia pegava outro... Isso demorava até duas horas, pagando uma passagem só...”

“...O que eu fiz chegando na prefeitura? Eu mantive e estendi o bilhete único para o metrô. Ou seja, o bilhete único ficou mais forte...”

“...[...] Com o Bolsa Família vou fazer a mesma coisa. Nada do que a prefeitura tinha feito e eu achava que era o que era aproveitável eu acabei...”

“...Até porque não se faz isso por picuinha política, você deixar de lado uma coisa que funciona. Você procura melhorar essa coisa. Isso eu fiz a vida inteira”.

“... [...] Chega num governo, você vê como as coisas estão andando. O que está andando bem o que pode ser melhorado você melhora e bola coisas novas...”

“...Uma coisa nova que eu quero fazer é o ensino técnico profissionalizante pra muita gente”.

Lula ‘Nunca Antes’ da Silva decerto não consideraria a idéia de Serra como “coisa nova”. Ele se jacta de ser o presidente que mais abriu escolas técnicas na história.

Serra disse que pretende governar com “um olhar positivo”. Repetiu o bordão que Lula diz ser uma variação do slogam de Obama:

“Por isso é que eu disse que o Brasil pode mais. Eu acho que avançou bastante. Agora, pode avançar mais. E nos vamos trabalhar pra isso”.

Perguntou-se também a Serra se o senador Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, será mesmo candidato ao governo de Pernambuco, oferecendo-lhe o palanque.

O candidato foi lacônico. Disse ter agendado uma conversa com Jarbas para a semana que vem. Mas não soou como alguém que tenha pressa.

“A partir de agora, vamos ter seis meses pela frente. Não conversei pessoalmente com o Jarbas. Fiquei de falar com ele na semana que vem...”

“...Aí vamos ver que decisão ele toma, que encaminhamento que ele vai dar. Eu vou aceitar o que ele decidir”.

Nesse tom, arrisca-se a ficar sem palanque em Pernambuco. Jarbas já não anda lá muito animado com a empreitada. Se Serra não faz questão...

Tem vergonha de Fernando Henrique? “De forma nenhuma”, respondeu Serra. Aproveitou a pergunta para lustrar um pedaço de sua biografia.

Disse que, como ministro da Saúde de FHC, realizou “um trabalho importante”.

Discorreu sobre os programas da pasta: dos genéricos ao programa saúde da família. Disse que o ex-chefe o apoiou em tudo.

“Inclusive no enfrentamento das multinacionais, por causa das patentes de medicamentos...”

“...Nós acabamos fazendo a melhor campanha contra Aids do mundo, premiada, reconhecida internacionalmente...”

“...Sempre com a cobertura do Fernando Henrique. Como é que eu poderia rejeitá-lo? De forma nenhuma”.

Outra pergunta, feita de forma direta: Ainda há possibilidade de Aécio Neves ser seu vice? Ao responder, Serra deu a entender que a questão não está encerrada.

Afirmou que Aécio optou por disputar uma cadeira no Senado. E acrescentou: Agora, a decisão sobre o que fazer vai ser dele. E eu vou respeitar também...”

“...Quando você vai junto na mesma luta é importante que cada um defina aquilo que ele acha melhor fazer. E eu respeito...”

Serra parece ver uma porta aberta onde Aécio não vê senão fechadura. O entrevistador pediu a Serra que faça contato quando for a Pernambuco.

O candidato comprometeu-se a visitar a emissora. Solícito, declarou: “Se quiser falar mais nos próximos dias, eu estou disponível”.

Nada como uma campanha para suavizar uma personalidade arredia!

- Serviço: pressionando aqui, você chega ao áudio da entrevista de Serra.

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Escrito por Josias de Souza

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