segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Lula diverge do PT e quer Dilma no governo até abril

Alan Marques/Folha

Subiu no telhado o plano que a direção nacional do PT traçara para Dilma Rousseff.

O partido programara para fevereiro a despedida de Dilma da Casa Civil de Lula.

O presidente discorda da tática. Prefere que a ministra fique no governo até abril.

Pela lei, ministros-candidatos só precisam deixar os seus cargos em 3 de abril.

E Lula acha que a antecipação idealizada pelo petismo não faz sentido. Por quê?

Acha que convém a Dilma desfrutar ao máximo da atual condição de ‘gerente de obras’.

Lula quer levar sua ministra às obras do PAC até o último dia que o calendário permitir.

O presidente dá de ombros para as críticas da oposição, convertidas em ação no TSE. PSDB, DEM e PPS pedem que a Justiça Eleitoral imponha limites ao vaivém de Dilma.

A oposição acusa o governo de converter as visitas às obras em comícios eleitorais. Neste domingo (25), ecoando Lula, Dilma ironizou a pregação de ‘demos’ e tucanos.

A ministra-candidata participou, em São Paulo, de encontro com movimentos sociais. Provocada por repórteres disse que a tentativa de inibi-la não passa de “preconceito”.

”É preconceito contra a mulher”, exagerou, comparando-se às donas de casa. “Eu posso ir para a cozinha...”

Posso “...cozinhar os projetos por quatro anos. Agora, na hora de servir, não posso nem ver?”

Nas últimas semanas, a agenda da candidata Dilma vem prevalecendo sobre os compromissos da ministra Dilma.

Nesta segunda, a exemplo do que fizera há sete dias, Dilma abre a semana no território do rival tucano José Serra.

Ela fará campanha em São Bernardo do Campo, cidade governada pelo petista Luiz Marinho.

Participa de uma pajelança internacional promovida pela prefeitura. Um fórum que terá a participação 15 representantes de embaixadas e consulados estrangeiros.

Dilma falará uma sobre a estratégia do governo para o pré-sal e as obras de infra-estrutura do PAC. Notícia levada à web pela prefeitura menciona a palestra sem mencionar o nome da palestrante.

Na quarta (28), Dilma é aguardada no Rio Grande do Sul. Deve encontrar-se com prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do PT gaúcho.

Coisa organizada pelo prefeito petista de São Leopoldo (RS), Ary Vanazzi. Na engrenagem da campanha de 2010, os municípios são tratados pelo PT como peças estratégicas.

Na semana que vem, de volta a São Paulo, Dilma participará de novo encontro com prefeitos e vice-prefeitos petistas.

Será em Guarulhos. Vai começar na sexta (6) e só termina no sábado (7). Para esse dia, prevê-se um almoço da “companheira Dilma”.

Estima-se que acorrerão a Guarulhos 560 prefeitos e 423 vice-prefeitos petistas de todo o país.

A programação não deixa dúvidas quanto à natureza do encontro. Vão a debate a conjuntura política, a gestão Lula e a sucessão de 2010.

Enquanto isso, no quintal vizinho, o tucanato desperdiça o seu tempo no debate interno que opõe José Serra e Aécio Neves.

O DEM cobra pressa na definição. Serra tenta jogar a decisão para março de 2010. Aécio fala em janeiro.

Enquanto administra o contencioso, Sérgio Guerra, presidente do PSDB, tenta pôr de pé uma agenda de viagens para os dois candidatos.

Escrito por Josias de Souza às 04h59

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